Capítulo XXI

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  Paramos perto da praia, Heitor e Elise continuaram o percurso. Eu tirei meu sapato, Nicole tirou o salto alto, começamos a caminhar pela praia de mãos dadas.
  - Notei que evitou seu pai por toda a festa. - falou Nicole.
  - Não estava pronto para falar com ele, tive medo que ele me irritasse e eu estragasse a festa.
  - Eu te entendo.
  - O que minha mãe queria falar com você e Elise? - perguntei lembrando de quando elas se afastaram.
  - Assunto particular lembra? Não seja curioso! - ela falou rindo.
  - Só está me deixando mais curioso.
  - Ela só pediu que cuidássemos de seus meninos. E me chamou para almoçar com ela na terça, para nos conhecermos melhor.
  - Boa ideia.
  - Ela é um amor.
  - É, ela é.
  Andamos pela beira da praia até quase cinco da manhã, então paramos para ver o nascer do sol. Tirei algumas fotos do céu, de Nicole, do mar. Depois de anos finalmente me sentia completo, estava prestes a me formar no curso que queria, a mulher que tanto procurei encontrei e ela me amava, meu irmão se casaria em breve com a Elise, uma grande amiga. Transbordaria de felicidade se meu pai aceitasse minhas escolhas.
  Nicole estava desenhando nossos nomes na areia com um pequeno graveto, como se sentisse que eu a observava ela me fitou e esboçou em grande sorriso, meu coração perdeu o ritmo.
  - O que foi? - ela perguntou.
  - Eu já disse que você é linda?
  Ela sorriu.
  - Não hoje.
  - Nicole, você é linda.
  Sentei perto dela na areia.
  - Eu já disse que você é maravilhoso?
  - Não hoje.
  Ela me deu um beijo.
  - Pietro, você é maravilhoso.
  - Eu já te contei meus sonhos, me conta algum seu. - pedi enquanto ela terminava de desenhar corações em volta de nossos nomes.
  - Sonhos...Queria ser jornalista, era meu maior sonho, ter momentos em família. - ela suspirou - Gostou? - ela apontou para nossos nomes.
  - Sim, é uma pena que o mar apagará.
  Ela bocejou.
  - Vou te levar para o hotel.
  Levantei e ajudei ela a levantar também.
  - Obrigada por tudo, obrigada por me procurar por seis anos.
  - Procuraria por mais seis, procuraria até encontrá-la.
 
  Nos despedimos na frente do hotel, já passava das seis da manhã. Marcamos de nos encontrar mais tarde. Fui para o apartamento, tomei banho e me joguei na cama.
  Acordei de duas da tarde.
  Heitor estava na sala, a TV estava ligada, porém ele não estava prestando atenção no que se passava, estava folheando um jornal.
  - Boa tarde, Pietro.
  - Boa tarde.
  Me senti no sofá, ao lado dele.
  - Tenho que ir buscar meu carro no clube. Como tinha bebido preferi deixá-lo para pegar hoje.
  - Tinha esquecido. De que horas chegou?
  - De meio dia. Você vai comigo buscar o carro, do clube vamos passar no mercado.
  - Mas é domingo.
  - Há mercados abertos e amanhã tenho muitos casos para estudar, uma audiência, amanhã não terei tempo, faremos hoje.
  - Deixa eu só me arrumar então, já volto.
 
                        .......

  Passamos cerca de uma hora no mercado, colocamos as compras na mala do carro de Heitor, fiz ele parar em uma loja para eu revelar algumas fotos, tinha uma ideia para a galeria de fotos, a minha conclusão, mas para a ideia dá certo precisaria da ajuda da minha mãe e de meu irmão. Heitor prometeu me ajudar nos tempos livres, minha mãe cedeu seus preciosos álbuns de fotos da família para eu escolher algumas fotos, também disse que me ajudaria no que eu precisasse.
  Então, após eu revelar as fotos, fomos até a casa dos meus pais, mas eu não entrei, Heitor entrou e pegou os álbuns, fui até a porta e dei um beijo na testa de minha mãe, agradeci pela ajuda e lhe dei outro beijo.

  Os dias se passaram e se tornaram meses, três meses para ser exato. Nesses três meses passei boa parte dos dias organizando meu trabalho de conclusão, minha mãe vinha com frequência ao apartamento para me ajudar, Heitor cumpriu sua promessa e me ajudou bastante, Nicole sempre vinha me ajudar, Elise e Cássio também, nos momentos em que não planejava a conclusão, pensava em Nicole, saia com ela, cada dia a amava mais, meu pai não voltou a me procurar, tirei mais fotos com a câmera nova, foram três meses corridos e eu ficava cada vez mais ansioso, mas não imaginei que ficaria tão nervoso até olhar para o calendário e enfim ter a certeza que havia chegado o dia.
  Minha conclusão.
  Fui para o local onde ocorreria a galeria de fotos para organizar meu trabalho, eu tinha feito uma linha do tempo com as fotos, li umas mil vezes a minha apresentação, parecia que cada minuto que se passava, mais ansioso ficava. Li novamente minha apresentação.
  Voltei para o apartamento para me arrumar, Heitor tentou me tranquilizar dizendo que tudo daria certo. Agradeci mesmo estando uma pilha de nervos.
  - Nos vemos lá. - falei.
  - Até logo, Pietro. - disse Heitor.
  - Até.
 

A Garota da FotografiaOnde histórias criam vida. Descubra agora