MACUSA

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Tina conduziu-o pelo braço pela calçada fumacenta e apinhada de homens e mulheres acasacados até se virem defronte a um arranha-céu branquíssimo e de fachada imponente. O Woolworth Building erguia-se como um prédio trouxa (ou no-maj) como qualquer outro ao longo da Broadway. 

— Vamos logo! — apressou-lhe. 

— Me perdoe, mas tenho coisas para fazer, sabe? — disse ele, desconcertado. Tina balançou a cabeça, presumindo que o magizoologista realmente não entedia a gravidade de sua situação. Se ela conseguisse resolver aquele problema, somente aquele... Talvez... conseguisse recuperar o seu cargo...

— Bom, vai ter que se reorganizar. — Puxou-o pela rua conduzida por calhambeques de cabine aberta que passavam vagarosamente, em contraponto aos bondes e ao passo apressado dos nova-iorquinos. — O quê veio fazer em Nova Iorque, hein? 

— Vim comprar um presente de aniversário. 

— Não poderia ter feito isso em Londres? — perguntou, sarcástica, não acreditando naquela resposta. 

— Só existe um criador de Pufosas de Appaloosa no mundo e ele mora em Nova Iorque, então não... — Se espremeram por um pequeno grupo que se livrara das portas giratórias da entrada do prédio, mas foram de encontro a uma entrada lateral, guardada por um bruxo disfarçado de porteiro no-maj. Tina encostou Newt e sussurrou ao bruxo:

— Temos um caso de sessão 3-A. — O bruxo assentiu e abriu a passagem que, ao contrário da recepção que todos viam ao passar pela porta giratória, parecia se alongar ainda mais, quando viravam à esquerda. Newt achou ter ouvido o badalar de um sino. — Ei! — chamou-o. — E, aliás, não permitimos a criação de animais mágicos na cidade. Prendemos esse sujeito faz um ano...

Newt parou para admirar as colunas que sustentavam o teto baixo e Tina empurrou-o para um conjunto de escadas encimado por um gigantesco relógio cujo o ponteiro girava numa velocidade anormal; cores no mostrador indicavam o nível de exposição mágica. Naquele momento, o ponteiro marcava a área avermelhada que trazia Alerta: Atividade Inexplicável e Newt conseguiu entender a agitação que tomava conta dos funcionários do Macusa, principalmente de Tina. 

Teria alguma coisa a ver com Grindelwald? 

No lobby impressionantemente grande, o teto investia contra a altura física normal, com quilômetros de andares atravessados por elevadores que logo se perdiam ao alçar altura. No alto da escadaria, um majestoso retrato gigantesco de Seraphina Picquery, a presidente do Macusa, com seu olhar imperioso, a pele negra e os cabelos esbranquiçados tomados pelo turbante cheio de pedras preciosas, recebia os visitantes. 

Do alto de uma armação dourada, uma águia de bico longo feita de ouro puro encarou aquele britânico impressionado. 

Corujas circulavam levando mensagens, funcionários passavam apressados, esfregões limpavam o chão encerado sozinhos e bruxos esperavam, distraídos enquanto liam o Fantasma de Nova Iorque, por um elfo-doméstico que encerava suas varinhas ao lado, pedalando para que o mecanismo de uma roda de penas deixasse o brilho da madeira realçado. 

Chegaram a um dos elevadores e Newt encarou um goblin feioso trajado em vestes formais que o deixavam com a aparência de uma criança. 

— Ei, Goldstein! — cumprimentou ele, com sarcasmo. 

— Oi, Barrete — disse ela, com cara de poucos amigos. — Departamento de Grandes Investigações — pediu ela, pomposa. Estranhando, o goblin retorquiu, mas ela logo cortou-o antes que pudesse quebrar seu disfarce: — Caso da sessão 3-A!

Ele apertou no painel e as portas douradas e pretas escorreram, levando-os metros abaixo. 



TUMULTOS MÁGICOS PODEM EXPÔR O MUNDO BRUXO

Animais Fantásticos e Onde Habitam - O LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora