Há muito tempo, existiu uma antiga tribo no oeste da África. A vida lá era dura e todos tinham que trabalhar muito para sobreviver e manter a ordem. As mulheres tinham que andar quilômetros para buscar água todos os dias. Os homens saiam em longas caçadas e as crianças teciam com os anciões.
Apesar de todos se dedicarem muito, havia um rapaz que não gostava de trabalhar. Ele dormia muito e na hora do trabalho dava um jeito de escapar para ficar à toa. Sua mãe, que já estava incomodada com a postura do garoto, certo dia decidiu conversar com o filho sobre a sua falta de dedicação nas tarefas diárias da tribo:
— Filho, por que você não ajuda trabalhando um pouco? Você é jovem e forte. Poderia fazer muitas coisas por aqui, sabia?
O garoto não moveu um só dedo e respondeu a mãe:
— Desculpa, mãe. Às vezes até tenho vontade de trabalhar, mas eu trabalho um dia, dois e depois fico enjoado do que faço. É tudo muito repetitivo e eu não vejo que isso ajude muita coisa. Por mais que eu tente, não consigo ter disciplina.
— Pois bem! Você aprenderá!
A mãe do rapaz saiu determinada a mudar a atitude de seu filho. Quando os homens voltaram da caça, ela foi de encontro com o caçador mais experiente e pediu para ele ensinar seu filho a ter disciplina.
No dia seguinte, logo pela manhã, a mãe pediu ao filho que conversasse com o respeitado caçador.
— Olá. Minha mãe pediu para que eu viesse vê-lo.
O caçador saudou o jovem, virou-se e pegou algo em um saco e segurou em uma das mãos.
— Oi, garoto! Sua mãe disse que você não tem disciplina para o trabalho. Por que você não consegue trabalhar como os outros?
— Eu até gosto de trabalhar. De verdade! Mas tudo me parece inútil. O trabalho apenas se repete dia após dia, e não consigo ver resultados. Por que fazer tudo repetidamente se não acontece nada?
O caçador balançou levemente a cabeça.
— Vou te perguntar uma coisa: quanto tempo demora para crescer uma árvore?
O garoto pensou um pouco e ficou meio desconfiado, mas respondeu:
— Deve ser muito tempo. Desde que nasci, as árvores aqui perto já eram grandes, e muitos anos depois continuam da mesma forma.
— Mas elas já nasceram grandes?
— Acho que não né!
O homem estendeu a palma de sua mão para o garoto e nela havia algumas sementes. Então disse:
— Aqui em nossa terra, tudo é muito seco. As plantas são raras, e quase não temos frutos. Por isso temos que ir longe para conseguir comida. Assim cada árvore a nossa volta é muito importante para a nossa sobrevivência. Pegue essas sementes! São poucas, mas muito especiais. São as únicas que temos aqui, pois foi preciso ir muito longe para consegui-las.
O rapaz pegou as sementes e ficou observando cada uma delas. Então o caçador continuou:
— Vou lhe ensinar a ter disciplina agora. Pegue cada uma dessas sementes e plante perto de nossa aldeia. Elas devem ser regadas todos os dias para não morrerem. E você não pode deixar que ninguém pise nelas ou destrua-as por acidente. Cada árvore que nascer é uma vida que deve ser cuidada. E em nossas terras cada planta deve ser valorizada, pois dependemos delas para sobreviver também. Você não verá resultados rápidos, pois as árvores, assim como o trabalho, não cresce e dá frutos da noite para o dia. Serão necessários anos de dedicação e cuidado para podermos desfrutar de sua sombra e seus frutos. Quando faltar caça, dependeremos das frutas dessa árvore para comer. Eu lhe dou essa responsabilidade. Entendeu?
O jovem sentiu a pressão da responsabilidade que o caçador lhe dera e ficou tenso. Mas acenou com a cabeça para mostrar que tinha aceitado a tarefa.
Muitos anos se passaram e a seca continuo. Mas uma coisa havia mudado na tribo. Os homens quando voltavam da caça agora podiam desfrutar de doces tâmaras. Graças a algumas árvores que um jovem cultivou durante muito tempo e que deram muitos frutos.
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Em busca da essência
EspiritualUma compilação de 30 histórias curtas, em formato de parábolas, que trazem reflexões sobre a vida e sobre a espiritualidade, independente de qual religião você siga.