Segundas Chances - Shirlipe

Capítulo 1 - Itália.

Shirley Rigoni Di Marino

Shirley acordou bem disposta aquela manhã, ela estava tão feliz que não sabia oque fazer, ou agir. Ela estava colhendo os bons resultados do tratamento de fisioterapia que iniciara a alguns meses, bastante feliz por sentir cada vez menos dores no dia a dia.

Estava morando há um ano e meio na Itália, por meio de um intercâmbio da faculdade de gastronomia que estava cursando, ela estudiosa e esforçada como sempre, optou por continuar em terras italianas mesmo depois do fim do intercâmbio, formou-se e conseguiu um bom emprego numa vinícola na Toscana. Shirley amava seu trabalho, ser uma sommelier parecia algo distante para ela quando morava em São Paulo.

Ela fechou os olhos, lembrando automaticamente da mãe e dos irmãos, a saudade que ela sentia era imensa, mas ela não voltava ao Brasil por um único motivo, Felipe de Souza Miranda.

Quando estava no Brasil, ela conheceu Felipe de maneira um tanto inusitada, pois foi quase atropelada por ele enquanto tentava tirar sua botinha ortopédica que estava presa na grade de um bueiro numa noite de chuva e pouco tempo depois foi parar na casa dele, trabalhando de empregada doméstica.

Apesar dele ter uma ex-noiva inconformada como a Jéssica, eles se envolveram de uma forma quase mágica, tão perfeita ao ponto de Shirley se sentir num verdadeiro conto de fadas.

Na época, mesmo ouvindo sua irmã Carmela dizer que conto de fadas não existia, ela não ligou e continuou vivendo aquele sonho.

Até que um dia, Jéssica armou para que ela parasse na cadeia, acusando-a de roubo e agressão, mas graças a Bruna, advogada e namorada de Giovanni, ela conseguiu sair da cadeia sem maiores danos, mas pouco antes de ser solta Felipe apareceu e terminou o namoro com ela, deixando-a arrasada.

Lembrar dessa história ainda era bem doloroso para Shirley, mas com o tempo ela aprendeu a lidar com tudo aquilo sem perder o tão costumeiro sorriso doce que tinha.

Ela já havia se vestido para o trabalho, fatava apenas se maquiar e logo estaria pronta.

Ela passou um minuto em frente ao espelho e logo finalizou a produção colocando um batom rosa claro. Pegou sua bolsa, chaves de casa e do carro e saiu para encarar mais um dia de trabalho, suspirou quando uma frase ecoou em sua mente.

Contos de fadas não existem, Shirley.

Trinta Minutos Depois.

Vinícola Malbec, Toscana, Itália.

Trinta minutos após sair de casa, Shirley já havia chegado na vinícola, o trajeto foi rápido pelo motivo de Toscana ser um lugar pacato e quase não haver retenções de trânsito, oque fazia Shirley agradecer constantemente.

Shirley estacionou o carro em uma das poucas vagas disponíveis no estacionamento e vinícola, travou o carro e adentrou ao prédio, cumprimentando algumas pessoas pelo caminho.

Caminhou até chegar ao seu local de destino, parando em frente a mesa da secretária de Lorenzo Di Angeli, dono da vinícola e namorado dela.

- Bom dia, o Lorenzo já chegou?

- Sim, pode entrar.

Respondeu a secretária, sem ao menos olhar para Shirley, que apenas deu de ombros e entrou na sala de seu namorado e chefe.

Lorenzo entrou na vida de Shirley, quando ela menos esperava, estava no último período da faculdade, magoada e em dúvida se voltaria ou não para o Brasil, até que Lorenzo apareceu e se tornou um grande amigo, lhe dando apoio, e consequentemente ganhando espaço no coração da morena. Porém por mais que ela tente parecer indiferente, Felipe era sempre um tabu entre ela e Lorenzo.

- Olá senhorita. - Ele disse no ouvido dela, deixando-a um pouco assustada.

- Bom dia, amor. - Ela falou se aconchegando nele após passado o susto.

Lorenzo beijou-lhe a boca com vontade, juntando o corpo dela ao seu, apesar da vontade o beijo foi delicado do início ao fim, sempre que se beijavam era assim. Isso era uma das coisas em Lorenzo que cativava a morena.

- Alguma novidade? - Ela perguntou com a cabeça pousada no peito dele e os olhos fechados, mas sentiu o namorado tenso.

- Na verdade tem...

- Então fale, oque houve? - Shirley perguntou afastando-se do namorado.

- Seu irmão ligou pra você ontem durante a consulta o fisioterapeuta, e... - Começou ele.

- Oque o Giovanni queria? - Ela perguntou um pouco receosa.

- Ele disse que a sua mãe está um pouco doente, não é nada grave, mas ela tem perguntado muito por você.

Lorenzo disse num tom calmo a fim de acalmar a expressão que Shirley estava no momento.

- Mas.. mas eu tenho que voltar ao Brasil, ficar perto da minha mãe... mas e você, eu também não posso deixar na mão...

- Shirley, calma. Eu já pensei em tudo e eu vou com você ao Brasil, e aproveito a oportunidade e resolvo algumas pendências nas vendas de lá.

Lorenzo disse interrompendo a fala nervosa e desordenada de Shirley, e recebeu um olhar aliviado dela.

- Sério que você faria isso por mim? - Ela perguntou com os olhos brilhando de alívio.

- Mas é claro minha bela, eu faço tudo para te ver feliz. - Ele disse beijando o topo da cabeça dela.

- E quando nós vamos? - Ela perguntou, curiosa.

- Estou indo comprar nossas passagens para amanhã, temos que arrumar nossas coisas. E você tem que ligar pra sua família, a propósito.

Ele disse, tocando a ponta do nariz de Shirley, que sorriu agradecida.

Eles se beijaram novamente, um beijo rápido, e saíram juntos da vinícola.

Enquanto estava no caminho até o aeroporto da capital, passou na mente dela que estava prestes a fazer algo que vinha evitando há um ano e meio.

Estava voltando ao Brasil!