Dinner

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Lily encarava o relógio pela enésima vez, desde que se lembrava. Nenhum sinal de Andrew. Nenhuma ligação sequer justificando seu atraso. Seu chefe a todo momento aparecia ali, lhe cobrando o tal garoto que ela sugeriu para o cargo. Vergonha e frustração era o nome exato para o que sentia. Andrew mexia com ela, e ela sabia disso, mas nesses momentos tinha certeza do quão errado era se permitir qualquer coisa por ele. Sua falta de responsabilidade e comprometimento com as coisas, seu desprendimento de sentimentos reais, e sua fuga constante de todo e qualquer compromisso, a fazia ter certeza disso.

– Sinto muito, senhor Omar, mas acho que ele não vem.

– Dispensei uma reunião pra isso, Lily.

– Eu sei e sinto muito, eu achei que poderia contar com ele, mas eu me enganei. – Torceu os lábios.

– Tudo bem, mas da próxima vez que indicar alguém, indique alguém que confie, tudo bem?

– Pode deixar. – Ela sorriu curtamente. – Eu devia saber que não podia confiar em você... – Sussurrou pra si mesma.

***

Natasha sentiu a barriga roncar, sinalizando que provavelmente era a tão esperada hora do almoço. Normalmente aquela seria sua hora favorita do dia, não podia negar, mas ainda sentia o frio rodear a boca de seu estômago enquanto pensava se devia ou não descer e se encontrar com Harry no restaurante por ele tão admirado. Não podia negar que queria sim se envolver. Ele era um homem de verdade, lindo, inteligente e completamente adorável, mas não podia deixar de lado o fato dele ser seu chefe, e também cerca de vinte anos mais velho do que ela, na verdade até mais que isso. Não que isso lhe parecesse um problema tão grande, afinal, sempre fora uma garota decidida, e sempre teve dificuldade em se envolver com pessoas de sua idade, porque todos lhe pareciam imaturos demais, e Natasha era, desde pequena, assim: inteligente, independente, cultural, eclética, dentre tantas outras coisas. Gostava das coisas de sua idade, mas também conseguia pensar além disso, sabia apreciar um vinho e combiná-lo com uma boa comida refinada. Sabia usar tênis, mas também conseguia se virar bem em cima de um Louboutin. Conhecia muito sobre Kardashians, mas também perdia suas horas lendo sobre arte e notícias do mundo. Nunca conseguiu ser completamente presa ao que diziam ser adequado a sua idade. Se lembrava bem de aos dez anos conhecer praticamente todas as peças de Shakespeare e até hoje gostava de ir ao teatro vez ou outra pra assistir novas adaptações. Harry parecia ser o primeiro homem que conseguia nutri-la não só no que dizia respeito ao desejo e ao sentimentalismo, mas a suas necessidades intelectuais. Se questionou várias vezes se isso era algum tipo de problema que carregava consigo, mas ao julgar pela criação que teve considerava-se normal sim, e tinha orgulho por ser quem e como era, mas não podia negar que envolvimento com seu chefe era algo que não sabia como lidar, e algo que provavelmente seus pais reprovariam. Ainda assim sentia uma vontade imensa de aparecer lá, de olhar nos olhos azuis intensos do louro que lhe arrancava suspiros toda vez que entrava no recinto. O que devia fazer afinal?

– Me ajuda! – Implorou assim que viu seu celular atender com o nome de Annabeth piscando, atendendo prontamente.

Ainda na dúvida sobre o chefe?

– Claro que sim. – Riu em resposta. – Você não viu aquele cara, ele é maravilhoso.

Nath, acha isso sensato?

– Eu não sou sensata, Annabeth. – Gargalhou. – Esse é o problema, eu queria simplesmente conseguir ser racional, mas quando olho pra ele sinto uma vontade gigantesca de conhecer mais sobre ele, de ouvir as coisas que ele tem pra dizer.

De novo o papo de intensidade e controle?

– Fazer o que, é uma verdade. – Natasha rolou os olhos.

Behind Your EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora