(Amar)elo

10. Adeus, velha fase.

           

O corpo de Bruno pedia por mais: mais morango, mais amor e mais vermelho. Seu coração batia forte junto com o de Monalisa. Eles estavam se beijando há quase trinta minutos, não tinham parado nem quando escutaram a irmã mais nova descendo as escadas – logo ela subiu, deixando os dois curtindo o momento.

O casal estava dentro de uma bolha mágica: não existia nenhum problema, nenhuma ex-namorada e nem um futuro incerto. Era Bruno e Monalisa, apenas de corpo e alma. Tinham deixado todos os pensamentos fora da bolha, ali dentro não existia nada que não fosse desejo, luxúria e paixão.

Todas aquelas sensações que passavam pelo corpo de Bruno eram completamente novas: o coração acelerado, a ponta dos dedos geladas, a mão suando, a vontade de amassar Monalisa o suficiente para colocá-la em um potinho de vidro e passar a vida inteira observando-a. Ele nunca tinha sentido nada daquilo, eram coisas completamente novas para ele. Estava acostumado com um beijo normal, com o prazer causado pelo toque, mas nada era tão maravilhoso como aquele beijo que estava trocando com a ruiva. Bruno se sentia como um adolescente sem experiência: não sabia se segurava na cintura dela ou na nuca, se poderia ou não descer os beijos para o pescoço. Queria morder levemente o lábio de Monalisa, mas ficou com medo de ela não gostar.

Estava uma completa bagunça, mas era uma bagunça boa, uma bagunça que valia a pena passar e que parecia perfeita por estar com a pessoa certa.

Monalisa, por mais inexperiente que fosse, sabia que aquele beijo tinha algo a mais. Aquelas sensações pelo corpo eram coisas totalmente desconhecidas, mas ela não podia negar que amava, que queria mais. A ruiva poderia contar nos dedos a quantidade de caras que causaram algum impacto amoroso em sua vida – nos dedos de uma mão, somente. Ela já tinha ficado com uma boa quantidade de homens, mas foram poucos os que fizeram com que sua mão suasse, seu coração disparasse (um, para ser mais exata, agora eram dois).

Um dos seus sonhos era conseguir ser independente e livre na parte amorosa de sua vida: queria poder sair à noite para alguma festa e ficar com cinco caras diferentes, se aventurar em novas descobertas e poder voltar para sua casa (ou, quem sabe, ir para a casa de um dos caras) e aproveitar o resto da noite. Mas Monalisa tinha um enorme bloqueio: primeiro porque não gostava de música eletrônica alta, e segundo porque odiava festas e tudo que tinha dentro de uma festa (muita gente – sempre mais que o permitido pela lei), gente bêbada empurrando gente semi-bêbadas ou sóbrias e homens que não sabem escutar um não de uma mulher.

A ruiva queria poder ir para uma festa aonde todos os caras entendiam de literatura, escutassem Mpb na maior altura e adorassem apreciar um bom chopp sem precisar beber dois litros, ficar bêbado e aí sim curtir o álcool. Mas isso era impossível, então Monalisa guardava suas poucas conquistas dentro do seu coração, já que todas foram resultado de um enorme e árduo trabalho.

Os dois tinham seus históricos conturbados com ex-namoradas e ficantes problemáticos, mas eles não se consideravam nem um pouco experientes nessa coisa de amor. Bruno tinha amado alguém, mas durante o namoro não sentira nem a metade de sensações que estava sentindo com um mero beijo em Monalisa. Já ela nunca tinha namorado, mas tinha se entregado de coração e alma para todas as paixonites (a ruiva tinha aquele mal de se iludir por qualquer gesto de carinho), e poderia dizer que nenhum beijo até aquele momento tinha feito com que ela se sentisse tão bem, tão completa.

Bruno tentou deixar a timidez e o medo de lado e desceu suas mãos para o início da bunda de Monalisa, tomando-a rapidamente colocando em cima de seu colo. Ela, inicialmente, adorou a ousadia e se encaixou da melhor maneira que conseguiu no colo dele, mas, depois que viu no que aquilo ia resultar, sentiu seu corpo inteiro tensionar. Bruno logo tirou a mão da bunda de Monalisa – ele queria algo mais, mas entendia perfeitamente o "pé atrás" que a ruiva tinha com ele, já que os dois se conheciam a pouquíssimo tempo. Ele preferia não ter nada a mais e continuar com aquele beijo maravilhoso do que assustar a ruiva e parar com tudo.