"Seguimos rápido neste jogo que jogamos. Ninguém sabe por que tem que ser tão difícil, não dizemos nada além do que precisamos, eu digo "na sua casa" quando saímos."
Ele caminha pela casa cheia de gente. Estão todos se locomovendo para o jardim, querem ver os fogos. Porém ele não esta afim, não sente alegria nenhuma pela nova vida. Rafael o segue e ele sente quando o homem segura sua mão e entrelaça os seus dedos. Ele sente vontade de chorar. Não é aquela mão que ele quer ali.
Os fogos começam e todos se abraçam e riem felizes.
— Feliz ano novo meu amor! Espero que esse ano seja repleto de coisas boas para nós dois! — Grita Rafael para se fazer ser ouvido com todo o barulho dos fogos e das pessoas. O garoto sorri e investe em Tomaz tomando-lhe os lábios.
Ele se sente desconfortável, mas retribui o beijo por uns instantes, então se afasta. Ele olha no fundo dos olhos de Rafael que está sorrindo e sorri de lado. Ele sai caminhando rapidamente. Só quer ficar sozinho.
— Feliz ano novo, filho! — Diz o pai o segurando pelo braço e puxando para um abraço. Não consegue entender porque o pai está assim nos últimos tempos, porém retribui o abraço. Os dois se soltam e o pai olha em seus olhos. — Você não parece feliz, é ele, não é?
Ele apenas olha para o pai, seus olhos devem dizer tudo.
— Acredito que você não deveria desistir dele. Não cometa os erros que eu cometi. Não deixe o seu amor verdadeiro ir embora filho. Não fique ao lado de uma pessoa só porque acha que tem obrigação de ficar. — O pai diz sério.
Tomaz não consegue parar de pensar na conversa que teve com Rafael na noite em que o garoto chegou.
— Mas o meu pai estava doente! Eu não podia deixa-lo em coma num hospital e viajar pra São Paulo. Eu achei que você fosse entender!
— Eu poderia ter entendido se você tivesse explicado, porém você sequer tirou segundos para dizer para o seu namorado que tinha algo errado.
— Eu errei sim, mas isso não muda o fato de eu amar você. E então eu chego aqui e você está com outro fingindo ser eu. Você se apaixonou por ele?
— Fala Tomaz!
— Você quer que eu vá embora?
— Não! Eu não quero Rafael...
Ele olha o pai e sorri sem jeito. O pai tem razão. Ele só vai esperar até amanhã para tomar a decisão da sua vida. Ele só precisar esperar até amanhã. O garoto sorri animado está pronto.
— Obrigado pai! — Ele diz sorrindo sem jeito e então se afasta.
Tomaz vai para o quarto e liga no notebook para procurar Murilo no google, ele vai fuçar cada página da internet que for preciso, mas vai encontrar. Não irá ser o bloque que ganhou do garoto nas redes sociais que irá o impedir de acha-lo. Ele sorri sacana quando acha o que procurar e anota num papel. Fecha o notebook e coloca o papel no bolso. Ele pega no sono e nem percebe, acorda quando o sol da manhã o irrita. Ele senta na cama e percebe que Rafael está deitado ao seu lado.
Ele engole em seco. "É agora ou nunca!" Ele pensa. Então acorda o outro. Sente o coração apertar quando Rafael o olha com aquele sorriso nos olhos. Ele sempre odiou magoar as pessoas, mas não seria a primeira vez que ele dava um fora.
— Nós precisamos conversar! — Ele diz baixo e olhando o outro nos olhos.
— E precisava ser tão cedo? — Pergunta Rafael rindo e sentando na cama. — Mas pode falar meu amor.
Ele se inclina para beijar os lábios de Tomaz, mas esse se esquiva e olha para o garoto confuso em sua frente.
— Eu não amo mais você, Rafael! Eu sou apaixonado pelo Murilo! E eu não posso enganar você e nem me enganar. Nós não vamos mais voltar a ser o que éramos antes. Eu sinto muito pelo que vou dizer, mas você, a sua vinda para minha casa estragou tudo que eu estava construindo com o Murilo. E eu tenho que tentar consertar isso. Porque eu amo aquele cara como nunca amei ninguém. Eu jamais iria acreditar se alguém me dissesse que uma loucura como a que eu e ele vivemos me apresentaria o amor da minha vida, o cara que eu quero passar o resto da vida eu jamais iria acreditar.
— Não, Tom você só está confuso... — Diz Rafael levando a mão e tocando o rosto de Tomaz.
— Eu não estou confuso. — Ele diz tirando a mão de Rafael de seu rosto. — Eu não poderia me obrigar a você por achar que tenho a obrigação de te perdoar. Talvez você não tenha vindo para São Paulo porque não era pra vir. Não era pra ser. Você acredita em destino?
Rafael fica calado.
— Eu acredito agora. E sinceramente? Eu não vou deixar a pessoa que o destino reservou para mim, escapar. Eu sinto muito, Rafael. Mas eu amo aquele garoto. Fica bem, você não precisa ir embora hoje se não quiser. Até porque eu não devo voltar. Me desculpe por não poder lhe dar o que você espera, porém nosso tempo passou. As coisas que queríamos não aconteceram e agora só nos resta aceitar. Adeus...
Ele levantou da cama e pegou as chaves do carro em cima da mesa de cabeceira e sai do carro. Ele sorri sozinho. Não vai deixa-lo escapar. Ele desce as escadas correndo, o destino? Araraquara.
"Demorei muito pra te encontrar agora eu quero só você, seu jeito todo especial de ser eu fico louco com você. Te abraço e sinto coisas que eu não sei dizer só sinto com você. Meu pensamento voa de encontro ao teu será que é sonho meu? Estava cansado de me preocupar, quantas vezes eu dancei e tantas vezes que eu só fiquei chorei, chorei. Agora eu quero ir fundo lá na emoção mexer teu coração, salta comigo alto e todo mundo vê que eu quero só você. Eu quero só você, só você. Te abraço e sinto coisas que eu não sei dizer só sinto com você, o meu pensamento voa de encontro ao teu..."
É uma viajem longa para ele. Está tão ansioso que se sente frustrado por cada placa que ele lê indicando que ainda falta para chegar à cidade de Murilo. Já passa do meio dia quando ele chega a Araraquara. E agora é preciso encontrar o lugar que ele mora. Olha no papel. Rua Cenoura, 492. Esse é o endereço. Resolve parar para pedir informação e comprar uma água, o dia está quente. 1 de janeiro. Acha incrível ter uma venda aberta. Ele volta correndo para o carro, já sabe para onde seguir. E vai.
Logo avista a casa do endereço. É uma casa pequena, laranja e com várias flores. Ele sorri ao lembrar-se do anuncio da bruxa que achou na internet. "Eu não acredito!" Ele ri lembrando-se dessas palavras de Murilo, para um neto de uma bruxa ele é meio cético. Estaciona o carro e desce. Bate palmas. Uma senhora o atende.
— Não estou trabalhando hoje. — Diz a senhora. Ela é velhinha, os cabelos brancos e uma cara de emburrada.
— Não, eu não estou aqui por isso! É aqui a casa do Murilo, certo? — Ele pergunta encarando a velhinha.
Então vê sua carranca sumir e ela sorri, é um sorriso grande, caloroso. Ele sorri também, mesmo não sabendo o motivo.
— Só um segundo. — Diz a mulher e saí.
Ele espera. O medo crescendo dentro de si. Será que ele iria querer vê-lo? Ele olha pra baixo então escuta.
— Tomaz?
Ele olha pra cima e o vê. Está lindo. Do jeito que ele estava quando foi embora. O coração sente vontade de dançar e ele não consegue manter a boca fechada. Ele segura nas grades do portão de madeira e encara Murilo.
— Eu! E eu vim até aqui por que... Murilo, só diga que me ama, apenas por hoje, mesmo que seja só por hoje. Eu quero sentir as chamas queimando quando diz meu nome, quero sentir a paixão percorrendo meus ossos como o sangue em minhas veias. Eu preciso de você. Eu quero você, não consigo viver longe de você.
Murilo o encara. Ele sente vontade de pular o portão e tomar o garoto em seus braços.
csjzuhkY

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MURILO BEIJA GAROTOS
RomanceUm deles é tímido, do interior e nunca levou uma vida normal, não bastasse ser alvo de piadas constante na escola, ele ainda tinha que lidar com a mediunidade de sua família, lhe dizendo sempre que ele sofreria uma grande desilusão ainda na adolescê...