As três ferramentas do capitão

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Um velho capitão estava para se aposentar. Já tinha navegado pelos mares e explorado todos os continentes do planeta. Sua saúde estava frágil e precisava treinar um de seus homens para ficar no seu lugar. Ele escolheu um de seus melhores marinheiros. O jovem tinha postura e atitude de líder, porém a sua ousadia em excesso podia ser um empecilho para ele assumir o controle do navio.

O marinheiro era conhecido por suas aventuras em terra, onde bebia muito rum e caía na graça das mulheres. Preocupado com a falta de direção do jovem, antes de passar o comando para ele, o capitão chamou-o para uma última conversa.

— Pronto para assumir o navio, garoto?

— Pode ter certeza que sim, capitão!

— Ok. Mas eu conheço a sua fama quando estamos em terra. E por isso vou lhe dar uma última lição. Está pronto?

— Estou ouvindo, capitão.

— Você sabe o que é uma âncora?

— É claro que sei, oras! É para atracarmos o barco e ele não ser levado pelo mar.

— Pois bem. Agora você terá muitas responsabilidades e portanto imagine que precisará de uma âncora, de um leme e de uma bússola fora do navio, em sua vida.

O marinheiro fitava o rosto do capitão com as duas sobrancelhas erguidas.

— Como assim, capitão?

O capitão continuou:

— Primeiro: a nossa mente inconsciente e nossas emoções são como o mar. Se você se deixar levar por impulsos inconscientes, pode perder o barco, que é a sua vida. Portanto lembre-se da âncora. Quando encontrar o litoral, se esforce para não deixar ser levado pelas suas emoções descontroladas.

— Segundo: o barco é a sua vida, e você precisa da bússola e do leme. A bússola é para você saber em que direção quer ir. Em sua vida, o que você quer explorar de novo? O que você quer conquistar? Após responder essas questões, use o leme e assim você vai se direcionar para aonde quer ir e não fica à deriva. Direcione no sentido que vai te levar às suas conquistas, e não contra elas.

— E por último: lembre-se que a sabedoria do capitão não está em possuir essas ferramentas, mas sim em saber usá-las na hora certa e do jeito certo. Essa é a sabedoria de quem sabe conduzir pelo mar.

O marinheiro balançou um pouco o corpo, mesmo sem estar embriagado. Ele desejava muito assumir o barco, assim como sentiu que deveria assumir o comando da própria vida.

Ele se virou para o mar e observou as ondas que vinham e iam com muita força e foi quando percebeu que nenhuma embarcação poderia ficar sem direção e sem comando. Pois assim muitas vidas poderiam se perder no mar, assim como muitas vidas passaram por ele em seus momentos de descontrole. A partir de então, ele aprendeu a comandar sobre as águas, e não mais a se afundar na imensidão de suas emoções inconscientes. E muitas vidas foram poupadas.

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