SECRET: Can I Trust You?

Capítulo 4

Leila

    Entro no carro com pressa enquanto não deixo de perguntar o que aconteceu, mas ele nada fala. Chegamos na frente do hospital e ele diz pra ficar calma, como posso ficar calma? Estou totalmente perdida, sem saber o que estou fazendo aqui e pra piorar, Marcos não me diz nada; entramos no hospital e as lembranças aparecem, como as flores na primavera que florescem. Lembro do meu pai morrendo nesse mesmo hospital e me abandonando para sempre, ainda não superei e temo nunca superar. Observo as pessoas esperando notícias de seus familiares, chorando, passando mal, magoadas, preocupadas...

- Leila, eu preciso falar com você - Ele fala.

- Ainda bem, até agora não sei o que... - Paro de falar quando vejo minha mãe encubada.

  Várias coisas passam pela minha cabeça, coisas terríveis que eu tenho medo de passar de novo, por puro reflexo tento correr até a sala onde Rosa está, mas sou impedida por Marcos.

- Calma Leila - Pede.

- Calma? Minha mãe que está naquela sala! Eu preciso ir lá! - Falo com lágrimas nos olhos.

- Quer saber o que sua mãe tem ou não? - Pergunta cansado e desisto de tentar ir ao encontro dela.

- O que ela tem? - Pergunto nervosa.

- Câncer de mama - Fala com um pouco de dificuldade.

- Câncer? minha mãe está com isso? - Pergunto sem acreditar.

- Leila, fique calma, Rosa é forte e vai ficar bem - Fala me abraçando.

- Eu não sei se aguento perder mais alguem Marcos - Falo chorando.

- Nem eu Leila, nem eu - Fala ele revelando lágrimas nos olhos.

Observo minha mãe de longe, toda fraca e aparentemente cansada. Neste momento ela esta acordada, porém só posso falar com ela quando o médico dar permissão.

- Parentes de Rosa Mendes? - O médico pergunta.

- Aqui - Aceno.

- Podem ir visitar ela, 10 minutos! - Ele da um sorriso e sai.

Eu e meu padrasto entramos na sala e minha mãe pega nas nossas mãos.

- O que aconteceu mãe? - Pergunto com lágrimas.

- Eu vou ficar bem filha - Fala vulnerável.

- Como a senhora ficou com câncer mãe? O que ta acontecendo com nossas vidas? - Choro não entendendo o rumo do destino.

Ficamos conversando e depois de alguns minutos o médico chega e pede pra ter uma conversa particular com Marcos. Quando ele volta da sua conversa me despeço da minha mãe, muito tristemente. Quando meu padrasto me vê, vem em minha direção.

- Falou com sua mãe direitinho? - Pergunta.

- Sim, ela precisa descansar um pouco... - Falo sem ânimo.

- Parece que o câncer dela é parentesco, todas as mulheres da parte da mãe dela tinham - Ele afirma.

- Mas o que ela estava sentindo pra vim para o hospital? - Pergunto

- Ela tava sentindo algo duro nos seus seios e estava saindo um liquido deles - Fala ainda angustiado.

- Minha mãe nunca se queixou de nada no peito - Falo sem entender.

- Ou talvez ela sentisse e não quisesse nós preocupar - Ele afirma.

- Não duvido - Respiro pesado.

Ficamos mais algumas horas no hospital, até que meu padrasto me obrigou a ir para casa, disse que precisava descansar, mas quero ficar com minha mãe, aqui, do lado dela. Mas como eu não mando em porcaria nenhuma, tive que ir pra casa e fazer meus deveres de casa.

- Não precisa ir pra escola amanhã Leila - Marcos diz quando para o carro.

- Até lá me decido, cuida da minha mãe Marcos - Imploro quase me ajoelhando pedindo pra ficar com ela, mas me conti.

- Eu vou, trate de descansar, não se preocupe, to lá com sua mãe - Fala tentando me confortar.

- Obrigada, Marcos - Agradeço e entro em casa.

Me jogo na minha cama e choro, tomara que Rosa fique bem mesmo, ainda não estou preparada para perder ninguém agora, não que algum dia eu esteja.  Será que algum dia eu vou ser feliz de novo? Me sentir completa novamente? Dizem que sempre supera um dia, eu desconheço essa palavra, já se faz 5 anos e eu ainda choro de saudade, quase todos os dias, ninguém supera a morte de alguem que ama, apenas segura as emoções para chorar escondido.