MURILO

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"Tentando manter o controle, a pressão começa a fazer efeito. Preso na zona neutra eu só quero você sozinho, meu jogo da adivinhação é bom é muito real para estar errado. Me iludi com o seu show, é ao menos agora eu sei, não era amor, foi uma ilusão perfeita confundido como se fosse amor, Não era amor foi uma ilusão perfeita

(Lady Gaga)"




O garoto não parou de pensar no ex-namorado por um momento sequer. A maldita cena do homem indo embora, lhe virando as costas como se ele não fosse nada, como se não passasse de um estranho por quem ele não devia consideração alguma ficou voltando a sua mente em flashes a cada segundo.

Murilo sentou-se no chão do box do banheiro e ficou sentindo a água quente cair em seu corpo. Pareceu acalma-lo, mas somente por poucos segundos. Ele respirou fundo e apoiou a mão no azulejo branco do banheiro tentando levantar-se do chão.

Eu preciso esquecer isso, apenas deixar pra lá. E eu vou! Ele fez um esforço e levantou do chão molhado, apesar da mão molhada deslizar pelo azulejo liso ele não caiu. Desligou o registro do chuveiro e ficou sentindo o vapor se dissipar mais rápido agora que o jato forte da água tinha cessado.

O menino abriu o box de vidro e caminhou até a pia onde havia deixado sua toalha e sua roupa. O banheiro não era pequeno como o que ele tinha em seu quarto, era gigante pra ser exato. O lugar estava todo úmido e com um vapor quente que estava começando a incomoda-lo agora.

Ele puxou a tolha com força e sentiu seu celular escorregar pra dentro da cuia da pia. "Pai!" Ele se lembrou de que tinha prometido ligar para casa somente quando viu o celular. Murilo havia esquecido totalmente de ligar para seu pai. Mas quem poderia culpa-lo?

Secou primeiro o corpo, e vestiu uma cueca azul. Era uma das cuecas novas que sua madrasta o havia obrigado a comprar. Ele riu lembrando-se disso.

— Mas é claro que você não pode usar cuecas velhas quando está indo pra casa do seu namorado, Mu. Esse seria o maior erro que você estaria cometendo. — Disse à mulher que estava sentada sobre a cama, ela parecia segurar o riso. — Não seria nada agradável ir tirar a roupa na primeira noite e te encontrar com uma cueca com furinhos.

Murilo olhou a mãe e riu alto. Ela era sempre tão pra cima e divertida. Era a melhor pessoa que ele conhecia em toda a vida. Ele a amava com todas as forças. Era sua verdadeira mãe, não importava o que diziam.

— Não ri não, estou falando totalmente sério mocinho. Não seria nada divertido, por isso amanhã mesmo eu vou comprar cuecas novas pra você. Você inda usa p? — Ela perguntou levantando da cama.

Abraçado em sua toalha Murilo chorou. A ficha realmente caiu, ele não podia fazer isso, não parecia certo. O que ele mais queria era o abraço de alguém que o compreendesse e sua madrasta, sua mãe faria isso. Ela iria entendê-lo como qualquer outra pessoa não seria capaz.

Eu preciso ir embora. Ele pensou. Mas não posso deixar o Tomaz na mão, ele me acolheu aqui. Eu não posso estragar tudo para ele.

Murilo respirou fundo e sentiu sua vontade de chorar crescer. Enfiou a mão dentro da cuia da pia e puxou seu celular. Desbloqueou o aparelho e discou o número fixo de casa. No segundo toque atenderam.

— Alô? — Perguntou uma voz que ele reconheceu como sendo de sua vó.

Murilo sentiu o peito apertar, tinham se visto no dia anterior, mas ele já sentia tanta falta dela. Queria ter dado um abraço nela antes de partir, queria ter escutado algum de deus conselhos ou de suas previsões, talvez tivesse evitado tudo isso. Mas seu ceticismo o impediu e deixou cair nisso tudo. Mas que merda, isso não tem nada a ver, droga. Pensou ficado bravo e sentindo a vontade de chorar crescer.

MURILO BEIJA GAROTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora