Agora não havia mais como controlar o desejo que sentíamos de estar juntos. Da mesma forma que no dia anterior, nos encontramos na lanchonete, mas dessa vez fomos para o galpão.
Os meninos jogavam baralho animadamente, soltando alguns vários palavrões, pararam de fazer o que estavam fazendo para olhar abismados e cutucando um ao outro, sem entender o que estava acontecendo. Atravessamos o galpão de mãos dadas, Phillip falando secamente:
-Não quero nenhum comentário, nenhuma gracinha, e para todos os efeitos não estamos aqui. Ok? Se puderem cair fora, melhor.
-Beleza chefinho. Estamos de saída.
A forma como eles acatavam todas as ordens de Phillip como se ele ainda fosse o chefe me deixou incomodada. Cheguei a duvidar por um segundo se ele tinha realmente abandonado as "operações" como havia dito. Espantei o pensamento, não queria saber de nada disso no momento, mas ficaria de olho.
Ficamos na cama durante toda a manhã até ficarmos exaustos a ponto de eu esquecer de colocar o celular para despertar.
-Me responde uma coisa? – Falei com a respiração ainda pesada.
-Hum, pode perguntar... -Ele levantou uma sobrancelha.
-Quantas garotas você já trouxe pra cá?
-Algumas, mas por que isso agora?
-Só queria saber... – disse, me arrumando delicadamente mais perto dele e o abraçando.
-Esquece isso, ok? A única pessoa que realmente importa está aqui comigo agora. Minha vez de perguntar. E aquele covarde?
-O que tem ele?
-Rolou algo entre vocês? Vocês ficaram? Ou algo do tipo? - Levantei a cabeça e passei a mão em seu peito.
-Nos beijamos uma vez, mas foi a sensação mais estranha que já tive, senti que beijava meu irmão.
-Como é que é? Você beijou aquele fracassado? Eu não acredito que você fez isso! Eu tinha esperanças que você dissesse: Claro que não Phillip, eu jamais o beijaria. Eu vou quebrar a cara daquele desgraçado.
-Não seja bobo, nós tínhamos 15 anos. Depois disso, o que você viu na lanchonete foi apenas uma investida dele. Você não é um ciumento paranoico, não é?
A resposta dele foi o silêncio, lembrei da noite do bar e de como ele falou que aquilo aconteceria sempre que alguém tocasse em mim, surgiu uma ponta de preocupação, melhor não contar sobre o beijo que Will me roubou na festa da Doty.
-Você não imagina o quanto fiquei louco, minha vontade era de arrastar aquele moleque pra fora e bater nele até ele desmaiar, mas pensei melhor, sabia que você ia me odiar e se eu não pudesse controlar a raiva podia chegar a...
-Para, não termina essa frase, ainda bem mesmo que você não fez isso, eu realmente te odiaria. Jamais teria e nem terei nada com ele, fique bem ciente disso.
-Bom, esquece isso, que tal tirarmos um cochilo antes de você ir?
Me aconcheguei em seus braços novamente e fechei os olhos torcendo pra que ninguém nunca tocasse em mim, pois corria o sério risco de ser devorado pelo tubarão. Eu esperava não ter que passar mais situações como a daquela noite no bar.
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Mar de tubarões
Romance"Ela não sabia nadar, mas saiu da água domando as feras do mar." Annie Snows é uma jovem de dezenove anos moradora de Rogers, uma pequena cidade pacata do Arkansas, EUA. Seus pais são um dos casais mais influentes e ricos do local, mas nada parece...