XXXII

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"Não há esperança sem medo, nem medo sem esperança. "

Baruch Espinoza

Quartos pequenos e escuros lhe davam medo, mas aquele lugar era diferente, familiar para dizer o mínimo. A cômoda rosa bebê, as duas camas encostadas em lado opostos da parede, a estante abarrotada de ursos de pelúcias e bonecas de porcelana, o tapete lilás felpudo e até a luminária de bailarina pareciam as mesmas, era como uma viagem no tempo, tudo estava em seu devido lugar, até a coleção de presilhas estava lá. Emma engoliu seco se sentando na cama, as cortinas estavam abertas e o sol forte invadia o quarto, ela deslizou sobre a cama colocando os pés no chão, se ergueu e caminhou até o grande espelho preso na parede.

Suas roupas pareciam anormais, o vestido verde mar descia até metade de sua panturrilha, estava descalça e com uma tiara de flores sobre os cabelos soltos. Caminhou até a janela apenas para confirmar onde estava, o sol tocou-lhe o rosto e ela pode sentir as lágrimas rolarem, não parecia haver sinal de civilização a quilômetros de distância. Olhou para cima, as nuvens brancas pintavam o céu azul.

Então a porta se abriu, alguém se aproximou, Emma se virou devagar.

—Gostou da decoração? – Julian indagou. – Tentei refaze-la do mesmo jeitinho de quando você era pequena, Holly teria adorado isso. – ele se sentou na cama que antes ela ocupava, Emma tentou se manter firme. – Mas não se preocupe, poderá mudar a decoração em breve.

—O que você quer de mim? – ela perguntou secamente.

Julian sorriu cinicamente.

—Preciso terminar o que comecei a anos atrás antes de seu pai me atrapalhar.

—Você me transformou em um díade. – rosnou.

—Não abelhinha. Não fui eu que fiz isso com você, nunca seria capaz de fazer uma perfeição como esta, sua velocidade e seus poderes de gelo são hereditários. Seus pais que a transformaram em um díade.

Emma virou de costas para Julian, sentia seu peito apertar de raiva.

—O que você quer de mim? – indagou novamente.

—Seus poderes são magníficos, quero apenas entender como eles funcionam. Simples assim.

—Pra que?

—Quero criar uma raça de meta-humanos imbatíveis. – ele falou para a total surpresa dela. – Assim ninguém precisara temer ninguém, todos seremos iguais.

Emma riu ironicamente.

—Sério? Você acha que eu sou boba? Não acredito em nenhuma palavra sua.

—Bem esperto de sua parte, abelhinha.

—Não me chame de abelhinha.

Julian se levantou.

—Você ficara aqui por um tempo, então se quiser saber mais estarei lá embaixo. Terá livre acesso pela casa, ela é sua, abelhinha.

Ele fechou a porta com cuidado, Emma deslizou até o chão, apertou os joelhos contra o peito e desabou a chorar.

~***~

Emma se sentou na poltrona de frente para Julian, enrolou a borda do vestido entre os dedos.

—O que você fez com meus poderes? – ela indagou. – Não estou conseguindo usa-los.

—Tentou fugir?

Emma fechou a cara.

—Não seria você se não tentasse fugir, não é abelhinha?

—Já disse para não me chamar assim. – ela rosnou, mas ele a ignorou e continuou a falar.

Em rota de colisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora