"Como foi lá?"

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Pitt Connor

— E então, como foi lá?

Perguntei assim que minha mãe entrou na cozinha. Eu havia acabado de chegar da escola e estava preparando um sanduíche.

— Meu Deus, eu perguntava as coisas pra ela e ela ia só falando, falando e falando e eu não acreditando no que ouvia. Ela mora numa casa onde a mãe abusa do bom coração dela e o pai abusava sexualmente. A garota aos 9 anos pensava em morrer antes de dormir e aos 13 começou a se cortar. Ainda pensa no irmão morto, sofre nas mãos das meninas da escola e não se envolve muito em relacionamentos porque tem trauma do último. Acha que todos os caras são como o tal do Link.

— É, parece que ela já sofreu demais.

— Ela sofre demais.

— Vou lá falar com ela. Talvez eu descubra o que aconteceu.

Deixei de lado o que estava fazendo e fui até o quarto.

— Haz...

Abri a porta e entrei.

— Oi Pitt.

— Eu queria... me desculpar com você depois do que eu disse. Foi um tanto desnecessário.

Me sentei na cadeira.

— Tudo bem, eu já tô acostumada.

— Eai, tá pronta pra me contar o que houve?

— Era a tal festa da Lindsay e ela... resolveu dar uma passadinha lá em casa com uns amigos. Eles começaram a tacar as coisas, e minha mãe achou que eram meus amigos. Então ela foi me chutando até fora de casa.

— Isso não pode ser verdade. Ela é sua mãe! Por que deixa todo mundo te tratar assim?

Comecei a aumentar o tom de voz.

— Eu só... os ignoro e torço para que larguem do meu pé, até o problema sumir.

— NÃO! Você vem fazendo isso há tempos. Se não está funcionando, faz alguma coisa, toma uma outra atitude, muda o jogo.

— Não posso fazer nada porque se eu fizer, só irá irritá-los, o que fará eles continuarem.

— Mas se você também não fiz algo, eles nunca temerão a sua ira. Mas relaxa, agora eu to aqui pra te ajudar.

— Você disse que não iria intrometer-se mais. Se eu não aprender a me defender sozinha...

— Mas você não sabe se defender sozinha!

— Não é problema seu. Entenda, eu ainda não tô pronta para... enfrentar quem precisa, é só isso.

— E quando vai estar?

— Por que, hein? Por que você tinha que descobrir esse meu lado? Era muito mais fácil quando a gente só andava junto e conversava.

— Por quanto tempo mais achou que conseguiria esconder isso?

— Eu só não queria que você descobrisse assim, de repente e nem me visse... nesse estado.

— Olha, dorme um pouco, tá bom?

Eu estava muito irado! Ela tinha personalidade forte e podia muito bem vencer seus medos e obstáculos, porém era muito medrosa e acanhada.

— Amanhã eu volto pra ver como você está.

Abri a porta e encontrei com a minha mãe escutando tudo.

***

— Ela gosta de você!

A Menina Dos Pulsos Vermelhos (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora