- Sixteenth

2.6K 310 70
                                    

Nami deixara aquele motel assim que terminou o banho tentando limpar aquelas marcas e aqueles toques sujos deixados em seu corpo e vestiu suas roupas. Ela foi direto para casa, queria apenas tomar um remédio para dor e deitar em sua cama, mesmo que parte dela quisesse ir atrás de EunWoo, ela sentia que não estava preparada para ver o estado do garoto depois de ontem.

Então, foi isso que ela fez, após colocar para dentro um remédio para dor e outro para dormir, se deitou em sua cama fechando todas as cortinas e os olhos.

Ela se lembrou, se lembrou do dia em que conheceu Leo. Ele parecia ser um rapaz tão bom, sorria como se nada de errado houvesse com ele, seu perfume era doce assim como seus lábios. Tudo naquele garoto era doce.

Nami o amou, disso ela teve certeza, ela amou-o o quanto pôde. Ele a trazia flores depois do trabalho, a surpreendia com abraços e beijos. Ele a fazia feliz.

Até que um dia as flores pararam de chegar, os abraços se tornaram escassos e os beijos azedos. Seria traição? O que havia  acontecido com aquele doce Leo por quem Nami havia se apaixonado perdidamente? Onde ele estava? Na cama com sua ex-melhor amiga.

Ela o amava, quem ama perdoa, e ela o fez. Ela perdoou, uma, duas, três, quatro, cinco vezes... Nami era forte, mas sabia que as noites em que ele chegava tarde da noite, quando seu perfume doce era substituído pelo forte cheiro de álcool e as golas de sua blusa social, cujas quais Nami passava todas as manhãs com carinho, se encontravam manchadas de batom barato, a feriam cada vez mais fundo.

Ela decidiu parar, não aguentava mais, aquele amor não valia mais a pena para ela. Eles brigaram numa noite de sexta feira, foi quando ele deu o primeiro tapa nela. Ela chorou e ele, abriu uma garrafa de whisky.

— Fora, Leo! Fora da minha casa!

— Cala a boca, vadia.

Três dias depois veio o primeiro vadia. Ela tinha seu orgulho a defender, e corajosa do jeito que era, avançou nele. Ele não estava bebado, não estava chapado e tinha consciência dos seus atos, e sabia disso quando apertou o pulso direito de Nami com força.

Tac! Ela gritou. Ele largou. Ela fugiu.

No dia seguinte, apareceu na casa de EunHa com o pulso enfaixado, uma mochila em mãos e um olhar assustado como o de um filhote que perdera o dono.

— Posso passar uns dias aqui?

Ninguém sabia, nem a polícia, nem a família de EunHa, que o motivo dela estar ali era porque fugia de Leo. Ah, se EunWoo soubesse o porquê de todas as noites que passava pelo quarto de hóspedes ouvia a menina chorar baixinho contra o travesseiro. Se soubesse que aquele filho da puta a machucava teria acabado com a raça dele.

Eles se conheceram, EunWoo era o porto seguro de Nami. Mas não queria mais atrapalhar a família Cha. Então, tomou coragem e voltou para casa, Leo não estava mais lá, havia se instalado na casa de uma vadia rica qualquer. Nami se sentiu aliviada, sentiu-se livre daquele homem.

Mas não foi o final.

A vadia rica cansou de sustentar Leo e em uma noite de lua cheia em maio, ele bateu na porta de Nami. Ela protestou, ele a empurrou ordenando que ficasse calada, essa casa também é minha, não, não era.

A tortura durou um mês, assédio, sexo forçado, machucados, gritos, vidros se quebrando. A polícia foi chamada pelos vizinhos três vezes, mas como sempre, na terceira vez, Leo atendeu a porta, sorriu aos oficiais e disse que era apenas uma briga de casal, e que já já se resolveriam, enquanto Nami tinha os pulsos presos na cabeceira da cama e a boca coberta por uma amarra.

Ela sofria, sofreu calada por um mês. Ela chorava sozinha, quando ele saía para trabalhar, trancada no banheiro ou enrolada nos lençóis de sua cama. A única vez em que ela chorou na presença de outro alguém, foi na presença de EunWoo. O garoto havia tomado coragem e a convidado para uma partida de Mario Kart.

Nami não aguentou e chorou, EunWoo preocupado a questionou sobre o motivo das lágrimas. Ela apenas disse eu e Leo terminamos. EunWoo a consolou, abraçou-a forte porém com cuidado, porque ela era importante para ele, ela era preciosa para ele.

Nami viveu com medo, até o dia em que Leo sumiu sem deixar rastros. Ela voltou para casa e ele não estava mais lá, nem suas roupas, nem seus perfumes, nem seu dinheiro. Nada. Naquela manhã ela chorou, mas de felicidade. Sem hematomas, sem cordas, sem medo. Ela se sentia livre novamente.

Ela se envolveu com EunWoo e sentiu o que é amar novamente.

Então, Leo aparece outra vez.

•      •      •

Era o final da tarde. EunWoo estava impaciente e queria sair logo daquele lugar que dava-lhe calafrios, ele nunca se simpatizou com hospitais. Durante a tarde se recusou a responder qualquer pergunta que viesse de sua mãe e irmã. Ele não diria nada. EunWoo estava louco de preocupação, ele queria sair dali e ir direto para a casa de Nami.

KyuHyun, finalmente, dera a tão desejado alta ao pobre EunWoo que quase roía as unhas de preocupação. Era seis horas quando a família Cha deixou o hospital, EunWoo sentado no banco de trás com um pacote de gelo sobre os hematomas roxos em seu rosto e um gosto de menta e remédio em seus lábios.

A mãe fazia o trajeto para casa enquanto a irmã segurava um coquetel mix de remédios e recomendações médicas. EunWoo gemeu quando o carro passou por uma rua esburacada e se afastou da janela para não sofrer com os solavancos do carro.

— Eu quero ver a Nami.

EunHa piscou rápido e olhou pelo retrovisor central vendo o irmão encarando a paisagem alaranjada de fim de tarde que corria pela janela.

— Não, EunWoo, você vai pra casa. - Sra. Cha contestou o filho apertando o couro do volante.

— Ela é importante pra mim, eu preciso ser como ela está.

— Você não vai à lugar nenhum até me contar a verdade sobre o que aconteceu noite passada.

— Eu não posso. - ele correu a mão úmida da água gelada pelos fios castanhos esfriando sua cabeça. Eu não vou arriscar a vida dela.

NAMI 》 Cha EunWooOnde histórias criam vida. Descubra agora