Capítulo 11 - L'enlèvement (O sequestro)

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"Não há como resistir ao amor de Deus, uma vez que já o sentiu pela primeira vez."
Isabelle

- Isso tudo é culpa sua

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- Isso tudo é culpa sua. -Diz o falso médico, olhando fixamente para mim. Eu e Jean estamos há dez minutos com os braços amarrados firmemente na cama do Ben por uma corda, que está machucando muito os meus pulsos.

Já faz cinco minutos que eu estou chorando, enquanto Benjamin está desacordado no leito e cheio de hematomas no rosto.

- Se você não tivesse mentido, não estaria sofrendo as consequências agora. -O falso médico continua. Ele bateu em Benjamin para tentar me fazer falar, mas a verdade é que eu não sabia o que tinha no cupcake. Já havia repetido isso várias vezes e cansei de ver o Ben sofrer nas mãos desse homem sádico.

- Escute aqui, Geneviève. Eu fui muito bem pago, então esse serviço precisa ser feito direito. Se não me der as respostas que eu quero, ninguém vai sair vivo daqui. -Ele ameaça e eu tenho vontade de gritar. A arma dele está em cima do balcão à direita da cama, se ao menos eu conseguisse levantar...

- Bom, parece que é a vez do seu outro amiguinho sofrer um pouco. -Ele ri e eu arregalo os olhos.

- De-deixe o Je-Jean em paz, po-por favor...

- Vou deixar, quando você me der as respostas. -Ele diz entredentes e eu sinto um arrepio.

Deus, por favor... Se você existe mesmo, me ajude. Eu não quero que eles morram, eles não merecem sofrer pelo meu erro, por favor... Eu nunca orei antes, então não sei como fazer isso, mas eu te peço que me ajude a sair viva dessa junto com eles. Amém.

Ainda não sei descrever direito o que aconteceu depois disso, mas um pensamento claro veio na minha mente e eu finalmente encontrei a resposta que eu procurava.

- Não fui eu que fiz o ingrediente especial do cupcake, mas eu sei quem fez.

- Se você estiver mentindo, eu te mato!

- Não estou. -Digo calmamente. - Era meu primeiro dia no trabalho e o Chefe me apresentou às duas outras confeiteiras, Louise e Ana. Eu tenho certeza que foi uma das duas que fez isso, tentaram me sabotar para que eu fosse despedida antes mesmo de ter a chance de começar.

- Isso é bom, muito bom. -Ele sorri e se vira de costas para mim, pegando discretamente um celular que eu nem tinha percebido que estava com ele. Observo enquanto o falso médico digita alguns números e liga para alguém. Nunca senti tanto medo em toda a minha vida. - Vamos levar a menina e o garoto. O outro é inútil, vou me livrar dele. Não, não vai ser um problema. Sim. Precisamos ser rápidos.

- Não, por favor! -Imploro, mas ele já encerrou a ligação e agora está desfazendo o nó no pulso do Jean. Então, antes que ele possa reagir, o louco dá um chute tão forte nele que o faz gritar e o joga para fora do quarto, logo em seguida trancando a porta novamente. Nunca fui boa com leitura labial, mas tenho quase certeza que Jean disse algo sobre estar indo buscar ajuda.

- Vamos para a França, lindinha. -O sequestrador diz, antes de colocar um pano sobre o meu nariz. Tento não inalar o que quer que seja aquilo, mas é tarde demais. Em questão de segundos, entro em um sono profundo.

♡♡♡

Acordo com uma dor de cabeça terrível. Abro os olhos e, com um pouco de dificuldade, consigo ver Benjamin caído na minha frente. Estamos em um lugar muito escuro, mal consigo enxergar.

- Ben. -Sussurro. - Ben. -Tento mais alto. Ele abre os olhos e vejo muita dor neles. Imediatamente, sinto os meus olhos marejarem. - A gente vai sair dessa, tá? Eu prometo que vou dar o meu melhor para tirar a gente daqui.

Ele me dá um sorriso fraco.

- Eu sabia que havia muito mais do que um rosto bonito em você. -Ele murmura e eu sorrio.

Vamos lá, Geneviève... Pensa. Espera, o nó na corda que está segurando o meu braço atrás das costas está frouxo ou é impressão minha? Forço mais uma vez e consigo sentir. Há um espaço mínimo entre a palma da minha mão e o nó da corda. Respiro fundo.

É sério, Deus. Se você nos tirar desse lugar e dessa situação com vida, eu prometo que viro cristã.

Tomo coragem e forço o nó com o máximo de força que consigo. Seguro um grito de dor ao mesmo tempo em que sinto a corda arrebentar.

Eu. Não. Acredito.

A porta se abre e uma luz se acende. Olho para trás e percebo, com alívio, que estou perto da parede. Escondo as palmas das mãos atrás das costas, como estavam antes, e me arrasto rapidamente até senti-las em contato com a parede fria de concreto.

- Minha linda, estou muito desapontado com você. -Diz o louco se aproximando de mim e me deixando com muita vontade de voar em cima dele, mas eu não sou maluca nem cega. Sei que há uma arma escondida no bolso do jaleco dele. É como um forte pressentimento, ainda que eu não consiga ver direito. Seria engraçado se não fosse tão assustador o fato de que ele ainda está vestido assim.

Estamos, ao que parece, em algum tipo de porão com mesas, cadeiras, móveis e utensílios antigos e empoeirados. Volto meus olhos para o louco.

- Por quê? -Decido arriscar.

- A minha chefe não gostou nada da sua tentativa de incriminá-la. -Arregalo os olhos. Então eu estava certa... - Mas ela me deixou um pouco surpreso ao admitir que realmente havia sido ela por trás de tudo. Enfim, você deve estar se perguntando como nós te encontramos.

Na verdade, não.

- Ela conseguiu convencer o tal do Enzo a contar para onde você tinha ido. Com um pouco de ameaças, tiros e muito dinheiro, conseguimos todas as respostas que queríamos rapidamente. Depois foi só seguir você até o hospital.

Seguro a minha vontade de chorar. Se ele perceber que está conseguindo me afetar, as coisas vão piorar. Preciso ficar firme.

- O fato é que, até quando tenta mentir, você é um fracasso. -Ele ri. Do que o sádico está falando? -A chefe ficou muito surpresa quando descobriu isso há alguns dias atrás. -Ele deve ser mais louco do que eu pensava...

- Bom, agora que nós já sabemos de tudo e você também, eu recebi ordens imediatas e chegou a sua hora de morrer. - O quê? Não... Deus, por favor, não...

- O garoto vai ficar e garantir a fama da minha chefe. Já você... Vou te levar para um lugar especial. -Ele sorri maldosamente antes de continuar. - Ela quer te ver sangrar. -Arrepio instantaneamente com suas palavras e tento gritar, mas minha voz não sai.

- Mas antes... Vamos ouvir a confissão do seu amiguinho aqui. -Ele puxa Benjamin com força e o coloca em sua cadeira de rodas - que não sei como está intacta e chegou até aqui -, de frente para mim. Ele está tentando me tranquilizar com o olhar, mas eu não consigo... Não vou conseguir me acalmar.

- Diga a sua amiga, Benjamin. Diga quais foram os sabores que você sentiu quando comeu o cupcake. -O louco o incentiva, encostando a arma em sua testa. Estou suando frio, tremendo e tentando, com todas as minhas forças, não chorar.

- Brigadeiro e iogurte de morango. -Ben diz, sem desviar os olhos dos meus.

Eu nunca esqueci o que havia naquele olhar: medo, raiva, mágoa, tristeza, dor e confusão. Tenho certeza que, naquele momento, ele refletia o meu.

Propósito DivinoOnde histórias criam vida. Descubra agora