Capítulo 19

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  Ariella

  Eu sentia o chacoalhar do carro e tudo me trazia uma ânsia de vômito, não sabia onde estava indo nem o que aconteceria depois e minhas mãos suavam de ansiedade e temor. Não sei o momento ao certo que entrei no carro, logo depois de passar aos mínimos passos pelo portão do condomínio mãos taparam-me a boca e um cheiro invadiu junto a minha respiração e só me lembro de tudo escurecer e agora estava deitada provavelmente sobre o  banco com as mãos amarradas as costas.

- Lembre-se de segui a outra rota para não deixar rastros. - uma voz masculina que eu não reconheci se pronunciou.

  Talvez eu tivesse me arrependido de toda essa loucura mas agora era tarde, eu fiz o que precisava fazer, olhei ao redor vendo duas cabeças a frente ocupando os bancos dianteiros e os braços de um homem moreno ao volante, ao primeiro movimento fechei os olhos fingindo estar ainda desacordada.

- E a garota? - Outra voz, provavelmente do que estava dirigindo.

- O que tem ela?

- Ainda dorme?

Ouvir se mexer provavelmente virando para olhar e voltou-se novamente para frente.

- Sim.

- Eu não entendo por que tantos anos atrás... Disso.

- Da garota?

- Sim... É só uma garota inútil e ainda sem memória não lembra de nada. - Fechei as mãos em punhos.
- Verdade, mas ele deve ter seus motivos.

- Sei bem os motivos dele.

  O carro freiou bruscamente e senti o impacto, tentei me consertar no bando e ouvi quando as portas bateram e o caminhar de sapatos no cascalho e logo a porta foi aberta seguida de um ruido.

- Pegue-a. - Senti calafrios por todo meu corpo, era ele.

Meu corpo foi suspenso bruscamente e meu braço bateu contra a porta do carro, com certeza aquilo ficaria roxo, tentei não demonstrar dor e sentia que lágrimas viriam a descer  enquanto eu tentava do melhor geito que pude me concentrar e não focar na dor. Senti quando a claridade sumiu completamente e os passos do homem que me carregava estalarem no piso num eco, ouvi o som de um ranger de porta, onde antes era mãos agora algo felpudo e duro sobre as costas e logo a porta foi fechada num estrondo.

   Abri os olhos vagarosamente e olhei para ver se não tinha ninguém, eu estava em uma sala escura a não ser pela claridade que passava pela frecha da porta, assim que meus olhos acostumaram a escuridão pude ver melhor ao meu redor, eu estava sobre um fino colchão desconfortável e velho com alguns rasgos, perto da porta tinha um pequeno banco e só.

- Vamos Abra. - Ouvi uma voz do outro lado da porta e cai fingindo está dormindo no velho colchão.

  Um bater de sapatos soava na pequena sala, e um corpo sentou sobre o colchão surrado, mãos passaram por meu rosto e senti um precionar de lábios contra os meus, uma fúria me dominou e cuspi em sua cara.

- Disgraçado - Minha voz saiu mais falha do que eu pensei, enquanto ele limpava o rosto e se levantava.

- Bom dia, pra você também. - Ele falou enquanto acendia uma luz e sentava no banco.

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