— Não, devolve! — Gritou Murilo correndo de um lado para o outro tentando pegar seu caderno das mãos dos colegas de classe. — Devolve agora cara!
— Devolve agora cara! — Imitou um dos moleques, rindo alto.
— Por favor! — Ele pediu quase chorando. Estava desesperado. E então o que temia aconteceu.
— Ah olha só, quem é esse? É o seu namoradinho? — Perguntou o mais alto da turma.
— Por favor, me devolve! — Ele não pode se controlar. O choro veio forte, as lágrimas passaram a descer com força.
— Oh, o veadinho beija mesmo garotos! — Gritou alguém. — Como era que a gente o chamava mesmo?
— Murilo beija garotos! — Falou o altão rindo e balançando o caderno de Murilo perto dele, mas nunca deixando o menino pegar de volta.
— Murilo beija garotos, o Murilo beija garotos! — Todos começaram a gritar feito um bando de crianças. Estavam sendo mais babacas que o habitual. — Fala pra gente como é beijar um garoto, fala vai bichinha! — Completou alguém.
— Você quer um beijinho meu? Você quer veadinho? — Perguntou um gordinho que era alvo dos ataques quando não estavam todos juntos atazanando a vida de Murilo.
— Por favor, devolve o meu caderno! — Ele falou um pouco mais alto.
Um grande grupo de alunos estava reunido na porta da sala agora, e Murilo notou que alguns riam, mas outros estavam indignados, mas ninguém dizia nada.
— Que está acontecendo aqui? — Falou a professora chegando perto dos alunos com seu jeito brigão. — Estou falando sério, vamos todos para dentro da sala. Que algazarra aqui no corredor, sorte que sou eu e não a Dona Maura.
"Sorte?" Pensou Murilo, o garoto ainda chorava. Então sentiu o caderno acertar seu peito e cair no chão aos seus pés. Ele abaixou-se e pegou. Começou a correr na direção contrária da sala de aula.
— Murilo, volte aqui! — Gritou a professora brava. — Volte aqui agora ou não poderá entrar na classe depois.
Ele continuou correndo. Correu pelos longos corredores e pelas escadas, hora ou outra se encontrava com alguém e se esquivava para não se chocar. Sabia que era proibido correr nos corredores, mas também eram proibidas as atitudes dos colegas, e eles ainda assim faziam.
Correu até o fundo da quadra, não estavam tendo aula de Educação Física no momento. O garoto sentou encostado ao muro e chorou. Chorou por muito tempo, não queria voltar para aquela sala nunca mais.
Retirou o celular do bolso e logou no Skype. O namorado estava online, ele logo fez uma ligação de vídeo.
— Oi meu amor! — Falou Daniel animado. Então seu sorriso diminuiu. — O que houve? Você está chorando?
— Não, não estou! — Falou Murilo chorando ainda mais em frente à câmera. Ele só queria um abraço naquele momento. — Estou sim, mor. Ai Dan, eu queria tanto que você estivesse aqui.
— O que aconteceu? Fala pro seu amor, diz o que houve que o morzão da um jeito! — Disse Daniel sorrindo novamente. Era o sorriso mais lindo que Murilo já tinha visto em sua vida.
— O mesmo de sempre. Os babacas da minha sala pegando no meu pé. Eu não aguento mais isso! — Ele falou chorando.
— Eu sei meu amor, eu sei que é difícil. Porém eu te garanto que isso tudo vai passar. Vai acabar no final do ano. Estamos em setembro, faltam apenas menos de três meses. Então você não terá que olhar mais para eles, e ainda vamos estar juntos. Eu vou te proteger de tudo e todos e lhe dar muitos beijos por causa de cada coisa que esses babacas disseram. — Falou o namorado loiro.
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MURILO BEIJA GAROTOS
Любовные романыUm deles é tímido, do interior e nunca levou uma vida normal, não bastasse ser alvo de piadas constante na escola, ele ainda tinha que lidar com a mediunidade de sua família, lhe dizendo sempre que ele sofreria uma grande desilusão ainda na adolescê...