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É incrível como a vida pode se transformar de maneiras mágicas e espontâneas. Mudanças ocorrem a todo instante, mesmo que você seja muito adepto a rotinas, uma hora ou outra, contra a sua vontade, sua vida vai ser mudada. Você pode chorar, pedir para continuar naquele mesmo padrão, mas a mudança ocorre até sem que você percebe. Depois de muitos dias de Sol, vem a chuva. Depois de meses assistindo a mesma novela, ela acaba (ou seriado). Após anos alugando um apartamento, o dono pede para que você se mude. Não adianta, a mudança acontece involuntariamente.

Se perguntassem para Bruno, quando criança, o que ele queria ser quando crescer, talvez ele teria a mesma resposta do Bruno adulto: não sei. Se perguntassem aonde ele estaria dali há dez, quinze anos, ele provavelmente diria que em Brasília, tocando em uma banda ou se virando por aí. Mas agora, o Bruno aos 26 anos de idade não poderia responder de maneira mais diferente. Ele nunca se imaginou como pai, sempre quis cuidar de uma vida, ter um amor incondicional, mas não se via naquela situação. Sem dúvida alguma, o antigo Bruno responderia e declararia seu eterno amor por Paula, porque mesmo com todas as discórdias, ele tinha certeza que ela era o amor da sua vida.

Moraria em Brasília a sua vida inteira, depois de anos namorando e dividindo sua vida com ela, em uma conversa no café da manhã, eles decidiriam que estava na hora de casar. Financiariam um apartamento dois quartos e comprariam um cachorro, ou um gato. Depois de uns três anos juntos, eles começariam a pensar em ter filhos – e isso se a Paula Antiga quisesse ter um bebê em algum momento. Envelheceriam juntos e morreriam de "morte morrida".

Era assim que ele se imagina há alguns anos atrás. Não sabia se essa era a vida que ele realmente queria naquela época, mas era a vida que ele teria se não tivesse conhecido Monalisa. Provavelmente Bruno não seria nem um pouco feliz como ele era agora, mas naquela época aquilo parecia o melhor futuro do mundo. Lógico que quando ele experimentou coisas melhores, percebeu que o que teria não era nem um pouco maravilhoso. Nada se compararia ao que estava vivendo naquele momento, com a loirinha bochechuda que ele mais amava no mundo e a ruiva que mudara sua vida inteira.

Para Monalisa, a mesma coisa. Ela estava feliz com a vida que levava. Ajudava seus pais sempre que podia, viajando para a cidade deles pelo menos a cada quinze dias. Almoçava comida da rua sempre com seu irmão, trabalhava na escola que sempre sonhara e podia ter certeza que ela estava feliz. Sentia falta de uma pessoa que ainda não existia, de uma amiga para poder desabafar, ou um alguém para dar boa noite na hora de dormir. Para passar a noite com ela quando assistiam filme de terror e acordá-la com um café da manhã de princesa.

Ela sentia falta de coisas que ainda não tinha nem vivido, mas via nos filmes, via pela rua os casais andando de mãos dadas e via até nas garotas que seu irmão levava para casa (menos Anajú, porque quando eles começaram a se envolver Mozart mudou da água para o vinho).

Quando os dois se conheceram, Bruno e Monalisa, não sabiam que a vida que estava tendo não era a que eles queriam. Não sabiam que aquelas pessoas mudariam a vida um do outro, não sabiam que eles seriam tão felizes e completos.

Acompanhar o crescimento de Isabela foi algo que mexeu tanto com eles. Bruno viu o exato momento que ela nascera. Passar por todas as fases com ela era algo completamente novo: o primeiro dente (e depois o primeiro dente que caiu e eles tentando fazer uma fada do dente, mas Isabela não conseguia dormir porque queria ver a tal fada chegando), leva-la para a escolinha aos dois anos e a vendo chorar porque estavam "abandonando-a" – depois ela ficara tão animada com aquele momento que mal se despedia dos pais.

A parte mais dolorosa para Bruno foi aos 7 anos, quando e filha teve uma crise de bronquite asmática e acordou sem conseguir respirar. Ela não conseguia gritar, falar e chamar pelos pais, teve que quebrar o abajur que ficava ao lado da cama e seu cofre de porquinho para ver se eles acordavam. Quando Monalisa e Bruno chegaram no quarto a filha já estava com o rosto roxo meio esverdeado e durante o caminho ela desmaiara sentada no colo da ruiva. Nunca sentiu tanto desespero, nenhum dos dois. Bruno levara quase sete multas naquela madrugada, mas tinha valido a pena já que chegaram rapidamente ao hospital e por um milagre ela fora atendida rapidamente.

Monalisa e Bruno descobriram o mundo juntos, o mundo em forma de uma criança. Choraram juntos quando viram sua filha passando mal (e até hoje, ao se lembrarem da imagem do rosto roxo sentiam um aperto enorme no coração). Riram juntos quando encontraram o primeiro fio de cabeço branco entre aquele mar de fios vermelhos de Monalisa – e riram mais ainda quando, com uma ideia louca, ela decidira pintar a raiz e acabou ficando com vários tons de vermelho. Choraram com cada apresentação de final de ano que Bruno apresentava no seu trabalho com as crianças especiais – e choraram mais ainda quando foi a vez de Isabela cantar na apresentação do dia da família.

Juntos, Bruno e Monalisa encontraram um no outro a felicidade. Se sentiram completo até envelhecerem.

Se perguntarem hoje o que Bruno diria sobre sua vida ele ficaria mais uma vez sem palavras. Não existe adjetivos que definam tão maravilhosamente boa fora sua vida ao lado das mulheres que mais ama no mundo inteiro. Gostaria de ter visto seus pais conhecerem a garota que fez com que ele fosse feliz de verdade, a neta que ele tinha certeza que os pais mimariam até o fim dos tempos. Mas sabia que eles não estavam de corpo presente naqueles momentos de descobertas, mas eram os anjos da guarda de Isabela e dele.

Se perguntarem hoje o que Monalisa diria sobre sua vida seria capaz de ela sentar no chão da sala do apartamento, pegar seu notebook e começar a escrever as mil maravilhas que ela passou no decorrer dos anos.

Eles eram completamente diferentes um do outro, mas acharam o caminho para a felicidade quando comemoraram o primeiro mês junto, o primeiro aniversário da filha e até quando ela decidira seguir sua vida em outra cidade.

Juntos, Bruno e Monalisa, conheceram o amor e a palavra "cumplicidade" de mãos dadas. Caminhando até o pôr-do-Sol.

Gente, estou muito feliz com esse capítulo! Esperam que tenham gostado, já que ele é o último

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Gente, estou muito feliz com esse capítulo! Esperam que tenham gostado, já que ele é o último.

Mais tarde posto o epílogo e vamos chorar juntos no texto de agradecimento, certo?

Amo vocês, queridos leitores! De verdade verdadeira.

(Amar)eloOnde histórias criam vida. Descubra agora