"Seja paciente, espere no Senhor, mostre que verdadeiramente confia nEle e o mais Ele fará, por amor a ti."
Isabelle- Eu sei sobre você e o Stefan. -Ele diz sombriamente, fazendo-me engasgar.
O quê?
Demorei apenas alguns segundos para processar o que ele disse, mas me pareceram mais um século. Seu olhar intenso sobre mim estava me deixando tão nervosa que eu seria capaz de desmaiar novamente.
- Eu sei de tudo. Quando Stefan se converteu, ele se arrependeu do que fez, mas, mesmo tendo se arrependido, ele sofria demais por dentro e o motivo era você. Eu ouvia quando ele conversava com Deus sobre uma tal de Geneviève. -Ele sorri.
Sorrio amargamente. A mesma história de novo.
- É sério, ele queria muito o seu perdão. Ele chorava todos os dias e eu via quando ele acordava de madrugada e orava pedindo esperança para Deus, por uma chance de te ver novamente para receber o seu perdão. Pedindo uma chance para tentar consertar as coisas.
Franzo a testa. Consertar? Isso é impossível.
- Escute, eu sei que não é assim com a maioria dos homens que estupram crianças ou até mesmo mulheres mais velhas. -Engulo em seco. - Eu sei que a maioria deles nunca vai mudar e, pelo contrário, só piorar cada vez mais. -Pois é... - Mas eu vi o quanto o meu irmão mudou e o quanto ele se arrependeu. Ele não é mais o mesmo, quer você acredite ou não e eu acho que ele merece uma segunda chance. Enquanto vivermos, todos nós merecemos uma.
Suspiro. Ele tem razão. Não era esse o motivo pelo qual eu estava aqui? Por uma segunda chance de fazer as coisas direito?
- Olha, eu... Vou tentar, mas não garanto que vou conseguir ser amiga de alguém que durante tanto tempo eu odiei. Alguém que arruinou grande parte da minha vida. Alguém que eu sempre pensei que não merece o meu perdão. Alguém com quem, em quase todas as noites, eu tive pesadelos que me fizeram acordar gritando, chorando e suando por anos. Então, vai ser bem difícil.
- Eu sei. -Ele diz e me dá um sorriso triste. - Nada nessa vida é fácil, Geneviève. -Ele pronuncia meu nome com tanta ternura que algo se quebra dentro de mim. Não, não... Eu não posso chorar na frente dele. - Mas a gente sempre pode tentar dar o nosso melhor.
- Mas por que você veio aqui me dizer tudo isso? -Não consigo conter minha curiosidade.
- Porque eu me importo com você. Porque ver meu irmão sofrendo também me fez sofrer. Porque eu senti a dor dele, o desespero e o medo dele. Eu estive com ele durante todo esse tempo, mas... Quem esteve com você?
Não... Eu não posso continuar com isso.
- Ben... Olha, eu não quero mais falar disso. Por favor, vá embora e me deixe ficar sozinha.
Vejo quando a expressão dele muda e sou tomada por uma profunda tristeza novamente. Ele me magoou mais do que poderia imaginar, me fez relembrar de coisas que eu enterrei profundamente dentro de mim e agora eu só queria chorar. Eu não estava bem e não sabia quando voltaria a estar.
Levo um susto quando sinto braços me envolverem. Benjamin estava me abraçando? Como ele... Viro-me e, horrorizada, vejo-o sentado na cama com um olhar sereno, atrás de mim.
- Como você fez isso? Você poderia ter caído da cadeira, se machucado ou coisa pior e...
- Shhh. -Ele diz me silenciando. -Fique quieta e me deixe cuidar de você um pouco.
Suspiro travando uma batalha interna comigo mesma até, por fim, ceder. Recosto-me no peito dele e sinto seus braços me envolverem novamente. Fecho os olhos. Sinto um perfume muito bom que, por um momento, penso que se assemelha ao aroma da jasmim. Espera, como eu sei disso?
Não demora muito e eu adormeço, ao som do leve murmurar do vento batendo na janela.
♡♡♡
Acordo me sentindo estranhamente feliz, sem fazer a menor ideia do por quê disso. Logo me recordo.
Minha nossa... O que eu estava pensando?! Eu não posso me apegar a alguém que pode morrer a qualquer momento! Suspiro exasperada.
Levanto-me e abro o pequeno guarda-roupa próximo à janela. Está cheio de cabides, mas aparentemente sem nenhuma roupa neles. Abro a mala e começo a tirar algumas das minhas roupas, colocando nos cabides.
- O que você está fazendo?
Dou um grito. Não me julgue, eu me assusto fácil. Olho para trás e vejo Benjamin me observando com uma cara de assustado, o que me faz rir.
- Oi, Ben. Eu posso te chamar assim, não é? Bom, não me assuste assim de novo, a não ser que queira ouvir mais gritos.
- Oi. Pode. Ok. -Ele diz estreitando os olhos. - Por que está guardando suas roupas aqui?
- Ah, é que... Eu vou ficar aqui por um tempo para ajudar sua mãe.
- Ajudar? Minha mãe? -Ele repete incrédulo. Assinto. - Por quanto tempo?
- Um mês. -Digo, enquanto coloco um vestido longo no cabide. Hoje em dia eu não uso calça. Não me perguntem o porquê, eu só não gosto. Antigamente eu usava, mas agora só tenho vestidos e saias. Até que a França me mudou mesmo.
- Um mês? Isso está muito errado, vou ter uma conversa séria com a minha mãe.
- Errado? Assim como você aqui ontem? -Digo sorrindo.
- Touché. -Diz uma terceira voz, estranhamente familiar.
- Jean? -Digo ao mesmo tempo em que me viro e o vejo, em carne e osso, ao lado do Ben. - O que... Você está fazendo aqui?
- Espera. Vocês... Se conhecem? -Benjamin questiona confuso, olhando de mim para ele.
- Então você não contou para ele, Vívian? Você me decepciona tanto. -Diz Jean com um sorriso travesso nos lábios.
- Não ouse. -Ameaço assustada e ao mesmo tempo irritada por ter gostado do apelido.
- Mas eu nem comecei. -Ele diz erguendo as sobrancelhas em falsa confusão.
- MAS O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? -Benjamin grita, fazendo-me levar as duas mãos aos ouvidos e fechar os olhos. Nossa, eu não sabia que a voz dele era tão potente assim.
- Ben? Filho...? O que vocês dois fizeram? -Diz a mãe dele em pânico ao mesmo tempo em que meus olhos se abrem e me deparo com um Benjamin desmaiado.
- Não... -É a voz apertada do meu coração.
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Propósito Divino
SpiritüelLivro um: Propósito Divino (concluído). Livro dois: - (futura obra). ♡♡♡ "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm." I Coríntios 6:12 Eu poderia estar escrevendo um livro comum, mas aqui est...