introdução

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Leila

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Leila

Acabo de acordar. A minha vontade de ir para a escola é equivalente a zero e o rumo que minha vida está tomando contribui com isso. Porém, tenho que demonstrar que estou feliz, pois a vida é bela e devo dar valor a ela, aproveitar bem os momentos e, principalmente, roubar uns doces das Lojas Americanas - não façam isso, crianças.

— Droga! Se eu chegar atrasada mais uma vez, minha mãe me mata. — Penso, em pânico, quando percebo que já são quase 7:00 e minha aula começa as 7:30.

Desço as escadas de casa que nem o Flash, já me preparando para receber a bronca. Espio pelo umbral da porta e consigo ver a minha mãe, Rosa, lavando a louça. Como uma espiã, entro no banheiro para não ser vista pela fera. Mas, quando estou quase tendo êxito na missão de passar despercebida, a porta range, me dando calafrios dos pés à cabeça só de imaginar os castigos que receberei.

— Olha só quem resolveu aparecer, a Bela Adormecida. O relógio te empurrou da cama? Já deveria estar na escola. — Ela começa.

— Mãe, a senhora sabe que eu não gosto desse colégio. Os professores são chatos, os alunos mais ainda e, para completar a desgraça, ainda tem umas garotas mimadas e insuportáveis que adoram implicar com todo mundo. — Retruco, revirando os olhos no final para demonstrar minha falta de paciência.

— Leila, eu sei que a vida tem seus altos e baixos. Acredite, já passei por muita coisa e posso dizer que, sem esses picos, apenas sobreviveríamos e nada teria graça. O fim da sua amizade com a Esther é só mais um problema que... — A interrompo.

— Por favor, mamãe, vamos mudar de assunto. — Rogo, incomodada com rumo da conversa.

— Ainda não consegui entender o que aconteceu. Vocês eram tão próximas...

— E essa proximidade foi justamente o problema. — Afirmo, cabisbaixa, dando um fim à conversa e me dirigindo para a saída da casa.

— Boa aula, filha. Se acalme, as férias já estão chegando. — Minha mãe grita da cozinha.

— Não sei o que é pior, ter que suportar meus "coleguinhas" ou os seus amigos, já que a senhora sempre me arrasta para festas deles. — Retruco, sem ânimo. — Tchau, mamãe. Te vejo no almoço.

Ao sair de casa, caminho em direção ao carro do meu padrasto, Marcos. Quando entro no veículo, dou de cara com a maior bagunça. É sempre assim, tudo desorganizado e, para piorar a situação, seu gosto musical é horrível e, por acaso, sou obrigada a escutar aqueles ruídos até chegar no inferno, também conhecido como escola.

SECRET: Can I Trust You?Onde histórias criam vida. Descubra agora