"Às vezes, demora um pouco para percebermos, mas, quando confiamos em Deus e fazemos sua vontade... Somos mais que vencedores."
IsabelleAlgumas horas depois do incidente, eu estou novamente perdida em meus pensamentos, que estão voltados para o versículo da segunda epístola de Paulo a Timóteo... Sim, aquele sobre as paixões da mocidade. Essa passagem tem me incomodado desde o dia em que saiu da boca de Jeremias pela primeira vez.
- Benjamin tentou me matar. -Testo o som das palavras. Elas saem lentas e dolorosas dos meus lábios ressecados.
Por que ele faria isso? Quero dizer, o que ele ganharia fazendo algo assim? É possível que ele realmente soubesse que aquele elevador estava em manutenção? Se sim...
Meu coração se aperta e eu sinto uma súbita vontade de chorar. Recordo, momentaneamente, do dia do julgamento em que Benjamin testemunhou a meu favor no tribunal. Do seu doloroso olhar ao contar sobre a tortura que sofreu e as coisas que suportou por minha causa. Ele podia ter me odiado naquela época, ele tinha todo o direito, mas não fez isso. Então... Por que agora?!
E quanto ao que eu sinto... O que Jeremias disse... As palavras do versículo... Poderia ser algo diferente de amor? E, se assim for... É algo que eu consigo superar apenas se desejar?
Lágrimas escorrem silenciosamente pelo meu rosto quando outra lembrança me ocorre. Nela, Benjamin e Sophia estão de mãos dadas em um elevador. Eles sorriem de forma apaixonada um para o outro e...
- Geneviève! -A voz de Juliana me desperta dos meus devaneios. Limpo as lágrimas rapidamente e pigarreio algumas vezes, limpando a garganta.
- Sim? -Grito de volta.
- O almoço está pronto!
Suspiro ao mesmo tempo em que puxo, com cuidado, a cadeira de rodas para perto da cama. Inclino o corpo para a frente e, em um impulso, caio sentada na cadeira. Minhas costas gritam de dor, mas ignoro. Abro a porta do quarto e movo o joystick para a direita, em direção à cozinha. O cheiro de carne assada instantaneamente me envolve e eu fecho os olhos, absorvendo a sensação. Agradeço a Deus pela maravilhosa mãe que Ele me deu. As habilidades dela na cozinha são fenomenais. Ah! Um banquete na França não chega nem aos pés dessa comidinha caseira.
Juliana sorri e pisca para mim, como se lesse meus pensamentos. Tento retribuir o sorriso, mas acabo fazendo algo mais perto de uma careta.
- Precisa ir ao banheiro? -Mamãe questiona preocupada. Assinto. É incrível como, em poucos dias, ela já aprendeu a ler e interpretar quase todas as minhas expressões. A verdade é que ainda não me acostumei a depender de alguém para fazer as minhas necessidades mais básicas, mas tem sido assim desde o que aconteceu.
Sempre que preciso ir ao banheiro, minha mãe vai junto comigo e me segura para que eu não caia dentro do vaso... Ou fora dele. No início, eu tinha muita vergonha e ficava tão incomodada que chorava, mas, com o tempo, acabei me acostumando. Afinal, não há nada que eu possa fazer. Nós não temos dinheiro no momento para poder encomendar um vaso especial ou algo do tipo. Fico confortável quando penso que, ao menos, tenho uma mãe que pode fazer isso por mim.
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Propósito Divino
EspiritualLivro um: Propósito Divino (concluído). Livro dois: - (futura obra). ♡♡♡ "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm." I Coríntios 6:12 Eu poderia estar escrevendo um livro comum, mas aqui est...