"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades."
— O Rafael? — Pergunta Murilo olhando em seus olhos. O garoto parece realmente preocupado. Então a expressão muda do nada. Torna-se dura. Fria. Assustadora.
Tomaz não sabe o que responder. Sente um frio na barriga e o corpo arrepia de leve. "Que porra ele quer? Por que está me ligando agora?" Respira fundo. "Ele não pode fazer isso agora." Ele olha Murilo novamente. Não tem palavras para responder. Ele balança a cabeça em afirmativa e tenta entender o que o outro quer dizer sem palavras. O garoto sente-se desconfortável, e ele também. Precisa fazer logo isso, então faz. Ele desliza o dedo pela tela fria e lisa do celular, assim encerrando a ligação. O mundo parece parar junto à música do celular. Ele não ouve nem o barulho dos carros. O único som é o do seu coração bombeado que ele sente a pressão no ouvido.
— Você pode atender essa ligação, não é o que você esteve esperando todos esses dias? Eu vou sair assim, vou entrar e assim você fica mais a vontade enquanto conversa com seu namorado! — Diz Murilo seco e irônico passando a caminhar em direção a porta da pizzaria.
Ele sente como se tivesse levado um soco no estômago do outro. Não pode deixar o garoto entrar. Não quer que ele entre. Ele tem coisas pra falar. Ele precisa falar. Se ficar com isso só para si irá explodir.
— Espera, por favor! — Ele diz baixo e vê o outro parar. — Eu não quero falar com ele. Eu não quero fazer isso, Murilo. Você tinha algo para me contar o que é? Eu também tenho. — Ele diz baixo tentando trazer o foco para eles novamente. O outro parecia tão feliz há pouco tempo atrás.
— Não é nada. Eu tinha algo bobo para lhe falar. Não vale a pena. Eu acho melhor esquecer isso. E sério, eu não quero atrapalhar a conversa de vocês. Você pode retornar, é isso que você quer, não é? — Murilo pergunta quase dando uma afirmação.
"É isso que eu quero?" Ele se pergunta. "Não. Eu quero apenas abraçar esse cara na minha frente e dizer pra ele que esses dias tem sido os melhores da minha vida."
Ele morde o lábio e engole em seco. Ele sente-se confuso, talvez um pouco feliz por saber que o outro está arrependido do que fez. "Ele está, não é?" Balança a cabeça e não importa o Rafael, foda-se essa ligação. Ele está pronto para falar. Porém Murilo corta sua vibe.
— Eu não estou me sentindo bem. Eu quero ir pra casa se você não se importar. — Diz Murilo tocando a própria testa. O garoto parece mesmo não está muito bem.
Mas ele sente o medo de sempre. Não consegue pensar em muita coisa, só em uma. Ele nunca tem certeza de qual casa Murilo se refere. Respira fundo e caminha pra frente, ele tenta tocar Murilo que se esquiva e olha em seus olhos.
— Não me toca. — Murilo fala segurando o choro e Tomaz nota. Sente uma fisgada no peito. Não queria que o outro se sentisse assim.
— Mas eu não fiz nada, cara. Eu sequer o atendi. Eu não quero mais nada com o Rafael. Eu estou... Estou com você aqui. — Ele diz testando as palavras.
— Comigo? Acredito que se fosse comigo, os seus amigos não estariam nesse momento me chamando de Rafael. E sinceramente... Você o deseja tanto que está tentado a ligar pra ele agora mesmo. Ele errou com você? É ele errou. Mas e daí? Não nos esquecemos da noite para o dia da pessoa que nós gostamos! — Murilo fala baixo e fungando o nariz.
Ele tem então toma um choque.
— Então você ainda gosta do... Qual o nome do seu namoradinho mesmo? — Ele pergunta triste.
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MURILO BEIJA GAROTOS
RomanceUm deles é tímido, do interior e nunca levou uma vida normal, não bastasse ser alvo de piadas constante na escola, ele ainda tinha que lidar com a mediunidade de sua família, lhe dizendo sempre que ele sofreria uma grande desilusão ainda na adolescê...