Lily segurava as mãos suadas uma contra a outra, enquanto esperava o médico finalmente atende-la. Apesar de Andrew estar ao seu lado ela não conseguia se acalmar completamente. Só a ideia de seus pais descobrirem tudo a apavorava, afinal, como admitir algo assim pros próprios pais? Se sentia insegura demais pra tal coisa, tinha medo de uma possível repreensão, medo de piorar.
— Você está bem? — Andrew a despertou.
— Acho melhor irmos embora... — Ela falou logo. — Posso me cuidar sozinha, sem um médico.
— Eu já disse que não vou brincar com sua saúde, Lily!
— Você pode me ajudar...
— Não, eu quero, mas não posso, eu não sou médico, eu não sei o que precisa ser feito, a única coisa que eu sei é que eu não vou te perder, então queira ou não nós vamos entrar nesse médico e buscar um tratamento pra você. — Discursou fazendo-a suspirar.
— Lily Stormfield. — O médico chamou. Ela engoliu a seco e encarou Andrew.
— Você vem comigo?
— Não vou te abandonar nem um segundo. — Ele sorriu fazendo-a sorrir também.
Os dois então adentraram o consultório para ver um médico de aparência amigável sentado com alguns papéis na mão. Ele sorriu para ambos, mas Lily sentia tanto medo agora que mal conseguia ser simpática.
— Lily... — O médico cantarolou fazendo-a assentir. — Tudo bem?
— Eu estou um pouco nervosa...
— Não precisa ter medo. — Ele sorriu. — E você é?
— Andrew.
— Irmão?
— Não, eu sou...
— Ele é meu primo. — Explicou Lily fazendo Andrew concordar, um tanto quanto decepcionado, apesar de saber que de fato não era nada além disso.
— O que te trouxe aqui, Lily? — Indagou, fazendo-a encarar Andrew com os olhos amedrontados, mas ele apenas balançou a cabeça positivamente, como se a incentivasse a se abrir. A ruiva então fechou os olhos, respirou fundo e encarou o médico novamente.
— Eu tenho bulimia.
— Desde quando?
— Desde que me lembro... — Lily choramingou.
— Por que acha que tem bulimia?
— Eu me olho no espelho e me vejo horrível. — Explicou. — Me vejo gorda. — Continuou. — Então eu vomito tudo o que como na esperança de emagrecer e ficar bonita.
— Você é uma moça bonita, sabia?
— Sempre digo isso a ela. — Andrew falou espertamente.
— Seu primo tem razão, querida. — O médico seguiu sua fala. — O primeiro passo e o mais importante é aceitar sua doença e buscar ajuda, e eu te prometo que vou te ajudar, tudo bem? — Indagou fazendo-a assentir. — Algo em sua vida a faz sentir-se feia?
— Eu não sei...
— Tem que ser sincera pra que eu possa ajuda-la, querida. — Torceu os lábios. — Quando foi a primeira vez em sua vida que se sentiu feia? — Insistiu fazendo-a engolir a seco. Andrew estranhou tal comportamento.
— Uma vez no colegial... — Lily começou a falar sem jeito. — Tinha um baile pra ir, de inverno. — Seguiu. — E eu queria muito ir com um cara que eu gostava, então eu resolvi chama-lo pra ir comigo, mas quando tentei falar com ele, eu não consegui chamar sua atenção pra mim porque ele estava se agarrando com uma líder de torcida mais velha que eu, então eu me senti mal e fui chorar no banheiro, e ela entrou lá depois de mim, zombou do meu choro por ele, e disse que se eu queria alguém como ele pra mim, se eu queria deixar de ser vista como uma menina feia e sem graça que eu deveria começar a mudar... — Choramingou ali. — Ela me ensinou a vomitar e eu inicialmente achei aquilo assustador, mas quando me dei conta eu simplesmente não sabia parar mais.
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Behind Your Eyes
RomanceOs anos se passaram desde o final feliz de Theodore e Elisabeth. Agora as crianças estão crescidas e já conhecem o significado da palavra responsabilidade. Greg cuida da empresa do pai - enquanto Annabeth não pode assumir - e também está responsável...