15. Você é meu diário

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Para uma pessoa que não repara em detalhes, Paula estava exatamente como sempre estivera. Mas Bruno não era esse tipo de pessoa. Ele reparava até o único fio de cabelo solto do rabo de cavalo, ele perceberia os erros daquela situação há mil metros de distância.

Sua ex-namorada, Paula, nunca estivera com aquela cara de cansaço. Ainda claras, mas presentes, ela ostentava olheiras abaixo dos olhos e os cabelos, sempre arrumados e parecidos com famosas que apareciam em revistas, estavam presos de maneira esquisita em um rabo de cavalo.

A morena, diferente da atual namorada de Bruno, sempre se vestia com roupas estilosas e caras, mas naquele momento ela estava apenas com uma calça jeans e uma blusa larga. A roupa mostrava que o corpo malhado de Paula tinha sido trocado por um normal. Ela não tinha mais aquele corpo de modelo vegana, mas sim algumas partes maiores que outras. A calça estava super apertada, dando a aparência de que estava bem desconfortável, e a blusa marcava uma barriga que há alguns meses atrás era inexistente.

Faziam quase dois meses do fim daquele namoro. Dois meses que Bruno encerrara uma parte da sua vida que não queria viver novamente. Agora ele estava feliz como nunca, e Paula não fazia parte disso.

Assim que ele abriu a boca para perguntar o que diabos ela estava fazendo ali: na porta da casa dele, no Rio de Janeiro, Paula não conseguiu segurar o choro. Se curvou toda, colocou ambas mãos no rosto e chorou como um bebê recém-nascido. Bruno ficou imóvel, sem saber o que tinha acontecido naqueles poucos segundos.

Seu lado altruísta começou a gritar dentro de seu corpo, e por mais que ele quisesse mandar Paula voltar para Brasília e esquecê-lo de uma vez por todas, bater a porta na cara dela, ele apenas a puxou pelo ombro para dentro de casa.

Paula sentou no sofá com muita vergonha de tudo aquilo que estava acontecendo, e com medo da reação que Paula tinha que dar. Se ela estava em completa negação com aquilo que estava acontecendo, não imaginava como ele reagiria.

- Eu sinto muito ... – ela sussurrava para ele. A mão limpando as milhares de lágrimas que saiam dos olhos de Paula (o suficiente para encher o balde).

- Shii.. – Ele fazia um carinho no ombro da ex-namorada, tentando acalma-la. Nunca tinha visto Paula tão destruída como naquele momento. – Nós iremos resolver o que tiver que resolver. Você só precisa ficar calma.

- Minha vida acabou, Bruno – ela falou assim que terminou de limpar as lágrimas.

Ele sentiu um nervosismo enorme tomar conta do seu corpo. Um arrepio subiu até o couro cabeludo e deixou o cabelo dele em pé. Não tinha a mínima ideia do que poderia ter a deixado tão chateada.

- Nós vamos resolver isso, Paula. Mas antes vamos comer alguma coisa – ele falou. Estava morrendo de fome já que seu pão, preparado com muita vontade, parara no chão após a surpresa de ver a ex em sua porta. Tudo se resolvia com comida, isso ele tinha certeza.

Eles foram para a cozinha. Paula com a cabeça baixa, mas reparando em todas as pequenas mudanças.

- Ela é bonita – Paula falou, segurando um porta-retrato que tinha uma foto de Bruno beijando a bochecha de Monalisa. A ruiva estava rindo para a câmera. Anajú captara aquele momento com extrema perfeição.

Ele se lembrava exatamente daquele dia. Tinha sido no começo do namoro. Eles passaram o dia na praia e quando estavam indo embora uma chuva (quase que uma tempestade) pegou os dois desprevenidos e os deixou encharcados, mas Monalisa dizia que aquela chuva tinha sido ótima para lavar a alma. E Bruno acreditava na namorada, ela tinha uma linha única de pensamento.

(Amar)eloOnde histórias criam vida. Descubra agora