Do que tá falando?

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Pitt Connor

No dia seguinte, cheguei à escola e fui direto para o meu armário. Eu estava distraído e muito, muito pensativo. Tinha algo em mente e não sabia se daria certo ou se era o correto a se fazer. O sinal havia batido no mesmo instante em que vi Hazel deixar seu armário. Botei um sorriso meio amarelo no rosto e fui até ela.

— Bom Dia.

— Ah, resolveu voltar a falar comigo?

Prosseguiu, me fazendo ficar em silêncio.

— Ahn, tá indo pra sala?

A alcancei.

— Estou e você tá me atrapalhando.

— Espera só um minuto.

Parei a sua frente e segurei em suas mãos.

— Eu lamento.

— Eu que acabei de te dar uma patada e você é quem lamenta?

— Não, não por isso. Me desculpa pelo outro dia quando...

— Olha, esquece tá? Passado é passado. Desculpa eu por não ter te avisado que ser meu amigo é a pior coisa que você poderia fazer.

Eu dei uma risadinha.

— Tenho que concordar. Você é muito complicada e cabeça dura.

Meu sorriso foi desaparecendo aos poucos e ambos começamos a nos encarar. Sem pensar duas vezes, fui e a beijei nos lábios. Durou uns 17 segundos no máximo antes dela se soltar das minhas mãos e espalmar o meu peito, me afastando.

— Por que fez isso?

— F-foi um impulso. Desculpa.

Tenho que admitir, eu gostei de fazer àquilo.

— Por impulso? Como assim?

Ela parecia nervosa, além de estar surpresa.

— Eu só... queria saber... se... se você beijava bem.

— Você se desculpa por uma burrada, vai e faz outra? Seu sem noção!

Saiu de perto de mim.

— Nunca mais faça isso, ouviu?

Me deu as costas e foi embora.

É, parece que o meu plano não deu muito certo... Como eu disse, enigmática.

*****

Hazel Jonatham

— (...) E tragam o livro amanhã.

A professora Levviston comunicou para os poucos que ainda estavam na sala. Boa parte já se encontrava lá fora depois que ouviram o sinal tocar.

Havia acabado a segunda aula e eu estava guardando as minhas coisas dentro da mochila. Pus a mesma nas costas e sai, indo até o meu armário. Inseri a combinação e o abri. Nessa hora, Lindsay e suas amigas passam e ficam rindo de mim por trás.

— E eu que achava que você não era de nada.

Revirei os olhos, ignorando. Peguei algumas coisas e guardei outras. Quando estava para fechar a porta, Kimmy, uma garota que senta na minha frente na aula de artes, se aproximou.

— Oi.

— Ahn... Oi.

Achei estranho porque a conheço faz dois anos e ela nunca veio falar comigo... Até aquele momento.

— Então, eu só vim aqui perguntar se você e o Pitt ainda estão realmente juntos.

— Como é que é?

Franzi as sobrancelhas.

— Sei que é um assunto delicado, até porque todo mundo já teve um ex e vocês acabaram de romper, mas é que eu acho ele muito gatinho e tô pensando em chama-lo pra sair. Gostaria de saber de está tudo bem pra você.

— Do que tá falando?

— De você e do Pitt, claro! Todo mundo viu quando ele te beijou hoje mais cedo no corredor mas você logo deu um... "chega pra lá" nele.

— Isso não pode estar acontecendo...

Passei as mãos pelos cabelos. Eu sabia que era só questão de tempo até surgirem boatos de mal gosto sobre a gente.

— Peraí, vocês... não romperam?

— Não!

— Ai meu Deus, me desculpa. E-eu... Eu pensei que...

— Eu e o Pitt nunca...

— Terminaram. Tudo bem, eu já entendi e peço mil desculpas mesmo. Só por favor, não me chame de fura olho nem...

— Mas que droga tá acontecendo aqui. Eu não estou sabendo de nada!

— Sei como se sente... É um saco quando sua vida íntima tá na boca do povo. Então mais uma vez foi mal aí. Tchauzinho.

Se despediu, indo embora. Bati a porta do meu armário com força, indo a procura de Connor. Achei-o sentado no gramado, lendo um livro escolar, com as costas encostadas em uma árvore. O reconheci pela bolsa. Fui batendo os pés até ele.

— Qual é a sua, hein?

Parei a sua frente, com as mãos na cintura.

— Hazel? Oi. Tá... tudo bem?

Fechou o livro e passou a prestar atenção em mim.

— Não, não tá tudo bem. Você acabou com a minha vida!

Disse com lágrimas nos olhos, sendo um pouco dramática, devo acrescentar.

— Não entendi.

Se levantou.

— O beijo que você me deu. A escola inteira já tá sabendo.

Eu tentava ser discreta, manter a calma, mas eu estava com tanta raiva que o meu tom de voz só sabia aumentar.

— Nossa, e eu acabei com a sua vida só porque disso?

— Eu não gosto de você e você não gosta de mim. Mal conversamos... Você não pode ter me beijado só pra... ver se eu "beijo bem".

— Foi só um beijo! Esquece isso que logo o pessoal vai esquecer também.

— Você bolou esse planinho, não foi? Sabia que eu era zoada por tudo o que eu faço e tentou fazer de uma forma das pessoas verem que elas estavam erradas, pensando que eu não era ninguém. "Nossa, olha lá, a nerd esquisitona tá ficando com o filho do Treinador."

— Da onde tirou isso?

Deu uma risadinha nervosa.

— Eu não sou burra, Connor! Você não me conhece, mas eu te conheço. Sempre querendo ajudar o próximo, né? Foi mal mas... eu não pedi sua ajuda.

Sai de seu campo de visão.

— Haz, espera. Por favor

Me segurou pelo braço.

— Se afasta de mim!

Soltei-me bruscamente de sua mão, continuando a andar.

A Menina Dos Pulsos Vermelhos (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora