Capítulo 17

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 Phillip

Nem em todas as vezes que tive uma arma apontada pra minha cabeça, ou quando fui espancado quase até a morte, ou ainda quando fui atacado no presídio e mais um monte de coisas que me deixaram de frente com a morte, não senti tanto medo como senti de perder a Annie. Ver os olhos dela se fechando pra mim foi o extremo do desespero. Imaginar que perderia a mulher que amo e meu filho no dia do meu casamento me fez pensar que eu preferia ser um gato pra morrer umas sete vezes. Ainda por cima saber que ela se sacrificou por mim, eu preferiria ser um alvo imóvel de um franco atirador. Nunca me senti tão impotente e tão inútil, mas agora vai ficar tudo bem. Meu corpo estremeceu inteiro ao vê-la nessa situação, parece que está morta, tão pálida e suas mãos estão frias.

Segurei a mão dela, enquanto com a outra acariciava seu ventre, minha semente está aí, meu filho, nosso filho. Falei com ele, acariciando a barriga:

-Como você é forte, é realmente um Kuopus, já está me enchendo de orgulho.

Minha esposa linda, beijo de leve seus lábios, é um pedido para ela despertar.

- Ei, menina destemida, eu estou aqui, preciso de você.

Ela apertou levemente a minha mão, meu coração se encheu de alegria, suas pálpebras começaram a tremer rapidamente, ela vai acordar. Ela abriu os olhos com dificuldade, eles "reclamaram" da luminosidade do quarto, me fitaram e ela disse meu nome com uma voz muito fraca e apertou mais forte minha mão, sorri largamente e passei a mão nos cabelos dela.

-Eu estou aqui meu amor, estou aqui.

Sua mão lentamente toca meu rosto e seu rosto se ilumina com um sorriso tímido. Que alívio que estou sentindo, não me assuste nunca mais e já chega vida de foder comigo, eu juro que aprendi a lição.

Ela fica uns segundos apenas olhando pra mim e de repente seu olhar se enche de desespero:

- O bebê? Ele...

Não deixei que ela terminasse de falar, toquei em sua barriga:

-É nossa semente, é forte como nós.

Ela sorriu aliviada, mas de repente sua feição mudou de novo, acho que lembrou de tudo que aconteceu e era exatamente o que eu temia, ela perguntou por Alex. Por uns minutos eu havia esquecido dessa parte terrível do dia. Não havia nada que eu pudesse dizer.

Apenas baixei a cabeça e ela entendeu e chorou inconsolável, a abracei forte e uma lágrima também escapou dos meus olhos, eu sabia que ela se sentia culpada por Alex, assim como eu. Aquele momento era uma mistura de alívio e tristeza, finalmente ficaríamos juntos, sem ter mais que nos esconder, e eu seria pai, mas lembrar de Alex me fez pensar que nossa felicidade havia sido conquistada à custa do sofrimento de pessoas que nós amávamos, meu pensamento foi remetido à Sally. Nosso amor havia destruído vidas, e pior, de pessoas que só fizeram o bem para nós.

Foi um conflito interno, mas guardei tudo pra mim, tenho certeza que Annie já está sofrendo o suficiente. Beijei minha mulher, senti o salgado das suas lágrimas e a confortei. Lembrei que a mãe dela aguardava do lado de fora e com certeza estava ansiosa pra vê-la, ainda que eu não suporte essa mulher, ela tem o direito de vê-la.

- Sua mãe está aí fora, você gostaria de vê-la?

Ela pensou por um momento e assentiu, mas eu não vou sair daqui, não vou deixar ela sozinha com Annie de maneira alguma. Não confio nela. Me dirigi à porta, ela estava sentada no sofá, as mãos no rosto. Falei secamente:

Mar de tubarõesOnde histórias criam vida. Descubra agora