"Só que eu não sou todo mundo..."

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Pitt Connor

— [...] Aquele vacilão, imbecil, ele me p...

Eu resmungava enquanto saía do banheiro masculino, quando de repente avisto ela... de novo. A mesma caminhava apressadamente pelo corredor em direção a saída. Corri até ela e comecei a gritar por seu nome.

— Hey, Hazel. Hazel, espera. Hazel!

Ela olhou pra trás e passou a correr, virando um corredor. "Ah, espertinha, só porque eu ainda não conheço a escola". Me escondi próximo ao portão de saída e a esperei pensar que estava tudo 'limpo'.

— Oi, fugindo de novo?

Sorri de lado, a pegando pelo braço quando a mesma pretendia sair.

— Oi, me observando de novo?

Soltou-se bruscamente e voltou a andar, agora em direção contrária.

— Calma aí, aonde é que você vai?

A segui.

— Pra casa.

Respondeu rápida e seca.

— Por que?

Quis saber.

— Porque eu quero.

Sempre que passávamos por algum corredor, ela olhava para os lados, vendo se não tinha ninguém.

— Mas não pode.

— A escola é quem não pode me prender aqui.

— Levou advertência também?

Perguntei interessado.

— Isso não é da sua conta. Aliás, também não era da sua conta àquilo que aconteceu dentro da sala de aula. Eu só quero saber porquê se intrometeu. Aquela porcaria de poema valia 6 pontos, 6!!!

Dizia ela como se fosse a pior coisa do mundo.

— Ah, você recupera.

— É muito fácil falar né!? Agora que você está no time, automaticamente ganha nota de graça. Só precisa comparecer a sala de aula pro professor anotar sua presença e tudo isso sem nem precisar pôr a mão em uma caneta. Já eu fiquei a noite toda pelejando para que uma palavra rimasse com outra e pra quê? Pra vim um sem noção e não me deixar levar nada.

Esbravejou, gesticulando.

— Oh não, peraí. Agora a culpa é minha? Eu estava te ajudando, pow! Você deveria é me agradecer.

Franzi a testa, não acreditando no que estava ouvindo.

— Ah claro, muito obrigado por tornar a minha vida mais um motivo de piada. Que apelido será que eles vão me dar agora? Hmmm, deixa eu ver, a protetora do pequeno Connor?

Disse em um tom irônico. Esse pequeno já tá me irritando...

— Fala sério garota, qual é o seu problema? Aquele babaca estava zombando da sua cara debaixo do seu nariz! Você queria que eu fizesse o quê? Que assistisse àquilo de braços cruzados sem tomar uma atitude?

— É!

Disse como se fosse o óbvio, parando de andar e do nada virando-se de frente pra mim, o que me fez pausar o passo também.

— É o que todo mundo faz.

— Só que eu não sou todo mundo.

Olhei fundo em seus olhos e ela olhou nos meus. Logo em seguida voltou a seguir em frente.

— Pra onde vamos agora?

A questionei, também voltando a andar.

— Pra biblioteca. E pra lá que os alunos vão quando recebem esse recadinho aqui.

Balançou o papelzinho no ar.

********

Estava copiando a terceira linha, da primeira das dez folhas do livro de português enquanto os meus fones estavam no ouvido, (não saindo som nenhum) tentando, sem resultados, não olhar para a garota a minha frente, me culpando por aquele silêncio todo estar presente.

— Ainda tá brava comigo?

Disse, me repreendendo mentalmente por àquilo logo em seguida, quando a vi subir o olhar por cima dos enormes cílios.

— Você não prefere usar o termo "de mal"?

Sorriu, debochada.

— Isso é um não?

Ela não respondeu, apenas bufou e guardou suas coisas, colocando sua mochila nas costas e se levantando.

— Ah, Hazel, calma aí.

Tirei os fones, a vendo parar de andar e virar-se para mim.

— Me desculpa tá? Sei que não deveria ter me metido nos seus problemas.

Ela suspirou, parecendo exausta.

— Não deveria mesmo.

Cruzou os braços e virou o rosto para o lado.

— Tudo bem entre a gente?

Me levantei e fui até ela, parando a sua frente e estendendo a mão.

— Só se você prometer nunca mais se intrometer nos meus assuntos.

Voltou a olhar pra mim, aliviando os braços.

— Eu prometo.

Ela sorriu, sem mostrar os dentes, apertando minha mão.

— Ótimo. Então, o que você acha de me ajudar a terminar de copiar essas páginas antes do sinal bater? Eu dito e você copia.

Propôs. Ela revirou os olhos, sorrindo no final.

Eu dito e você copia.

Tirou a mochila das costas, voltando a sentar-se, agora do meu lado. Ajeitei o caderno, peguei a caneta e ela o livro, começando da linha aonde eu parei.

— Como quiser.

Peguei de volta um dos meus foninhos e botei uma música pra tocar, sorrindo ao ver ela pegando o outro e posicionando o mesmo no ouvido.

A Menina Dos Pulsos Vermelhos (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora