I

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O vento a fez estremecer, nem a jaqueta jeans a esquentava, a ferida da bala que estava alojada no seu abdômen latejava, Emma deu alguns passos até finalmente avistar a casa. Agora vinha a parte difícil, contar para seus pais a verdade.

Com a mão esquerda ajeitou o cabelo atrás da orelha, enquanto com a direita pressionava a ferida. O vestido azul já estava manchado de vermelho, era seu vestido preferido. Caminhou até o poste próximo, a luz que projetava da casa iluminava o casal sentado nos degraus da entrada. Emma arqueou a sobrancelha, quem eram eles?

A dor da bala era algo inexplicável, sua mãe iria mata-la.

Chegando cada vez mais perto de casa, Emma sentia um calorzinho familiar no peito.

O salto da bota batia contra a calçada, queria estar tanto com seu velho all star vermelho.O vento a fez tremer, ela sabia que estava perdendo sangue, havia sido uma longa corrida de Star City até aqui, ela mataria Tommy quando o visse novamente.

É apenas uma festa.

Ele havia dito.

Emma rosnou, quando chegou perto o suficiente da casa, pode notar o quanto o casal era familiar, e também notou que o casal estava se beijando.

-Com licença.- ela chamou, sua voz saiu fraca.

O casal se virou e Emma perdeu o ar.

-Você está bem?- a mulher morena perguntou.- Ai meu Deus você está sangrando!

-O que houve?- o homem perguntou correndo em sua direção.

Emma estava em estado de choque, ela não conseguia abrir a boca.

-Temos que leva-la para dentro, Caitlin pode ajudar.- ele passou um braço pela cintura de Emma e a levantou, correu para dentro da casa e a colocou deitada no sofá. Emma sentiu o mundo ao seu redor encolher, as pessoas ao seu redor tagarelavam alto, a mulher de cabelos avermelhados gritava ordens para as pessoas ao redor.

Suas bocas se mexiam, mas ela não ouvia nenhum som. Falta de oxigênio no cérebro. A mulher passou a mão pelo seu rosto, Emma fechou os olhos, sentindo o toque quente, foi a ultima coisa que ela sentiu antes da escuridão a envolver.

~***~

Little snowflake

White blanket and warm...

Emma se lembrava da melodia suave que a acalentava toda a noite quando era pequena, lembrava de sua mãe e seu pai, a musica era única e a letra quem fora criada por seu pai. Em ainda podia ouvir a voz de sua mãe, distante e quente.

Mas de repente a musica mudou, ficou mais energética, Emma apurou os ouvidos, tentando entender a letra.

Can't read my, can't read my

No he can't read my poker face

Oh Deus! Era Lady Gaga, ela a odiava, mesmo não fazendo tanto sucesso como antigamente, Gaga ainda se dedicava ao seus monstrinhos. E Camile, sua melhor amiga, era fã da mulher.

Emma piscou para o teto branco, respirou fundo, o bip da maquina ao seu lado era insistente. Tentou se levantar, mas se sentiu fraca de mais.

-Parece que alguém acordou.- uma voz avisou, passos foram dados em direção a Emma, ela se encolheu na cama e fechou os olhos com força, uma reação infantil para ela.

-Olá.- a voz doce que ela tanto conhecia soou.

-Oi.- respondeu sem jeito.

Emma não queria abrir os olhos, pois tinha medo do que estava por vir.

-Meu nome é Caitlin, qual é o seu?- Em negou com a cabeça.

-Não precisa ter medo, somos os mocinhos.- outra voz soou e essa ela também conhecia.

-Sério, nos somos os heróis da cidade.

Ela riu. Respirou fundo e abriu os olhos, encarando o trio a sua frente.

-Eu sei e meu nome é Emma.

Caitlin sorriu, um sorriso meio forçado.

-Prazer, esses são Barry e Cisco.- ela apontou para os dois caras ao seu lado. Emma acenou com a cabeça, Barry deu um passo a frente.

-Eu sou policial.

-Na verdade, CSI.- Cisco o interrompeu.

-Cala a boca, Cisco.- ele lança um olhar feio para o amigo e se volta para Emma. - Como eu estava dizendo, eu só policial, e queria fazer algumas perguntas, posso?

Emma tentou controlar sua respiração, ao responder.

-Claro.

Barry olhou para seus amigos, com uma certa incerteza.

-Quantos anos você tem, Emma?

-15.- Caitlin arqueou a sobrancelha surpresa.

-Você é bem nova.

-É, eu sou.

- Você se lembra como foi parar naquela casa ontem?- ele perguntou, Emma mordeu o lábio inferior.

Mentir ou não mentir, eis a questão.

-Não.

-O que você estava fazendo ontem, Emma? Antes de levar o tiro?

-Não me lembro.- ela levou a mão ao pescoço em busca do calor frio que seu cordão produzia.- Eu não me lembro de muita coisa.

Barry a olha preocupado, e Emma agradece por todos os anos assistindo seriados pela sua atação tão realista. Fingir amnesia era melhor do que contar a verdade e correr o risco de estragar sua linha do tempo.

-Do que você se lembra, querida?-Caitlin perguntou docemente.

-Um homem com uma arma.

Algo dentro de Emma se revirou, ela odiava mentir, principalmente para seus pais. Mas encarando os fatos aquilo não era exatamente uma mentira, apenas meia verdade.

-Só isso?- Cisco perguntou, ela confirmo com a cabeça.

-Minha cabeça está confusa.

-É melhor deixarmos ela descansar.- Caitlin disse e puxou os dois homens para fora de enfermaria.

Emma respirou fundo e tentou se situar sobre tudo o que havia acontecido nas ultimas horas

Ela havia desobedecido seus pais e ido aquela festa.

Saiu com Tommy, o que não é grande coisa.

Levou um tiro, isso é grande coisa.

Voltou alguns anos no passado, só alguns?

Para um tempo que -depois de analisar a noite de ontem- seus pais ainda não estavam juntos.

É, ela definitivamente estava ferrada.

Em rota de colisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora