Um velho mustang vinho parou em frente a casa de Aiden. A ferrugem consumia a lateral do carro e se misturava ao vinho, fazendo-o parecer mais velho do que já era. Pete saiu do carro, olhou para a casa e depois bateu a porta com força. Estava irritado, Aiden o deixara esperando por mais de uma hora no estacionamento da escola para a partida de futebol que haviam marcado.
- É bom que ele esteja em casa. - disse para si mesmo com raiva na voz.
Começou a se dirigir para a casa, que tinha dois andares, as paredes externas eram pintadas de azul-claro e tinha uma varanda com plantas em vasos de barro na entrada. Pete foi até a varanda e subiu os três degraus de madeira, chegou à porta e bateu. Esperou um pouco e nada. Enfiou a mão no bolso e tirou a carteira, abriu-a e pegou a chave para abrir a porta. Quando colocou a chave na porta, ouviu um barulho que o fez olhar para trás, um gemido. Quase imperceptível, o barulho parecia um "aqui", então Pete voltou ao jardim e começou a dar a volta na casa, na lateral viu algo na grama. Foi chegando mais perto até notar um par de Botas, continuou até ver Aiden, com o corpo todo ensanguentado e um corte profundo na barriga. Pete correu e se ajoelhou ao lado do amigo.
- Cara, o que foi que houve? - perguntou desesperado enquanto tentava estancar o sangue que insistia em escorrer do corte - que parecia ainda pior de perto. - A barriga de Aiden tinha sido rasgada como a de um animal, os cortes indicavam que haviam sido garras.
Aiden tentava falar mas as palavras pareciam entaladas na garganta, sentia sangue na boca. Quando tentava pronunciar uma palavra, a única coisa que saia de sua boca era o sangue quente e escuro.
Pete o olhava assustado, o sangramento começou a diminuir, depois que tirou a jaqueta, enrolou-a e continuou pressionando o ferimento. Aiden o olhava, os olhos sem expressão. Pete sabia que ele estava se esforçando para ficar acordado, mas nao sabia se ele ia conseguir por muito tempo.
Aiden começou a tentar falar novamente, emitindo apenas gemidos. Pete se aproximou para tentar escutar melhor.
- Alfa. - foi a única palavra que conseguiu entender.*******
Rebecca se levantou da cadeira onde estivera sentada por pouco mais de uma hora, pensando. Não havia contado a ninguém - nem a Lívia nem a Aiden -, sobre sua família, sobre lobisomens, e o que quer que exista a mais de sobrenatural no mundo. Rebecca queria ter alguém para conversar sobre isso, a não ser seus pais; porém por mais que quisesse, temia que isso pudesse coloca-los em perigo, e não iria fazer seus amigos correrem perigo apenas por estar se sentindo só. Talvez, um dia, quando estivesse mais segura sobre si mesma, e pudesse proteger as pessoas, aí talvez contasse a algum deles. Mas o momento não era esse, Rebecca estava decidida a treinar e aguentar tudo o que viesse, estava decidida a proteger as pessoas que não sabiam das coisas que ela sabia, estava determinada a expulsar os lobisomens de Barewood.
Rebecca se levantou e foi até o espelho, e o que viu foi uma garota loira, de olhos verdes, a encarando no espelho. Não se sentia ela mesma, esse segredo havia mudado algo nela - ela só não sabia o quê. Ficou algum tempo olhando seu proprio quarto, imaginando em que momento havia deixado de gostar de rosa, de bichos de pelúcia e boysbands.
Saiu do quarto e foi até a sala de estar, pegou as chaves do carro e saiu. Não sabia exatamente para onde, mas precisava esfriar a cabeça, colocar os pensamentos em ordem. O desgate emocional dos treinos intensos dos caçadores já fazia efeito, deixando a sem ânimo e vontade de sair de casa. Rebecca achava que respirar um ar puro ajudaria.
Enquanto dirigia, se distraiu com o rádio por alguns segundos, e quando voltou a olhar para a estrada, havia um homem parado bem no meio dela. Desviou para não atropela-lo e o carro derrapou no asfalto ate parar no acostamento.
Rebecca olhou em volta procurando o homem, mas não viu nada. Não foi minha imaginação, ele estava ali agora mesmo, pensou. Só quando saiu do carro percebeu onde estava, estava em uma estrada deserta e cercada por árvores altas e espessas; a noite já estava escura e a lua fornecia a pouca luz do local.
Rebecca viu uma trilha que levava para dentro da floresta, por entre as árvores. Mesmo com todos os instintos gritando para sair dali o mais rápido possível, algo a fazia querer ver até onde a trilha iria.
Pegou a faca de caça que sempre carregava desde que começou a treinar e colocou-a na bota; assim avançou para a trilha. A trilha tinha espaço suficiente para um carro passar, mas Rebecca achou que seria mais seguro ir a pé.Depois de andar por alguns minutos vendo apenas árvores, Rebecca chegou a uma clareira, um espaço aberto e livre de árvores, onde havia uma casa grande e antiga.
A casa tinha as cores vermelho e cinza, as janelas quebradas; a grama alta; ervas daninhas invadiam as paredes e pareciam estar engolindo a casa. Rebecca achou que deveria estar abandonada.
Ainda observava a casa quando ouviu um barulho de galho se quebrando, vindo da trilha atrás dela.
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Caçada Mortal
Teen Fiction"Barewood é uma pequena cidade Californiana rodeada por florestas. Dizem que feras escravas da lua e sedentas de sangue correm por aquelas terras. Aiden é um jovem Beta que está cursando o terceiro ano do ensino médio. Enquanto tenta manter seu segr...