Mesmo estando completamente apaixonada por Phillip, tentando enganar a mim mesma que ele não era nada do que a cidade inteira dizia, fiquei com aquelas palavras venenosas de Willys na cabeça, a curiosidade me corroía, eu realmente queria saber o que encontraria no tal "covil". Passei dias pensando numa maneira de convencê-lo a me deixar ir lá, esperando que ele me convidasse a ir, mas a resposta era sempre o categórico: Não! Mais de uma vez tentei tocar no assunto, mas ele sempre abafava minha fala com um beijo caloroso e dizia que lá não era lugar pra mim, não toquei mais no assunto desde então. Mas aquilo ainda martelava na minha cabeça. Foi numa terça a noite e marcamos de nos encontrar, ele uma hora antes enviou uma mensagem dizendo que não poderia ir, foi então que decidi que iria ao galpão.
Convidei minha fiel escudeira:
-Agora sim tenho certeza que você ficou completamente maluca, você quer ir lá, na toca dos lobos? Ou melhor, cair diretamente nos dentes dos tubarões? Ainda nem me formei Annie, não quero morrer tão jovem.
-Deixa de ser boba Doty, vamos logo, você não pode me deixar sozinha nessa.
-É, eu sei, você é meu carma eterno e que Deus nos proteja.
Assim que caiu a noite nos encaminhamos até o galpão, estacionei o carro a uma distância segura e observei por uns minutos a movimentação, ninguém entrava ou saía. Doty estava nervosa:
-Tem certeza que quer ir lá? Você confia piamente no Phillip?
-Se você não quiser ir, eu vou só.
Ela revirou os olhos e respirou fundo:
-Vamos de uma vez, antes que eu me arrependa.
O acesso era um pouco difícil, a única entrada que encontramos era uma brecha por uma grade cortada. Doty soltou alguns palavrões quando um pedaço da saia dela ficou pendurado no arame. Havia um caminho de terra que levava até a porta, e ao redor o capim crescia alto, muitas garrafas vazias pelo chão, entulhos por toda a parte e algumas carcaças de carros.
A grande porta frontal parecia fechada há muito tempo, havia uma porta menor na lateral direita com uma placa que dizia: Mantenha distância, ela estava entreaberta, empurrei e entramos. Doty sempre bem colada atrás de mim.
O galpão era bem iluminado e bem grande, havia algumas salas ao fundo e as paredes eram completamente pixadas.
Assim que entrei, os rapazes que jogavam sinuca pararam imediatamente, um cutucando o outro enquanto um deles veio na minha direção. Já o vi com Phillip antes, um loiro de olhos verdes, também muito bonito. Ethan é o nome dele; me lançou um olhar avaliativo e falou muito desconfiado, enquanto me rodeava e segurava uma mecha do meu cabelo entre os dedos:
- Opa, opa, acho que você errou de endereço, o SPA não é aqui não, princesinha.
Outro rapaz, chamado Niall grita lá da mesa:
- Mas se você quiser podemos improvisar um. Eu faço uma massagem bem gostosa.
Logo foi cutucado por Adrian que o repreendeu:
-Você pirou? Se o Kuopus te ouvir, vai enfiar esse taco no seu traseiro.
Todos eles gargalharam e Ethan agora passava a mão pelo braço de Doty que mais parecia uma estátua.
- O que é que vocês querem aqui? Não vai me dizer que vieram atrás dos nossos produtos?
Imaginei que ele falava de drogas.
-Não, eu só vim falar com Phillip, ele está aqui?
Tinha medo na minha voz. Doty apertou o meu braço e se encostou mais ainda em mim, o rapaz levantou uma sobrancelha e torceu a boca.
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Mar de tubarões
Romance"Ela não sabia nadar, mas saiu da água domando as feras do mar." Annie Snows é uma jovem de dezenove anos moradora de Rogers, uma pequena cidade pacata do Arkansas, EUA. Seus pais são um dos casais mais influentes e ricos do local, mas nada parece...