"Um olhar, um gesto e dois corações confusos. Suficientes para fazer alguém amar."
Dançamos até o garçom chegar e nos avisar que a comida estava servida.
Quando peguei os talheres nas mãos, percebi que não conseguia comer com a mão direita. Era o braço machucado e eu não conseguia movimenta-lo muito bem.
Tentei com esforço erguer o braço e levar o garfo até o prato. Jesus, doia demais!
Se eu não mexesse o braço, tudo ótimo. Era só pensar em levantá-lo que a coisa ficava feia.
Discretamente, peguei o garfo com mão esquerda. Existem tantos canhotos no mundo. Não deveria ser tão difícil.
O Kauã me olhou enquanto levava uma garfada de comida a boca.
Sorri. Estava tudo certo.
O que estava errado era o queijo que resolveu brigar com minha mão esquerda. Entramos em uma luta por alguns instantes, até que o garfo desistiu e se rendeu, caindo no chão.
Arg!!!! Que raiva.
Kauã me olhou, me olhou, olhou para o chão, me olhou de novo e arrastou sua cadeira, encostando em mim.
- é o seu braço? - Senti, envergonhada- vamos resolver isso.
Me surpreendendo, ele pegou seu garfo e começou a colocar comida na minha boca. Esse é o momento que um coro de ahhhhhh se forma e babadores são distribuídos.
- obrigada.
- me agradeça por coisas que eu farei com você mais tarde.
Enrubesci. Eu queria embrulha-lo para presente e colocar em exposição. Ele era a perfeição mais cheia de defeitos que eu conhecia.
Conforme o final do jantar se aproximava, minha preocupação aumentava.
Assim que ele pagou a conta nos levantamos pra ir embora. Decidi começar a agir.
- Kauã, vou chamar um táxi se você não se importar. Vou para a casa de uma amiga. Minha casa foi detetizada hoje e minha mãe foi dormir na vizinha. Nao tinha lugar pra mim e eu vou dormir na casa dessa amiga. Ela é muito amiga e vai me hospedar. A casa dela é gigante....
- Nicolle, para! Eu quero a verdade.
Não era um pedido. Era uma ordem. Ele estava zangado.
- briguei com meu pai. Eu tenho um pai. E ele não me quer mais na casa dele. Vou ficar em algum hotel.
Senti um alívio ao confessar.
- não precisava ter medo - ele murmurou.
- eu não estou com medo.
Eu estou apavorada. Sorri para garantir que não.
Ele se afastou e me olhou no rosto.
- não? Você é incrível. Eu sei que você está sofrendo por várias coisa que não quer me dizer. Mesmo assim está sorrindo. Vou cuidar de você hoje.
As palavras me fizeram voltar a respirar e ele me abraçou. Foi um abraço tão apertado que mostrou, sem palavras, que tinha alguém por mim.
- vem.
Ele abriu a porta do carro e me ergueu como uma criança, me colocando sentada.
- eu moro aqui perto- ele me avisou.
- tá bom- concordei.
Ele poderia morar na China. Estava ótimo.
Quando chegamos, descobri que ele morava em um apartamento. Eles estacionou o carro e entramos no elevador.
Nada foi dito. Como se os pensamentos dele também estivessem confusos.
Quando ele abriu a porta, eu me senti perdida. Em pé, na sala que me lembrava das casas de revistas, sem saber onde colocar os próprios braços.
Ele fez o que me pareceu ser sua rotina. Colocou as chaves em cima de uma mesa e começou a tirar a camisa. Engoli diante da visão.
Ele parecia não se importar.
- você quer beber algo?- perguntou com frieza.
- não. Estou bem.
Eu preciso de balões de oxigênio. Precisava de ar para lidar com tantos músculos reunidos em um único abdômen.
Por um momento fiquei com medo de que meus joelhos fraquejassem quando ele se aproximou e me encarou.
- já está pronta para perder o fôlego ou realmente não quer beber nada?
Passei a língua pelos lábios secos e engoli com dificuldade. Ele esperava um resposta?
Não, já que no próximo segundo seus lábios estavam explorando os meus.
O calor aumentou absurdamente e suas mãos começaram a explorar minha cintura, minhas costas e por Deus, minha bunda.
Eu paralisei quando ele fez menção de levantar minha blusa.
Ele parou o beijo pra me encarar.
- quer esperar não é?
- eu acho que sim.....eu....
Eu estava apavorada e com medo de que ele me visse como uma idiota.
- Nicolle, isso é a coisa mais difícil que vou fazer na vida. E o mais engraçado e intrigante é que quero fazer por você. Tem alguma coisa errada entre a gente.
Levantei os olhos para ele, ainda envergonhada e muito surpresa por suas palavras.
- eu nunca fiz isso- falei por fim.
- eu sei - ele falou sem pestanejar.
- eu estou confusa, com medo.
- também sei- ele falou- também sei que tudo que precisa hoje é que cuidem de você. Vou fazer isso.
Mordi o lábio. Eu queria era morder ele.
- Nicolle, vou te dar um banho e cuidar do seu braço.
Primeiro pensamento lógico, foi que eu adorava o "Nicolle" que saia da sua boca. O segundo foi que ele cuidaria do meu braço e isso era bom. O terceiro não tinha lógica, já que as pessoas tomavam banho sem roupa. Eu e ele, sem roupa. Não tinha lógica no mundo para explicar o meu constrangimento e o meu desejo.
Ele pegou minha mão e foi me puxando delicadamente para dentro de um quarto, que devia ser o seu. Continuou e abriu mais uma porta, dando acesso à um banheiro magnífico com uma banheira maior que a piscina dos meus vizinhos.
Sem dizer uma palavra, ele me soltou e foi ligar a água da banheira. Enquanto enchia, ele pegou alguns sais e despejou dentro. Um cheiro suave de rosas subiu no ar e a espuma espessa começou a se formar.
- tire toda sua roupa e entre na água. Eu já venho te ajudar.
E saiu. Simples assim. "Tire a sua roupa" e pronto. Eu morreria de infarto, com toda a certeza. Mas quem era eu para desobedecer aquele delegado?
Quando entrei e senti a água quente tocar meu corpo, deixei um suspiro escapar lá da minha alma. Eu nunca tinha entrado em uma banheira e a sensação era incrível.
Um som baixo começou a tocar dentro do banheiro e reparei tinha caixas de som embutidas no teto.
- que coisa chique Nicolle. Agora só falta a garrafa de champanhe, os morangos e o delegado bonitão. Você será a perfeita encarnação do glamour.- falei para mim mesma e sorri.
- não seja por isso, Nicolle.
Dei um pulo e olhei para a porta. O Kauã estava entrando, só de cueca. Atentem-se a isso, só de CUECA, segurando uma champanhe e uma taça em uma das mãos e na outra, um pote cheio de morangos.
Fui em questão de milésimos de segundos, da cor branca a vermelha e da vermelha a pink.
- era...era brincadeira- falei com dificuldade.
- dizem que toda brincadeira tem um pingo de verdade. Espero que a parte do delegado bonitão seja verdade. É verdade, Nicolle?
Ele me lançou um olhar provocador e eu? Suspirei, feito boba.
- essa era a única parte da brincadeira que era mentira.
Ele gargalhou alto. Filha da mae, convencido.
- então pare de mexer no cabelo e abrir a boca sem parar. Vai acabar engolindo espuma.
Kauã colocou as coisas que segurava na borda da banheira e calmamente entrou, sentando de frente pra mim, sem tocar meu corpo.
Agradeci imensamente o inventor dos sais de banho que faziam espumas.
Ele levantou os olhos e me estudou, por mais de um minuto.
Eu quase não conseguia respirar.
- vire de costas, quero massagear suas costas e seus braços- ele ordenou. Mesmo quando pedia carinhosamente, parecia dar uma ordem.
Obedeci.
Consegui me virar sem levantar ou tocar nele.
Senti seus dedos tocando meus cabelos e os puxando para o lado do pescoço. Em seguindo, dedos macios começaram a massagear meu pescoço.
Eu estava em uma posição esquisita. Se ficasse totalmente deitada, ele não conseguiria ter acesso às minhas costas. Se sentasse, meus peitos ficariam para fora da espuma. Então optei pelo meio termo, o que não deixava minha bunda em uma posição confortável.
- pode se sentar, eu não vou olhar seus peitos. Apesar de desejar fazer muitas coisa com eles- ele falou como se lesse meu pensamento.
Obedeci. Me parece que era o que mais eu vinha fazendo. Obedecendo.
Quando ele tocou no meu braço machucado, gemi. Ele depositou um beijo no meu ombro e continuou. A junção dos seus movimentos com a água quente, provocaram um alívio imediato.
Kauã sabia como cuidar das minhas feridas. Será que ele sabia como não abri-las também?
- não consigo mais-ele sussurrou no meu ouvido.
Seus lábios começaram a trilhar minha nuca e suas mãos por fim, chegaram até meus peitos.
Gemi quando senti ele encostando em mim.
Aquilo seria minha perdição e meu fim. Até que para alguém prestes a morrer, o meu fim era delicioso!!!!