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6 meses depois..

Depois da proposta de emprego que Bruno recebeu e de Monalisa ter aceitado seu pedido de dividir uma casinha tudo começou a dar certo no seu devido tempo. Eles começaram a pensar que todos os problemas que os impediram durante um tempo foram bons para crescimento pessoal e crescimento do relacionamento.

Monalisa aprendera coisas sobre si que jamais imaginou que saberia, descobriu problemas que não sabia que tinha e o melhor: aprendeu a passar por cima das pedras no caminho, de continuar seguindo em frente mesmo se algo não fosse do seu agrado. Passou a aceitar que tudo bem ela não poder engravidar, com certeza aquilo tinha acontecido para dar coisas e oportunidades melhores a ela e se fosse para ser ia acontecer. Uma coisa que ela sofria muito era de sofrimento antecipado. Algo ainda não tinha acontecido e ela já ficava pensando em milhões se soluções, as consequências e como sobreviveria aquilo.

Não, não dava certo ficar pensando em coisas que ainda não existem, em problemas que você nem sabe se irá existir. Não, ela aprendeu a viver o presente, as coisas boas que estavam acontecendo naquele momento. Bruno ao seu lado, sempre feliz e realizado e acompanhando a gravidez de perto (o máximo que chamadas de vídeo e longas conversas no whatsapp permitiam). Ela nunca imaginou, mas tratando seu psicológico aos poucos ela até criou uma amizade com Paula e nunca se imaginava sendo colega de uma ex-namorada do seu atual.

Bruno também estava em processo de crescimento pessoal. Se sentia mais realizado do que nunca ao poder ir para o trabalho todos os dias. O estágio em três meses virou emprego e ele, com muito entusiasmo, assumiu uma turma para crianças especiais. Ele tinha toda a calma do mundo e o carinho necessário para explicar cada dó, sol e como segurar o violão direito. Sempre soube que amava tocar violão, que ao pegar o instrumento se sentia em outro lugar. Era como se fosse um portal, ao tocá-lo você seria transferido automaticamente para o paraíso.

Estava aprendendo aos poucos como ser pai. Sua filha (sim, era uma menina – como se já não tivesse ficado anos cuidando das irmãs) podia nascer a qualquer momento e ele estava adorando aquela sensação. Aquele sentimento de ter o mundo inteiro bem nas suas mãos em forma de criança e de ter todo o amor possível no mundo bem ali, juntinho com ele. Estava curtindo tudo. Viajara para Brasília duas vezes com Monalisa para ir à consulta de Paula, esteve ao lado quando foi parabenizado por que seria pai de uma menininha. Esteve ao lado ada ex-namorada com sua ruiva junto quando Paula teve um sangramento antes da hora e achou que tinha perdido o bebê. Foram momentos cruciais para que ele percebesse que seria responsável por uma vida dali para frente.

Juntos eles viveram seis meses mágicos. Monalisa não perdera o emprego como estava pensando que perderia, mas foi muito elogiada pelo corpo docente da escola. Algumas professoras ficaram implorando por um namorado tão maravilhoso como o dela (todas as professoras tinham quase cinquenta anos, o que era completamente perturbador). Juntos, um ao lado do outro, eles escolheram um apartamento perfeito para os dois no Jardim Botânico (Mozart moraria por pouco tempo sozinho na antiga casa deles, porque tinha passado no vestibular para ciências políticas e pretendia morar nos apartamentos da faculdade).

Eles se divertiram nas lojas de móveis e amaram cada segundo passado dentro do quarto de Isabela. Eles pintaram as paredes de bege, compraram um berço cheio de detalhes fofinhos e vários quadros para pendurar nas paredes. Tudo era enfeitado, até a lixeira do quarto da Isabela era cheia de coisas fofas. Compraram uma cama de solteiro e colocaram em frente ao berço para as noites que Monalisa desejasse passar observando a criatura perfeita que seria Isabela. Mas, sem eles saberem estava servindo muito bem para as noites que Paula passava na casa deles.

Ela tinha tirado sua licença maternidade e aproveitado para ficar no Rio de Janeiro. Nem sabia como, mas Monalisa era a pessoa que mais importava para Paula. Mesmo sem querer cuidar do bebê (ela evitava pensar muito em nome, aparências e situações para não ter a mínima vontade de ter contato com ela, mesmo depois que Bruno e Monalisa deixaram claro que se ela quisesse podia sim ter contato com a criança já que eles seriam completamente honestos quando ela crescesse) Paula queria saber que a pessoa que cuidaria da criança era realmente uma boa pessoa – ou uma pessoa melhor que ela já estava valendo. E Monalisa era. Ela se importava com o bem-estar de Paula a todo minuto mandando mensagens e fazendo ligações para saber se estava tudo bem.

(Amar)eloOnde histórias criam vida. Descubra agora