Capítulo 31

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A minha chegada em minha cidade natal havia sido extremamente nostálgica, muitas lembranças me vieram à tona ao descer do avião. Toda aquela emoção que eu tive ao rever os meus pais foi para mim uma das melhores sensações que já senti, acho que nunca vou me esquecer. Tudo parecia estar da mesma forma que estava no dia em que eu fui embora para Florianópolis, a cidade, a minha casa e até os vizinhos, completamente tudo, exceto a minha mãe. Ela parecia estar mais rígida do que o normal, estava completamente mudada, eu ainda não sabia o que havia acontecido para ela estar agindo daquela forma, mas eu iria descobrir. Naquele momento eu estava diante de uma das pessoas que eu tive que deixar para trás na minha ida para Santa Catarina.

-Isabella! Quanto tempo! - Letícia veio em minha direção com rapidez e me abraçou. -Como você está? - Perguntou quando nos soltamos do abraço. Ela estava um pouco diferente de quando eu a conheci, parecia mais feliz e mais radiante.

-Estou ótima e você?

-Eu acho que também estou ótima. - Abriu um sorriso. Ela pairou o olhar levemente em Pierry como se o conhecesse. -Você é o... Pierry, não é?

-Sim, e você deve ser a Letícia... - Colocou as mãos nos bolsos e a encarou.

-Vocês já se conhecessem? - Perguntei pendendo a cabeça para o lado. Fiquei tentando me lembrar se alguma vez eu havia falado para Pierry sobre a Letícia, mas nenhum momento me veio a cabeça.

-Sim eu e Pierry já nos conhecemos, ele foi o garoto que atrapalhou a minha morte. - Cruzou os braços.

-Porque você não diz logo que eu te salvei? - Revirou os olhos.

-Tanto faz. - Ela deu de ombros.

-Vocês poderiam me explicar de onde é que se conhecem? Por que eu não faço ideia. - Encarei os dois.

-A Letícia era minha vizinha há um ano atrás, ela morava bem ao lado da minha casa e eu me lembro que... O quintal da casa dela era cercado por um portão de ferro...

-Mas a parte de cima do quintal era aberta, sim eu também me lembro disso. - Ela sorriu ao se recordar.

-Era... E de lá do meu segundo andar dava pra ver o seu quintal inteiro. - Sorriram juntos. -E então teve um dia em que... Eu estava afinando o meu violão em uma área que ficava no andar de cima da minha casa quando acabei notando que havia algo estranho no quintal da Letícia, ela estava caída no chão e não tinha ninguém por perto. - Pierry contava como se estivesse revendo a cena e a Letícia parecia estar sentindo cada uma de suas palavras. - Eu saí de onde estava e fui até a casa dela, comecei a chamar por alguem, mas parecia que não tinha ninguém em casa, então eu corri para a parte de trás da casa e pulei o portão do quintal, eu me aproximei da Letícia e vi que os seus pulsos estavam jorrando sangue, fiquei sem saber o que fazer e me ajoelhei para tentar acorda-la, eu lembro que na hora em que eu me ajoelhei a minha calça branca ficou bastante suja de sangue... Então eu chamei uma ambulância e os médicos vieram e levaram ela para o hospital.

-A parte engraçada é a parte em que o meu sangue estraga a sua calça. - Letícia disse com humor e os dois riram.

-Puxa! Foi assim que vocês dois se conheceram? - Perguntei com esquisitice.

-Praticamente sim, eu e ela nos conhecíamos de vista, mas nunca tínhamos nos falado. - Respondeu ele.

-Por que antes de te conhecer eu te achava um pouco metido e eu ainda consigo me lembrar da louca da sua namorada. - Ela riu.

Espaço Em Branco - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora