Capítulo XIII

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  Nicole,
  Queria que tudo fosse diferente, queria ter prestado mais atenção há seis anos atrás e visto você naquela tarde de domingo, queria ter te encontrado antes, queria ter um pouquinho mais de tempo com você, Nicole, eu queria ter tido coragem de falar o que sentia antes de você encontrar seu desenho.
  Então...Quero que encontre sua felicidade, quero que saiba que jamais te esquecerei, isso seria impossível, sempre foi.
  Por mais que sua partida tenha deixado meu coração em pequenos cacos, e talvez eu nunca consiga juntar todos eles, ter te encontrado foi um presente da vida, quando olhei em teus olhos no dia de sua fuga incrível eu me apaixonei novamente, o que sinto por você pode até não ser recíproco, nunca achei que fosse, mas sei e fico extremamente feliz que de algum modo eu fiquei marcado em sua vida.
  Por favor, mande notícias.
  Com amor, Pietro Barcellos.
 
             *Nicole Carvalho*
  Reli aquela carta uma segunda vez, então uma terceira e uma quarta.
  - Ele escreve muito bem. - comentou Heitor me olhando pelo retrovisor.
  - Sim, muito bem.
  Coloquei a carta dentro do envelope e retirei umas fotos que veio acompanhando a carta.
  Fotos minha descendo pela corda improvisada vestida de noiva - não contive uma risada - uma foto...Uma foto que Pietro saiu olhando para mim.
  - Você sabia que ele gostava de mim? - perguntei a Heitor.
  - Gostar é uma palavra muito fraca para qualificar o que ele sente por você. Ele te ama, Nicole.
  Heitor virou à direita.
  - Antes de sair, alguém tocava insistentemente a campanhia e Pietro disse que era "problema", quem acha que era?
  - Não faço ideia.
  O celular de Heitor tocou.
  - É o Pietro. - informou.
  Meu coração acelerou.
  O sinal ficou vermelho.
  Heitor atendeu.
  - Pietro? Ei, ei, calma, fale devagar, o que aconteceu? - perguntou Heitor.
  Sua testa estava franzida.
  Aquilo me fez sentir uma pontada no estômago.
  - Não responda...Tá, mas...Dá para me escutar? - reclamou Heitor após longas pausas e frases interrompidas. - Tente não se comprometer, eu vou para ir, não vou demorar, já estou perto da casa do Cássio. Até logo.
  Heitor desligou. O sinal ficou verde.
  - O que aconteceu? - perguntei - Pietro está bem?
  - Ele foi preso. Tá detido, ele está sendo acusado de sequestrar você.
  - Mas ele não me sequestrou!
  - É isso que vou tentar provar.
  Pietro não merecia nada disso. Ele era uma das melhores pessoas que eu conheci em vinte e dois anos.
  Heitor parou o carro logo após dobrar uma esquina.
  Um homem que estava sentado na varanda de uma casa levantou-se e se aproximou do carro.
  Heitor desceu e o cumprimentou, também desci já com a bolsa nas costas.
  - Cássio esta é a Nicole, Nicole este é o Cássio. - nos apresentou Heitor.
  Eu e Cássio demos um aperto de mão como cumprimento.
  - É um prazer finalmente conhecê-la. - disse Cássio.
  - É um prazer também. - respondi.
  Olhei para Heitor.
  - Obrigada por me ajudar, me desculpe por ter causado problemas, peço que se desculpe por mim a Pietro.
  - Você não fez nada de errado.
  Ele entrou no carro novamente.
  - Adeus Nicole. - disse ele.
  - Adeus.
  Então ele partiu.
  Pietro...Ele fez tanto por mim, e agora está preso, eu trouxe uma tempestade de problemas para ele. Nós nos beijamos, e naquele breve momento...Eu não queria que terminasse...Ele fez uma confusão em minha mente, disse que me amava...
  - Temos que ir. - falou Cássio arrancando-me de meus pensamentos - A viagem para seja qual for a cidade é longa.
  - Eu sei. - respirei fundo - Vamos.
  Entrei no carro, sentei no banco carona. Cássio começou a seguir o percurso.
  Era isso que eu queria? Fugir? Deixar uma bomba prestes a explodir nas mãos de Pietro? Procurar minha felicidade, foi isso que me fez desistir de me casar com o Eric. Foi isso que me levou até Pietro...Procurar minha felicidade.
  Afinal o que me faria feliz? - Ou melhor, quem?
  Eu sabia a resposta, só que era difícil demais admitir.

 

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