Em um país no sul da Ásia acontecia há anos uma grande guerra. Famílias foram separadas, casas foram destruídas e a violência era presente em todos os lugares. O povo daquela região não tinha mais esperanças de que pudessem encontrar a paz e a beleza que há tanto tempo não se via por ali.
Em um vilarejo na zona rural, os moradores se reuniam para se organizarem na distribuição da escassa comida que tinham e dos itens básicos para a sobrevivência.
Um senhor de cabelos e barba branca se levanta mais uma vez para passar as notícias da guerra:
— Mais um mês se passa e nada melhorou. O exército rebelde está fraco, mas não vai parar os ataques contra o governo. E o ministro-chefe já anunciou que os racionamentos continuarão enquanto não conseguirem liberar as estradas para o transporte de suprimentos.
Muitos voltaram seus olhos para o chão e algumas reclamações eram sussurradas.
O jovem escultor da cidade não aguentava mais a situação e, limpando as lágrimas de seu rosto, levantou para falar:
— Não aguento mais viver nesse país! Minha arte foi destruída! O trabalho de toda a minha vida foi destruído e nada me sobrou, nem mesmo o que comer. Como posso ter forças para continuar fazendo o que amo se tudo está sendo destruído?
O ancião que organizava a reunião olhou para o jovem, mas não falou nada. Alguns falavam "não temos esperança". Foi quando um homem magro, com as rugas marcadas em seu rosto, mas com os olhos ainda brilhantes, se levantou:
— Alguns de vocês já me conhecem, sou o jardineiro dessa vila e tenho que discordar de vocês. Ainda há esperança! A guerra não é o fim de tudo!
Uma pessoa se manifestou:
— O que alguém que cuida de plantas sabe sobre a guerra?
— Muito se pode aprender com as plantas. Mais do que vocês imaginam. O que digo para vocês é: sejam como uma Flor de Lótus! — disse o jardineiro.
O ancião levantou a cabeça e o encarou:
— O que quer dizer com isso?
— Olhem para a beleza de uma flor de lótus. Como vocês acham que ela cresceu e ficou tão bela assim? Ela cresceu no lodo, na lama! E apesar de toda a sujeira em volta de suas raízes, ela se ergue firme em direção ao nascer do Sol e mostra a sua beleza ao mundo. Sua flor fica acima da água buscando a luz do sol. Por isso digo a vocês: sejam como a Flor de Lótus! Apesar de toda sujeira que estamos vivendo em nosso país, toda a lama em que estamos afundados, vamos nos erguer acima disso e mostrar a nossa beleza. Não vamos deixar que a guerra abale o nosso valor. Vamos continuar a fazer o que amamos, vamos continuar a fazer a nossa arte e o nosso trabalho. Todos ainda podemos crescer em meio ao lodo e sermos como uma flor, como a mais sagrada flor do Oriente.
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Em busca da essência
SpiritualUma compilação de 30 histórias curtas, em formato de parábolas, que trazem reflexões sobre a vida e sobre a espiritualidade, independente de qual religião você siga.