Livro um: Propósito Divino (concluído).
Livro dois: - (futura obra).
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"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm." I Coríntios 6:12
Eu poderia estar escrevendo um livro comum, mas aqui est...
"Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite." Salmos 1:2
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Eu estou em pânico. Dividida entre o medo e o pavor. Entre o choque e o horror. Eu não consigo enxergar nada. A queda havia sido horrível e agora eu estou com medo de me mexer e descobrir algum osso quebrado. Não quero ter que amputar mais nada, se possível.
Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto quando eu começo a pensar nas piores possibilidades. Tremores tomam conta de mim. Eu não consigo levantar. O que aconteceu? Por que o elevador parou e ficou tudo escuro de repente? Eu vou morrer? Meu Deus, eu não quero morrer aqui. Começo a entrar em pânico e, de repente, sinto mãos fortes me erguendo.
- Vai ficar tudo bem. -Ouço a voz de Jeremias e, apesar de não poder enxergar nada, eu sei que ele me levantou e me sentou, um lado das minhas costas está apoiado na parede do elevador e o outro nele. Em qualquer outra situação, eu teria empurrado o esquisitão para longe de mim, mas, nesse momento, sinto que preciso de todo apoio possível.
Um ruído me distrai dos meus pensamentos negativos e levo um tempo para perceber que os sons vêm de Jeremias. Ele está murmurando alguma coisa. Estico o pescoço para tentar ouvir melhor (porque, mesmo sentado, ele é bem mais alto do que eu).
-... Cuida de nós, Pai. Por favor, retira todo o medo do coração dela e do meu também. Deus, se for para realmente morrermos aqui, que seja com a certeza de que seremos salvos e fizemos o nosso melhor para nos mantermos próximos de Ti. Obrigado por tudo e, principalmente, por ter colocado a Geneviève na minha vida. É a oração que eu humildemente faço em nome de Jesus, amém.
Só percebo que estou chorando quando sinto os braços de Jeremias me envolverem. Meu primeiro impulso é afastá-lo, mas ele me aperta mais forte. Sinto uma forte irritação crescendo dentro de mim e estou considerando seriamente agredi-lo, quando o ouço falar.
- Eu preciso de algum conforto agora. -Ele sussurra. - Por favor, é só por alguns minutos. -Abro a boca para negar, mas não consigo. Por fim, acabo cedendo. Acho que também preciso de conforto afinal.
Por alguns minutos, escuto Jeremias murmurando algumas palavras contra o meu cabelo. Depois de um tempo, percebo que ele está recitando versículos... Acho que são do livro de Salmos.
Aos poucos, sinto o meu corpo relaxar, esvaziando-se de toda tensão de antes, apesar de todas as circunstâncias e da situação absurda em que nos encontramos.
Um cheiro de lavanda me invade de repente e, contra a minha vontade, eu me pego apreciando isso. Talvez esse mar de conforto e segurança que sinto nesse momento seja apenas reflexo do medo por estar presa aqui. Talvez tudo isso que eu estou sentindo seja apenas algo que vai passar assim que as portas se abrirem. Sim, deve ser isso.
- Não é só você que teve um passado difícil. -Sinto a vibração em seu peito ao mesmo tempo em que ouço sua voz. É uma sensação boa.
Se o objetivo de Jeremias era me deixar curiosa, funcionou. Quero dizer, eu consigo imaginar como deve ter sido difícil crescer em um orfanato, mas é bem diferente de ter passado por isso. E de ouvir de alguém que passou.
