Capítulo VII

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  - Fique nessa pose. - mandei.
  Tirei mais uma foto de Nicole.
  Já tinha tirado várias, ela queria de todo modo que eu aceitasse o dinheiro que, segundo ela, me devia, como meu argumento era que não tinha trabalhado ela teve a ideia de me contratar para tirar fotos dela e assim eu não teria mais desculpas. Aceitei. Não pelo dinheiro, eu não o aceitaria, gostei da ideia de tirar fotos dela.
Nicole sorria naturalmente, pequenos detalhes chamavam sua atenção, sabe, ela parecia leve como uma pena, mas não frágil, ela transmitia agitação e ao mesmo tempo paz. Nicole era imprevisível.
  O problema era que cada hora a mais que passava com ela, mais apaixonado ficava, menos coragem tinha de confessar, mais meu coração tomava as rédeas de minhas atitudes, menos minha razão tentava argumentar.
  - Ficaram boas? - Nicole perguntou me arrancando de meus pensamentos.
  - Ficaram profissionais.
  Ela sorriu.
  - Tire mais uma.
  - Tá.
  - De nós dois.
  Olhei para ela.
  - Quer uma foto de nós dois?
  - Sim. Se você não se importar ou sua namorada...
  - Não tenho namorada. - apressei-me a falar - E não me importo em tirar uma foto com você.
  - Ótimo.
  - Ótimo eu não ter namorada ou ótimo eu não me importar em tirar fotos com você?
  Ela colocou as mãos na cintura e pareceu pensativa, depois começou a rir.
  - Não sou obrigada a responder.
  - Então deduzirei como eu quiser.
  - Como achar melhor. Agora vamos tirar a foto.
  Posicionei minha câmera no tripé de modo que o ângulo ficasse bom. Programei para ela disparar em dez segundos e após isso dispararia sucessivamente até chegar à dez fotos.
  Dez, nove...
  Corri até Nicole. Ela esboçou um largo sorriso.
  Na primeira foto sai olhando para ela.
  Foque na câmera, na câmera Pietro.
  Foquei.
  Ao chegar em dez fotos tirei minha câmera do tripé.
  - Quero vê-las. - falou Nicole.
  - Agora não.
  - Quando então? Como pagarei se não vi as fotos.
  - Terá que confiar em mim.
  - Eu confio. Estranho, mal te conheço e sinto que posso confiar em você.
  Eu sorri.
  - Que tal a gente assistir um filme agora. - sugeri.
  - Boa ideia.

  Heitor chegou por volta de seis e meia da noite. Ele trouxe pizza.
  - Não sabia sua preferência em relação ao sabor, - informou Heitor a Nicole, pousando a caixa de pizza na mesa - então eu trouxe mista. Elise já devia ter chegado.
  - É a namorada dele. - falei a Nicole - Ela deve está presa no trânsito, não se preocupe Heitor.
  - Deve ser. - concordou ele - Mas vou ligar mesmo assim.
  Heitor saiu da cozinha com o celular na mão.
  Abri a caixa de pizza e peguei uma fatia de quatro queijos.
  - Qual prefere? - perguntei.
  Ela apontou para as fatias de frango com catupiry.
  Ela pegou uma fatia.
  - É minha segunda preferida.
  Ela sorriu.
  Ouvi Heitor falando da sala "tudo bem então" " até amanhã, te amo."
  Dei uma grande mordida em minha fatia de pizza.
  Heitor voltou para cozinha.
  - Lise não vai vim, aconteceu um imprevisto. - disse Heitor.
  - Que pena. - falei.
  Elise tinha vinte e quatro anos, era um pouco mais baixa que Nicole, seu cabelo era formado por cachos negros, seus olhos eram esverdeados. Ela e Heitor namoravam há dois anos.
  - Me digam - começou Heitor - quais foram as reações de vocês ao verem a reportagem?
  Ele pegou uma fatia de pizza italiana.
  - Surpresa, irritada, furiosa e histérica. - respondeu Nicole - Nessa ordem.
  - Surpreso. - respondi.- Amanhã terei que ir diferente para faculdade, pensei em óculos e boné.
  - Comece seu disfarce tirando sua barba. - aconselhou Heitor.
  - Está tão ruim assim? - indaguei.
  - Digamos que você não combine de barba.
  Nicole sorriu.
  - Você ficará diferente. - finalizou ele.
  - Certo.

  Naquela noite dormi feliz, apesar de tudo que estava acontecendo, eu tinha mais alguns dias com ela, e quando ela sorria, eu só conseguia pensar que amanhã eu a veria de novo.
 

A Garota da FotografiaOnde histórias criam vida. Descubra agora