13.

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O ar parado e cheio de poeira invadia suas narinas. Ninguém devia entrar ali há pelo menos cinquenta anos. As paredes estavam cobertas de teias de aranha, insetos corriam quando um dos feixes das lanternas os atingiam, um forte cheiro de poeira se fazia presente.

– Tio, você já tinha entrado aqui antes? – perguntou Pete olhando em volta, desconfiado.

Mitchell apenas respondeu calmamente à pergunta do sobrinho.

– Eu sempre soube que existia, mas nunca tive coragem de investigar. – ele fez uma pausa. – E também nunca tive um bom motivo para entrar aqui.

Eles seguiram o corredor por algum tempo e chegaram à uma porta de madeira que parecia ser bem velha.

– Eu acho que essa porta não vai me segurar. – disse Aiden.

– Não será preciso. – disse Pete sorrindo enquanto levantava a bolsa cheia de correntes.

Tomara, pensou Aiden.

Eles entraram e se depararam com uma sala grande e retangular, não havia nada ali, apenas uma cadeira velha.

– Vamos, temos muito o que fazer. – disse Mitchell.
Aiden pegou o celular e olhou as horas. 19:47. Ele já podia sentir o efeito que a Lua causava em seu corpo, em sua mente. Começava a se sentir com raiva, vontade de quebrar algo. Tentando se controlar, fechou os olhos e começou a respirar devagar. Inspira. Expira. Inspira. Expira.
Quando se acalmou, olhou em volta e viu que Mitchell estava colocando enormes pregos na parede mais afastada  da porta. Cada prego tinha um aro por onde passariam as correntes. Depois de colocar quatro aros, Mitchell achou que estava bom e se virou para Aiden.

– Vai ter que servir.

Aiden confirmou com a cabeça.

– Com certeza vou me transformar. – começou. – só preciso que essas correntes me segurem até eu conseguir controlar.

Aiden não sabia como mas estava determinado a aprender a se controlar, precisava conseguir. Pela segurança de seus amigos e também pela própria segurança. Se ele saísse às ruas em forma de lobo, os caçadores viriam atrás dele.

                           *********

– Que horas são? – perguntou Aiden.

Estava acorrentado há algum tempo, não sabia exatamente quanto. Seu corpo doía, mas nada comparado à dor que viria quando começasse a se transformar. Estava sentado no chão frio, pelado e um pouco envergonhado por Mitchell e Pete estarem ali.

– 23:45. Quase lá. – respondeu Pete, que estava sentado com Mitchell num canto um pouco afastado de Aiden.

Como se estivesse esperando um sinal, Aiden começou a sentir o efeito da Lua mais fortemente. Voltou a fazer exercícios de respiração para tentar se acalmar.

                           *******

– 00:00. – disse Pete depois de algum tempo. Ele fitou Aiden por um tempo, apreensivo.

Pete e Mitchell ficaram encarando-o, esperando algo acontecer.

– Parece que não tem nada acontecendo. – sugeriu Pete.

De repente, Aiden sentiu uma pontada de dor no peito e se encolheu no chão frio. Pete veio correndo para ajuda-lo, porém Aiden levantou uma das mãos em sinal de pare.

– Pra trás. Agora! – gritou já com a voz se alterando para uma espécie de rugido.

Pete se afastou devagar e voltou a sentar-se. 

O corpo de Aiden parecia estar em chamas, sentia como se seus ossos estivessem movendo-se, trocando de lugar. A dor era incessante, parecia rasga-lo de dentro para fora, corroendo seus órgãos no processo. Então seus cabelos, unhas e dentes começaram a cair, e no lugar cresceram pelos, garras e presas; seu nariz mudou de forma e suas orelhas se alongaram; logo ele estava totalmente na forma de um lobo preto de dois metros de altura.

Pete e Mitchell ficaram impressionados em ver um lobisomem transformado de perto, observavam boquiabertos enquanto Aiden lutava para se soltar – ele parecia não tê-los notado ainda.

De repente, parou de se mexer, farejou o ar a procura de algo e parou quando olhava fixamente para Pete e Mitchell. Aiden começou a tentar se soltar mais freneticamente, puxava as correntes dos aros, que estavam começando a ceder.

O prego que prendia seu braço direito ficou frouxo, e ele o arrancou com um único puxão. Depois disso arrancou os outros três que restavam com a mesma facilidade; então ele avançou.

Parou bem em frente a Pete.

– Não se mexa! – sussurrou Mitchell.

Pete prendeu a respiração e esperou, encarando os olhos fortemente azuis à  sua frente; podia sentir o hálito fétido do lobo em seu rosto. Aiden parecia encara-lo, parecia reconhece-lo, mesmo que vagamente.

Com um único giro, Aiden saiu correndo para a porta de madeira, - que foi arrancada das dobradiças com facilidade - e saiu em disparada. Pete e Mitchell ouviram quando a porta do alçapão foi também arrancada, e quando ele quebrou a parede da garagem e saiu para àquela noite de sexta feira.

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