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Rosas

Seu desejo era palpável.

Pois a única coisa da qual conseguia se lembrar nessa manhã de segunda-feira não eram as suas vestementas, seu falar meigo,ou seus ideias. Se lembrava de sua boca genuína, de seu pele oleosa tocando a sua, cada denúncia do prazer que os corrompia enquanto seu corpo se entregava à luxúria que os envolvia naquele momento tão íntimo. Tão íntimo que não saía de sua memória. E nem pretendia abandonar esse pensamento.

O contorno de sua silhueta percorreu vagamente sua consciência ainda que muito abafada a imagem.

Marie era só mais uma, a princípio. Ele sabia que não ia durar muito essa história, mas ainda assim algo no interior de si teimava em largar as conjecturas de umas possíveis próximas vezes, nem que fosse só pelo desejo carnal que sentia em suas veias.

Era certo ligar-lhe a fim de marcar um outro encontro, mas hesitou. Ele não o podia. Não podia nem sequer vê-lá mais ou durante algum tempo, porque... enfim. Doía-lhe o peito só de pensar. Mas sentia que precisava imenso de mais uma vez, sua satisfação não se limitava na noite passada, ia bem mais além disso.

Cobriu-se com o leve lençol inalando o cheiro de detergente. Porra, devia ser o cheiro dela ali,o cheiro a sexo, e não o aroma dos químicos que continham o detergente.

Ele até tentou, mas ela insistiu tanto que fosse exactamente ali, no meio de tanta gente que no entanto não se apercebiam de nada, e isso para si foi o ápice. Não eram todos os dias que se encontravam raparigas muito afins em sexo extravagante, e o pior de tudo é que ela não tinha nada de extravagante.

Imaginava-a agora em diversas posições se exibindo para si, bem no centro de sua cama. E à esse encanto da imaginação, acrescentou os generosos gemidos que ela espontaneamente o proporcionara enquanto seu volume a preenchia para cada sobressalto dos sons dela.

Doía-lhe o peito e a erecção que tinha sob o lençol. Tinha que fazer algo a respeito. E se esse algo não era procurar-lhe exactamente nesse instante, teria de recorrer aos últimos recursos. A imagem de seu rosto expressando caretas, seriam suficientes para se aliviar...

Fechando os olhos e se firmando nessa lembrança baixou cuidadosamente sua mão ao encontro de seu órgão genital.

XXX

Conseguiu, após gloriosos jatos de esporos, enfiar-se debaixo do chuveiro que deitava águas furiosas contra seu corpo escuro, já mais relaxado, porém, sua mente ainda tinha aquela merda em suas orbitais. Mas que raios se estava ali a passar? Alexandre não pensa mais que dois minutos na mesma rapariga, e nem sequer depois de fechar uma.

Concluiu todos seus rituais matinais, levando debaixo de braço o primeiro caderno que se encontrava na pilha de sebentas em cima da escrivaninha, tirou o celular da carga, conferindo se tinha alguma mensagem...

Uma de um Pascoal um tanto indignado por não ter se explicado, e as restantes eram dos grupos do whatsapp com memes engraçados. Mas nenhuma dela. Isso era frustrantemente bom, pois caso contrário se sentiria obrigado a se desculpar ou então teria de fazer com que ela nunca mais o desejasse ver.

Olhando pela janela, lá fora, parecia vigorar um frio de congelar os ossos. E lembrando agora, o inverno era a sua estação preferida por motivos bem prosaicos. As roupas, os chás que tomava todas as tardes perto do prédio, os programas de sábado ainda que não fossem muito entusiasmantes, até o último sorteio que revelou o nome dela.

Argh, o que tinha a ver seu gosto pelo inverno com ela desta vez? Já estava atrasado demais para se colocar em transes, portanto sua masculinidade devia se contentar com o sacrifício de mais cedo.

As Rosas de VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora