Capítulo 43 - Dois meses depois

18 6 0
                                    

A chuva marcava o dia, impedindo do sol brilhar. Para Alan, ele achou perfeito. Ele não considerava justo o sol brilhar depois de tudo o que aconteceu. Fazia dois meses que ele não via sua família ou seus amigos. Fazia dois meses que ele havia se afastado de todos. Naquele dia, ele resolvera ver uma velha amiga.

O cemitério estava vazio, como sempre acontecia em dias de chuva. Fileiras e mais fileiras de lápides cobriam o local até onde os olhos podiam enxergar, com árvores cortando em algumas vezes as fileiras de lápides. O barro estava tomando conta do local, sujando a roupa de Alan.

Alan havia ido com um sobretudo preto sobre uma camisa branca e calça preta. Os sapatos, antes pretos, agora se misturavam ao marrom do barro. Ele não quis um guarda chuva. Não precisava. Ele chegou na lápide que queria e viu alguém com um sobretudo preto também, segurando um guarda chuva preto.

-Ela sempre gostou dos campos - disse a voz de Lucas em frente à lápide de Danielle - quando estamos fugindo, ela sempre dizia que queria um dia morar em campo aberto - Alan nessa altura apenas escutava - por isso enterrar ela aqui em Long Island.

Lucas se virou para Alan.

-Você não deveria estar aqui!

-Você quer mesmo brigar aqui?

Lucas não respondeu. Ele apenas estava parado em frente, em pé, olhando para a lápide. Ele havia trazido flores, e havia chorado.

-Esse local não é para você, Alan!

-Eu tenho tanto direito quanto você de vir aqui!

-Você perdeu o direito quando resolveu se voltar contra seu povo é apoiar os humanos!

-Eu não me voltei contra meu povo!

Lucas não respondeu. Então Alan continuou.

-Você quer mesmo guiar nosso povo em uma guerra contra os humanos?

-Os humanos começaram a guerra, e eu vou termina-la!

-Desista disso Lucas! Não te levará a nada! Esqueça a vingança!

Lucas agora sorriu.

-Acha mesmo que isso é por vingança? Vingança é apenas a menor parte dos motivos! - Lucas agora olhava fixo para o céu - eu sofri em uma semana o que ninguém merece sofrer! Vê aquela lápide? - Lucas apontou para uma lápide a direita da lápide de Danielle - era uma moça de 13 anos! Prometi a ela que tudo ficaria bem! Ela morreu com um tiro na cabeça! Vê aquela outra? - ele apontou para a lápide a esquerda da de Danielle - era um senhor que não soube responder aonde estava Ian! Morreu do mesmo jeito! - Lucas agora olhou para Alan - isso não é somente por Danielle, isso é por todos os descendentes que morreram de formas horríveis, todos os que sofreram! Agora é nossa vez de dominar o mundo, de trazer justiça para nosso povo! Te peço mais uma vez Alan : junte-se a mim!

-E trazer a morte de milhões de inocentes? - questionou Alan.

-ELES NÃO SÃO INOCENTES! - Vociferou Lucas.

-Como não? Alguém de Las Vegas nos atacou? Invadiram a Terra dos Refugiados? Invadiram a Central?

-Isso não importa! Humanos são preconceituosos, odeiam a todos os que são diferentes! Eles irão nos perseguir e nos matar, apenas porque podem! Eles agem assim porque eles são humanos! Eu iniciarei essa guerra definitiva, e acabarei com todos os humanos! Criarei um mundo justo para todos os descendentes!

Alan não queria acreditar naquelas palavras. Ele não queria acreditar em Lucas.

-Eu te impedirei!

-Você irá tentar, e falhará!

Lucas se virou indo embora, e então Alan viu os outros descendentes que sempre acompanhavam Lucas. Lucas apenas se envolveu em chamas e ascendeu ao céu.

Alan olhou novamente para o túmulo de Danielle. "Tenho que impedir Lucas! Tenho que salva-lo! Por você!", pensava Alan consigo mesmo. E então ele tomou uma decisão. Ele se envolveu em chamas e voou até o centro de Nova York. "Isso será por você Danielle! Isso será por todos os descendentes e todos os humanos inocentes! Isso será para nos unir".

Alan parou em frente à uma delegacia no centro. O fato dele ter chegado voando envolto em chamas atraiu a atenção que ele queria. Dezenas pessoas pararam em volta de Alan, para assistir o desenrolar da história. E então saíram os policiais. Pelo menos 12, todos armados, apontando para Alan.

-Parado! Mãos para o alto! - disse um deles.

Alan fez o que foi pedido. Colocou as mãos na cabeça e já se ajoelhou antes de pedirem.

-Não se preocupem! Vim me entregar!

Descendentes - O Último Descendente Onde histórias criam vida. Descubra agora