TOMAZ

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"Mas você nem está tão longe assim de São Paulo, cara."

Digita Tomaz para Rafael. O garoto está com um sorriso enorme e uma cara de quem aprontou alguma coisa. Ele continua digitando e então envia outra mensagem no facebook para seu namorado.

"Meus pais são totalmente de boas, eles vão aceitar tranquilamente que meu namorado fique aqui em casa por esse mês."

É o que a mensagem do garoto sugere para o namorado, que está um pouco distante dali, se encontrando lá no Rio de Janeiro.

A mensagem que chega como resposta faz com que Tomaz sorria novamente de orelha a orelha. Mais alguns daqueles sorrisos e logo ele estaria com cãibra no maxilar.

"Mas é claro, eu topo sim. Então daqui a três dias estarei aí. E nós poderemos fazer tudo que prometemos."

Ele trata de ler rapidamente e então digita rapidamente também a resposta. É um texto pequeno, mas cheio de emoção.

"Estou ansioso para tocar você e beijar seus lábios como tanto desejei."

Ele sorri carinhoso quando o outro diz que precisa sair para comprar a passagem, que vai de ônibus para não ter tanto problema na hora de embarcar. Os garotos trocam um tchau carinhoso com vários eu te amo, e Tomaz se deita na cama e fica olhando o teto, a alegria tomando conta de cada célula do seu corpo. Não consegue controlar a alegria que sente. Esperou tanto por isso. Esperou tanto para beijar seu namorado, abraçar, dormir juntos.

— Manhê! — Grita ele para a mãe que deve estar em outro cômodo e levanta para sair do quarto. — Manhê...

— Fala Tomaz! — Grita de volta uma mulher.

— Onde a senhora tá? — Pergunta o garoto.

— Aqui no jardim. — Ela responde.

O garoto desce correndo pela escada e logo saí de casa para encontrar com a mãe. A mulher está ajoelhada no chão podando algumas rosas com uma grande tesoura. Ela olha para trás e sorri.

— Que aconteceu? Qual o motivo de toda essa alegria e euforia? — Ela pergunta sorridente.

— Ele aceitou mãe, o Rafael aceitou vir ficar aqui em casa nas férias e isso é o máximo sabe? — Ele fala sorrindo. E olha pra ela. Não consegue controlar a emoção, para muitos é uma bobeira, mas para ele é importante pra caralho.

A mulher continua sorrindo e balança a cabeça em afirmação.

— Até que enfim, hein? Já estava na hora de vocês se conhecerem para tomar uma decisão se querer mesmo namorar ou não. Até porque não dá pra decidir isso se nunca ter beijado na boca, sem nunca ter transado... — Ela diz encarando o filho.

— Mãe... — Ele toma um susto. — O que? — Ele pergunta sério olhando a mãe nos olhos.

— Qual foi? Eu sou moderna, tá? E se as coisas fossem assim no meu tempo teria sido muito melhor. Talvez eu nem estivesse com seu pai agora. — Ela confessa muito mais sincera do que o filho gostaria, mas isso não importa no momento.

Ele apenas assente com a cabeça e então sorri.

— Estou muito empolgado. É algo surreal sabe? Eu nunca gostei tanto assim de alguém. Nenhum dos outros garotos daqui de São Paulo que eu namorei me deixaram assim, porem esse que é lá da puta que o pariu mexe muito comigo. — Ele confessa pra mãe.

— Está bem, está bem senhor animadinho. Mas será que agora você pode ir buscar suas sobrinhas na escola? É que estou ocupada, e não custa nada, né? — Ela pede fazendo beicinho.

— Onde estão as chaves do carro? — Ele pergunta já saindo do jardim.

Está feliz demais, nada importa. Nada mesmo...

MURILO BEIJA GAROTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora