PRÓLOGO 》 FINAL《

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Ninguém pode ser escravo da sua identidade: Quando surge uma possibilidade de mudança é preciso mudar.

Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.



Atualmente...

Eu não sabia como tudo tinha dado tão errado.

Agora eu estava sendo caçada como um animal em meio a uma selva de pedra, mas não era para ter sido assim. Deveria ter sido fácil e rápido. Um canivete passou chiando por minha orelha, tirando um fio de sangue, e foi descendo para o chão cavando-se no asfalto.

Meus pés automaticamente se moveram ainda mais rápido pela avenida movimentada, me jogando em meio ao mar de corpos e carros, o sol já começava a se pôr no horizonte e as pessoas dificultavam a minha passagem. Mesmo com a brisa que soprava eu suava em bicas, meu cabelo grudava em meu rosto e meu pescoço, cada respiração queimava em minha garganta e minhas pernas doíam pelo esforço de continuar em movimento.

Controlei minha respiração enquanto seguia para uma rua parcialmente vazia, empurrando quem estava em meu caminho, pulando sobre bancos, grades, carros parados, caixas caídas e qualquer outra coisa que ficasse em meu caminho. Por onde eu passava um coro de xingamentos e ameaças me acompanhavam, logo seguidos por gritos de espanto já que os cães de caça que me seguiam não estavam preocupados em manter as armas que carregavam, escondidas.

Escorreguei lentamente me agarrando a um cano fino enquanto fazia uma curva rápida para a direita, entrando em um beco apertado, pisando numa poça que poderia ser tanto água quanto urina e escalei um portão velho de metal pulando para o telhado mais próximo, ignorei os fios de cabelo escuro que caiam sobre meus olhos e fiz uma pequena careta quando uma onda de estática quase me ensurdeceu.

"Vinte e..." a voz áspera e raivosa de Jam estalou em meu ouvido sendo cortada pela estática. "...minutos, você tem que ... da cidade agora!"

Tirei o ponto eletrônico e derrubei a pequena coisa irritante sem dá nenhuma atenção ao aviso que me foi dado. Eu não me importava com nenhum deles, deixaria que todos morressem e mataria quem quisesse me atrapalhar. Foi para isso que fui treinada, foi isso o que precisei aprender a fazer para sobreviver.

Em um mundo movido por jogos, você precisa criar as suas próprias regras.

Seria melhor deixar que todos sofressem, seria tão fácil, mas deixar tantas pessoas para trás acabaria com o mínimo de humanidade que me restava. Peguei as duas pistolas semiautomáticas com silenciadores deixando-as preparadas ao meu lado lado, e uma faca de caça repousando na minha mão esquerda, esperei pacientemente pela aproximação deles, eu podia escutar seus passos calmos e treinados. Como caçadores que não queriam assustar a presa.

Curvei os lábios num pequeno sorriso, achando com meu humor ácido alguma diversão nisso. Os primeiro homem que surgiu segurava um rifle, com ótima precisão e longo alcance, o segundo uma submetralhadora, um tanto exagerado na minha opinião, eles olharam brevemente para o beco vazio e então começaram a andar para dentro dele a passos confiantes. Se não fossem tão idiotas eu não precisaria matá-los, era uma lástima realmente.

Mais um homem apareceu, esse era menos extravagante tinha apenas uma pistola, seus olhos examinavam tudo com mais atenção, não tinha a mesma pose de autoconfiança como os outros dois. Peguei minhas armas silenciosamente e mirei na cabeça dos dois primeiros homens. Não queria ter a oportunidade de vê-los de verdade, não queria guardar seus rostos em minha memória, não queria sentir culpa.

O sol já tinha ido embora deixando em seu lugar uma noite sem lua, com nuvens pesadas e as primeiras gotas de uma grande tempestade começaram a cair. Os dois primeiros tiros foram sincronizados e acompanhados pelo som distante e imponente de um trovão. Após um longo segundo, os dois homens caíram com sangue escorrendo.

Com um movimento treinado guardei as duas armas e agarrei a faca me jogando do teto e deslizando por um cano preso a parede, o terceiro homem só teve tempo de olhar para cima com os olhos castanhos arregalados antes que a minha faca de caça cortasse o ar e sua garganta fosse dividida. Uma batida de coração se passou antes que ele caísse.

Os olhos arregalados em supressa e choque, a boca aberta em um grito silencioso e a chuva lavando o sangue que fazia uma poça escarlate sob os corpos.

Era isso o que eu deveria ser, uma assassina. Eu deveria ser invisível e letal, obediente e disciplinada, foi assim que me ensinaram. Mas não era isso o que eu seria, eu decidi, naquele momento, que não seguiria mais as regras.

E talvez fosse egoísmo sim, mas antes que o mundo queimasse eu pegaria tudo o que queria.


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GAROTA HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora