Prólogo
Juntado as evidências obtidas, concluiu que o cenário estava literalmente, tornando-se entediante para a sua intelectualidade incontestável. Os discursos articulados, superficialmente fundados, estavam suspeitos de algum preconceito com a evolução mundial.
O passado, que o tempo engoliu há séculos antes do cristianismo, quando olhado por cima do ombro, consegue-se destacar a beleza que a vida padrão levava, a boa educação entre os homens, costumes de cortesia, feitos de maestria e mar de gentilezas. Entretanto ao observar-se minuciosamente, as saliências das guerras, os atritos entre nações, se revela o reflexo de nossa actualidade social.
Se inquietava a questão do paradeiro da boa sociedade entre os humanos. O civismo. Por onde andavam estes? Até então evidenciaram-se as consequências de tais confrontos.
Suspirou alto perante suas desilusões.
–– Marie, –– Britney que estava orientando a reunião, a despertou de seus devaneios paralelos à sua realidade –– algum outro discurso?
Notou que os restantes pares de olhos, pairavam sobre seu rosto envergonhado. Detestava, nem que fossem por segundos, tomar toda a atenção. Pensou na possibilidade de ser sincera pela primeira vez ali, ou simplesmente dar seu parecer indiferente.
–– Sempre procuraremos quem nos carregue os fardos. A evolução, antes, era uma das nossas preocupações, claro que a seguir a explicação do surgimento da vida terrestre, que apesar de várias explicações teóricas expostas, até os nossos dias, se estagnará numa incógnita. De um ou outro modo, a conseguimos em todos os factores...
Deu-se com a língua entre dentes e preferiu cair novamente, na dita famosa hipocrisia erudita, costumeira dali. Mesmo que com seu peso corporal apostasse na sinceridade medieval.
–– Enfim, a ambição, pagou-nos o troco de tudo, e ainda nos pagará. –– concluiu, pesadamente.
Queria que suas palavras ecoassem somente para seus apurados e sensíveis ouvidos, que constatar a indeferença nos demais rostos, da pequena roda formada no centro desfocalizado da sala.
–– Nada mau como últimas considerações para hoje. –– observou Britney.
Revirou seus olhos discretamente, lamentando seu aparente fracasso, pairando sobre os demais carbonos expelidos, consequentes de frustrações que discordavam de possíveis idiotas crenças, à parte.
Joana, uma rapariga alta e magra, de cabelos caipiras, balançava a perna sobreposta na outra, a fulmiva por instantes com um ingénuo sarcasmo, nos delicados lábios escuros. A inquietava, pois não sabia identificar a razão. Diversas vezes certificara-se de não ter lamelas debaixo dos longos cílios, algum insecto nojento na blusa modesta creme completamente de lã, um borrão negro em seu sumptuoso rosto levemente achocolatado. Porém sempre lá estava o deboche; não havia nada de errado consigo, ou em seu despreocupado traje.
–– E para a próxima semana... –– Britney enfiou a mão na maldita urna que parecia nunca estar à seu favor, durou alguns minutos de suspense para os demais na sala ––Vejamos... –– o pedaço de papel dobrado saiu com um acréscimo de dificuldade.
Enquanto o que continha no papel era desdobrado, subitamente pareceu descer um gelo para o estômago de Marie.
Todas as semanas a sorte escapava-lhe dos punhos encerrados como a água cristalina dos montes. Escorregadia e suave.
–– Os meus parabéns, Marie! –– gracejou Britney, com um sorriso.
XXX
Custava crer, que ao seu redor tudo pôs-se em modo de pausa. Percorreu por todo o seu corpo um misto emocional bizarro. As pupilas dilataram-se, a incerteza e insegurança tomaram suas atitudes, portanto manteu-se estática em sua cadeira de plástico, por curto prazo.
Finalmente um dos debates focaria-se em seu maior interesse, e não hesitou logo em pensar em tal coisa.
–– Bom, sei que pode ser algo um bocado fora de questão, mas para não fugir aquilo que é minha vontade, um princípio em causa... –– enfiou ambas mãos entre as pernas –– os deuses gregos, me parece um tema tentador.
Na verdade, ela achava mais que isso.
No entanto, esforçou-se ao máximo, para deixar transparecer que sua escolha fora meramente aleatória, visando assim, evitar manifestações, e julgamentos censurados.
O impacto das espadas rasgando os ventos das arenas mexiam com seu cerne, os gritos de guerra, tradutores de razões de peso incomparável, para homens comuns porem em jogo suas vidas. A disputa romântica por um coração feminino; nada mais honroso.
Mas quem se importava com isso, para além de si? Frank?, talvez...
–– Nesse caso, refere-se à Mitologia Grega? –– inquiriu um rapaz, que respondia com o nome de Paulo.
Marie com o defeito calculista, em todas as secções extraía algum bocado de cada um na roda, a partir de frases e através de gestos, e constâncias de hábitos não muito normais, que eram executados por descuido ou irrelevância do meio onde se situavam.
Apesar de haverem factos que lhe deixavam de alma confortada para explicar que nem tudo constituía o mito, algum ignorante tornava a cair no velho dilema, para descartar algumas crenças, pelas quais se previlegiava em viver iludida.
Virou o rosto para o outro predominado por acentuadas cicatrizes, aparentemente forte, de cabelos arrepiantes, exageradamente escuros como a hulha. Perguntava-se como um perfil como aquele, voltasse seus interesses para a essência da vida no passado, pois afinal, todos ali partilhavam a mesma razão para afrontarem-se em argumentos baratos, todas as tardes de sábado; os séculos anteriores.
–– Sim. –– retorquiu com o tom seco e áspero, impossibilitando algum outro perverso comentário.
Paulo, não muito convencido mostrou-se rendido. Sem mais evidentes objecções, e Marie deu-se satisfeita por isso.
Depois da citação do Stephen King, feita por uma donzela inofensiva, de estatura relativamente mais baixa que si, colocaram-se todos em pé e apertaram-se as mãos como agradecimento pelo dia; um salamaleque mais notável entre as outras raparigas. No entanto, Marie se esgueirou num canto da sala não muito provido de discrição, e olhou para seu pulso, encontrando os ponteiros exactamente onde pretendia.
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As Rosas de Vênus
RomanceCrescendo num ambiente fora de época, despertou interesses inestimáveis, paixões incontestáveis. A contemporaneidade, e o medieval, ao seu ver, seria a sintonia perfeita, expressa numa tela, num parágrafo, numa peça teatral. Uma verdadeira obra orqu...