3.3. O que afugenta o Sr. Pundonor.

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Como se viu, quem se deixa tocar e entra em sintonia com o Sr. Pundonor, perde a sua condição de humanidade e se infla como um balão. E o mais interessante é que a camisa que o reveste, a saber, a vaidade, fornece-lhe cada vez mais gás, tornando-o inchado de si mesmo.

Assim, o que causa horror em alguém que esteja nesta condição é pedir-lhe que "esvazie-se". É quase certo que isso cause pânico, tremor ou descrença, porque lhe seria como se tivesse pedido que abandonasse tudo o que considera vital para si em favor de... nada. Sim, porque esvaziar-se seria como jogar suas posses, seus invólucros, suas capas e revelar-se a si para aqueles que lhe cercam.

A vaidade necessita de espelhos, mas não o que revela o que se é, mas aquele que lhe devolve a imagem que se tem de si. Quando visão e imagem não correspondem, o problema para a vaidade nunca está na imagem e sim na visão de quem a vê de forma menor do que se julga.

Quando, porém, se inicia o processo de abandonar esses escudos e as visões aureoladas de si, vai-se percebendo o quão humano se é e que não é tão diferente daqueles que eram tomados como menores e rudes. Em verdade, o que a vaidade faz é esconder em si as falhas e apontar as dos demais. Esvaziando-se do supérfluo, fica-se com o essencial: o que se é.

Para saber o que se é, tem de fazer um esforço danado para deixar as imagens que foi criando de si e reconhecer-se, em suas grandezas e finitudes; saber das possibilidades e dos limites – mesmo que às duras penas. E como fazer isso? Conhecendo-se!

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E sobre você: você se conhece? Quais são os escudos que você mais usa? É fácil abandoná-los?


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