"Ela não é ninguém..."

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Pitt Connor

— Haz? Haz?

Comecei a andar, gritando por seu nome.

— Hazel?

De repente avisto Lindsay conversando e rindo com Angelis. Franzi o cenho.

— Lindsay?

Achei que tinha falado alto demais pois ela olhou para mim, acenou com a mão e veio vindo na minha direção.

— Oi Pitt, tudo bem?

Me abraçou e deu dois beijinhos na bochecha.

— Ahn, tudo. Você viu a Hazel? Q-quero dizer, esquece.

Nem sei porque fiz àquilo sabendo sobre a rixa das duas. Acho que foi um impulso involuntário que agiu só pelo simples fato delas estudarem na mesma escola e se conhecerem.

— Ah, a Hazel? Ela foi embora.

Sorriu sínica. Acho que tinha perguntado pra pessoa certa.

— Embora? Como assim embora? Por que? Digo... V-você sabe o porquê?

— Sério Pitt? Hazel Jonatham? Em um mundo onde eu existo, você achou melhor escolher logo àquela estranha? Por favor, né!?

Eu já tinha entendido tudo...

— O que você fez?

— Disse umas verdades pra ela, só isso.

Deu de ombros.

— O que tem contra ela? O que todo mundo tem contra ela?

— Eu nem sempre fui assim: popular e bonita. Tinha espinhas e o meu cabelo era um horror! Mas eu tinha um namorado. E ela o pegou de mim. Eu sofri demais. Até hoje sofro quando olho pra ela. Então prometi a mim mesma que destruiria tudo àquilo que me pudesse destruir. Estou cumprindo isso até hoje e com muita maestria.

Sorriu maléfica. Pela versão da Lindsay, eu entendi que o tal do Link namorava ela, a traiu com a Hazel e depois voltou pra Lindsay de novo. Cretino, filho da mãe!

— Pra que lado ela foi?

— O que você viu nela, hein? Não passa de um peixinho fora d'água, não vejo nenhum atrativo nela. Muito bobinha, da pena só de olhar.

— Eu. Perguntei. Pra que lado. Ela foi.

Disse pausadamente, começando a ficar nervoso. Aquele lugar era tóxico, cheio de pessoas cruéis e hipócritas.

— Não precisa mais ir atrás daquela aberração. Eu estou aqui agora.

Se aproximou de mim, alisando o meu peito. Continuei imóvel.

— Lindsay, abre o bico!

Rolou os lhos, apontando o dedo para o lado e dizendo um "por ali".

Sai correndo na direção indicada, já deduzindo para onde ela poderia ter ido.

*****

Cheguei a casa de Jonatham e percebi que a janela estava fechada. Tentei novamente o truque das pedrinhas. Entretanto, quando vi que não deu certo, comecei a escalar.

— Ai meu Deus!

Disse assustado, não acreditando no que os meus olhos estavam vendo. Hazel apanhava da mãe. Ela estava quase nua encima da cama e Mirela com um cinto em mãos, batendo nela com convicção.

— MIRELA PARA, POR FAVOR, ESTÁ DOENDO!

Hazel gritava de dor, jorrando lágrimas.

— Se gritar de novo, te dou uma dessas na sua língua, sua desgraçada! Você quis sair escondida, achando que eu não iria descobrir, é?

Ela deu mais uma cintada na coxa de Hazel, quando eu empurrei as janelas e entrei no quarto. Me joguei encima dela, a levando ao chão. Ela deixou o cinto cair debaixo da cama e eu segurei firmemente em seus pulsos.

Hazel se levantou rapidamente e pegou suas roupas, as segurando firme.

— Moleque idiota! Não se intrometa, seu imbecil.

Me levantei e fui para perto de Hazel.

— Vem, vamos. Corre!

Ajudei-a pular da janela enquanto Mirela se levantada. Ela parecia bastante nervosa. Na descida, eu quase quebrei o tornozelo. Minha sorte foi o fato de ter arbustos e não ser muito alto.

Lá embaixo comecei a ajudar Hazel a se vestir. De dentro da casa dava para ouvir os passos furiosos de Mirela, indicando que ela descia as escadas. Assim que terminamos, perguntei a Jonatham se ela estava pronta. A mesma balançou a cabeça em um sim e nós dois começamos a correr. Olhei para trás e avistei Mirela na porta, gritando coisas como "eu ainda pego vocês". "Vocês me pagam, seus desgraçados!" A essa altura do campeonato, todos os vizinhos olhavam aquela cena, perplexos. É, acho que a máscara de boa vizinha acabou de cair.

A Menina Dos Pulsos Vermelhos (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora