Capítulo 7

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Ana ainda não apareceu. Será onde ela estar? E se aconteceu algo a ela? Carla já está nervosa do meu lado, também está preocupada com a filha. Quando menos esperamos ela aparece com os olhos vermelhos, seu rosto inchado de chorar. Me doe o coração vê-la assim. Eu queria muito confortá-la. Abraçá-la. Mima-la como antes. Mas ela está criando uma barreira entre nós que nem sei como vencer, nem sei como derrubar. Vejo sua mãe correr para ela, e questioná-la aonde a mesma estava. Ela diz que precisava ficar sozinha. Pois eu queria ela do meu lado. Carla tenta falar com ela sobre os exames dela. Ana a interrompe dizendo que neste momento ela só quer saber da vida da filha e nada mais. Carla tenta mais uma vez e não surtir efeito. Ela realmente não quer saber de nada a não ser Phoebe. E eu como ficarei na vida dela? Como vamos consertar as coisas entre nós? Eu preciso que ela entenda que seu problema também é grave. Se a nossa filha se salvar, ela precisar está de pé.

Ela se senta perto de Eliot e Kate. Eu já disse que não gosto dela perto do meu irmão. Lembro que eles dois sempre tiveram uma amizade muito forte, e por mais que eu não goste, talvez Eliot e Kate possa conversar com ela sobre sua doença. Isso chamarei Eliot para conversar e peço a ele e Kate para convencê-la de que sua saúde também é prioridade.

Eles conversam sobre algo que não entendo, tento ouvir, mas é impossível, pois eles estão falando quase em um sussurro. Fico ali e converso com Carla para a mesma ir para o meu apto e ficar lá, ela pode descansar, pois eu não arredarei o pé de perto de Ana. Mas ela me diz que não quer deixar a filha, são muitas coisas para a mesma ficar aqui, ainda mais sabendo da nossa situação.

Quinze dias havia se passado e nada de um doador para Phoebe. Eu via minha mulher ficar cada dia mais magra, mais cansada e sofrida. Eu tentei por várias vezes chegar perto dela, tentar uma conversa sem brigas entre nós, mas ela me evitava de todas as formas possíveis. Quando estávamos sozinhos, ela não olhava e nem me dirigia a palavra. É um sofrimento para mim viver assim, um sofrimento ver a minha mulher, a quem eu amava todas as noites na nossa cama, a quem eu dedicava meus dias, afastada dessa forma. Ela não saia do hospital, a não ser para tomar banho e voltar. Ela e sua mãe alugaram um quarto em um hotel, disse a Carla que não precisava fazer isso. Elas podiam ficar no meu apto, mesmo porque ele pertence a Ana também. Mas Ana não quis. Não disse nada a mim, só se instalou em um hotel e nada mais. Phoebe estava cada dia mais fraca, eu fui vê-la todos os dias, pedindo para a mesma ser forte. Eu não quero perder a mãe dela. Já perdi uma vez por idiotice minha, e não pretendo perder mais.

Eu falei com Eliot sobre a doença de Ana e pedir a ele e Kate para conversarem com ela, já que a mesma não estava querendo saber de nada, a não ser a doença da nossa filha. Eliot ficou bastante preocupado, e disse que faria de tudo para expor o problema para Ana. Esperava muito que ele conseguisse. E ele conseguiu, mas Ana disse que só se preocuparia com ela, quando Phoebe fosse salva, pois de nada adiantaria a vida dela, se a mesma não tem sua filha do lado dela. Conversei com o médico sobre a doença dela, e o que podemos fazer para adiantar o processo, pois esperava muito que minha filha saísse dessa, e logo em seguida Ana seria submetida a operação. Ele me disse que podíamos já fazendo os exames de compatibilidade de medula óssea. Fizemos todos, mamãe, papai, Eliot, Kate e Carla. Estamos esperando o resultado sair ainda.

Dois meses havia se passado e Ana estava sentada no chão em um canto isolado do hospital. Fui até ela e me sentei no chão. Ela estava de cabeça baixa. Vamos ver se consigo conversar com ela sem nos alterar, na verdade eu estou cansado dessa nossa distância.

-Oi. Digo. Ela não me olha e nem me responde. Eu sei que você está pensando em nossa filha. Sei que não adianta o que eu diga ou faça, você não vai olhar para mim enquanto Phoebe estiver assim, mas eu quero que você saiba, que eu estou arrependido do que eu fiz para você e para ela. Eu quero recomeçar com você. Ela levanta sua cabeça e me olha com seus olhos azuis que estão vermelhos de tanto chorar.

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