Há cerca de três mil anos, um povo que habitava o velho continente comemorava seu ano novo no dia dos mortos. Neste dia eles honravam seus ancestrais e celebravam um novo ciclo.
Em uma dessas comemorações, uma menina que estava por volta dos seus dez anos de idade conversava com sua tia preferida que era uma grande bruxa.
— Tia, por que o s mortos voltam nesse dia para conversar com a gente?
— Para nos mostrar que há mais vida na morte do que imaginamos. - disse a Bruxa.
A garota franziu os olhos, e ainda não tinha entendido.
— Mas vida e morte não são coisas tão diferentes, tia?
— Na verdade elas se completam. Onde uma começa a outra termina, em um eterno ciclo.
— Eu entendo... Mas se há vida na morte, porque quando alguém morre algumas pessoas ficam sérias e parecem tristes?
Os olhos da bruxa pareciam ter lágrimas.
— É porque sentimos falta daqueles que amamos. Mas não ache que isso é o fim da jornada, minha pequena. Apesar de sentirmos tristeza pela partida deles, devemos reconhecer a morte como algo tão divino e gracioso quanto é à vida. Ela traz fim ao que deve se tornar algo novo.
A menina ia falar algo, mas a bruxa continuou a explicação:
— Assim como os restos de uma planta morta servem para tornar a terra rica e novas plantas possam nascer, as pessoas também morrem para que possam renascer em uma nova forma. Esse ciclo funciona para tudo. Pensamentos, trabalhos, e até mesmo a ligação que temos com outras pessoas devem um dia morrer para renascer e continuar o ciclo da eterna evolução.
— Que bom, tia! Agora entendo porque temos festa hoje! Vamos celebrar a morte! Ebaaa!
A velha ri alto.
— Vamos celebrar a morte! Pois sabemos que o fim de uma jornada é apenas o começo de algo muito maior.
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Em busca da essência
EspiritualUma compilação de 30 histórias curtas, em formato de parábolas, que trazem reflexões sobre a vida e sobre a espiritualidade, independente de qual religião você siga.