- Não sabia que teríamos visita. - disse Heitor fechando a porta.
Será que ele a reconheceu da foto?
Meu irmão sabia de meu amor platônico pela garota da foto.
Levantei do sofá e fui até ele.
- Heitor, esta é a Nicole, Nicole este é o meu irmão, Heitor.
- Prazer em conhecê-la. - disse ele.
- Igualmente. - falou Nicole.
- Heitor, preciso falar com você, - falei um pouco mais baixo - no seu escritório.
- Claro.
- Fica a vontade - falei para Nicole - Volto já.
Segui meu irmão até seu escritório, ele escorou a porta e então perguntou.
- Como foi o casamento?
- Não foi. Não houve casamento. - respondi. Heitor me encarou surpreso. - É sobre isso que quero falar.
- Estou ouvindo.
- A moça que está lá na sala, ela, ela...
- Ela...
- Ela era a noiva.
Heitor arregalou os olhos e exclamou:
- Ela é o quê?!
- Era - corrigi - a noiva. Ela fugiu do casamento. - usei um tom natural, como se todos os dias noivas saíssem fugindo por aí. É que...Eu ainda não tinha contado a verdadeira bomba.
- Ela, - ele apontou em direção à porta - ela fugiu do casamento?
- Sim, foi o que eu acabei de falar. Eu a ajudei fugir.
- Pietro...Meu Deus!
- E...
Ele me encarou novamente.
- Ainda tem mais?
- Heitor, ela é a garota.
Meu irmão franziu a testa, ele só fazia isso em duas circunstâncias: quando estava preocupado ou quando tentava raciocinar algo que ele não entendia de primeira.
- Irmão, - eu iria ser mais preciso - ela é a garota da fotografia.
Isso foi demais para ele. Heitor abriu uma garrafa de whisky, encheu um copo até a metade e tomou em um só gole.
Meu irmão passou as mãos no cabelo e então falou:
- Impossível. Pietro, isso é inacreditável.
- Não é, não.
- Você a procurou por seis anos. Seis anos! Pietro você nunca encontrou nada que te desse uma pista dessa garota. Não pode me dizer que a garota lá na sala é ela, é...É inacreditável. - repetiu ele.
- Heitor, é ela. É ela.
- Tem certeza?
- Absoluta.
Tirei de meu bolso a minha carteira e dela a foto. Mostrei novamente para meu irmão.
- Certo. É ela. Mas, como.Ela.Veio.Parar.Aqui?
Pausadamente. Foi assim que meu irmão perguntou.
- Não posso explicar agora cada detalhe. Heitor, ela não tem para onde ir, ela pode ficar? Por um ou dois dias.
- Pode. Só espero que não saia machucado.
- Obrigado Heitor.
- Ainda não está arrumado para o jantar?
Tinha esquecido do jantar.
- Estava ocupado correndo pela cidade com uma noiva em fuga.
Ele riu.
- Vá se arrumar, vou fazer o mesmo.
- Tá.
Saimos do escritório. Heitor foi direto para seu quarto, eu voltei para sala.
Nicole continuava sentada no sofá, mas seus olhos percorriam um quadro na parede, formado por vários retratos. A maioria tirados por mim.
Ela não notou minha presença até eu sentar ao seu lado.
- Pode ficar aqui. - disse eu - Por uns dias, até, pelo menos decidir para onde ir.
- Não quero abusar de sua bondade, nem de seu irmão. Amanhã irei embora. - disse ela, como uma juíza falando por fim o veredito.
Aquela frase doeu. Doeu como se algo afiado perfurasse meu coração, talvez a tristeza fosse afiada como a lâmina de uma espada, talvez por isso ela causasse tanta dor.
- Amanhã?
- É. Quanto mais rápido ir para bem longe melhor.
Bem longe...
Eu sentia a dor mais viva e presente. Ela se tornava mais profunda.
Então era isso? Seis anos a procura de uma garota e quando finalmente a encontrei ela vai embora, para bem longe...
Amanhã...
Se eu contasse o que sentia ela iria embora agora mesmo.
- Você que sabe. - foi a única frase que consegui pronunciar para aquilo. - Eu preciso me arrumar vou ir com meu irmão até a casa dos meus pais e sei que voltarei bem depressa, mas tem comida na geladeira e...É isso.
- Obrigada mais uma vez, por tudo.
- Não tem de quê.
O amor devia ter alguma desavença comigo. Não havia outra explicação.
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A Garota da Fotografia
RomanceSe apaixonar é algo normal, exceto quando alguém se apaixona por outra apenas por vê-la em uma foto... É exatamente isso que aconteceu a Pietro, se apaixonou por uma garota ao vê-la em uma fotografia...Uma garota que ele nunca havia visto na vida. T...