Hunted

Hunted - Capítulo 26

Eu não tinha a certeza de como me sentir na sala de espera, inclinei-me contra o peito do Niall quando nos sentámos para esperar por notícias, sem saber se seria uma boa notícia ou uma má notícia. James adormeceu no colo do Nathaniel e o Harry andava de um lado para o outro, obviamente, preocupado com o seu amigo, mas na mesma situação do que eu, sem saber se ele ia ou não sobreviver. Não havia muito para qualquer um de nós dizer um ao outro, acho que o Niall tinha, praticamente, resumiu tudo o que estava acontecendo na minha cabeça e no meu coração com o que me disse na cabana.

Nathaniel estava com raiva de mim; conseguia perceber isso pela maneira de como ele estava calado sobre tudo isto. Sempre que discordávamos sobre coisas, quando éramos mais novos, tínhamos apenas que manter um silêncio teimoso entre nós até ficar tudo bem, e ele estava a fazer isso agora enquanto observava o seu sobrinho a dormir. Ele não percebia o porquê de eu não deixar que o Niall ou o Harry matassem o Liam quando a oportunidade estava mesmo à frente dos nossos olhos; ele não o conhecia como eu conheci. Nathaniel tinha-se esquecido que foi o Liam quem me resgatou do nosso pai, com a sua própria maneira estranha e possessiva, e foi ele quem me levou, inevitavelmente, até ao Niall, a pessoa que estava destinada a cuidar de mim para o resto da minha vida. Eu devia tanto ao Liam, mais do que alguém pode imaginar e eu devia-lhe um adeus sincero. Eu vi-o como uma pessoa carinhosa, uma pessoa completamente separada do monstro que tinha raptado o James e se envolveu numa parceria mortal com o Simmons – mas eu sabia que ele ainda estava lá em algum lugar e eu queria encontrá-lo.

Sentei-me quando vi o médico a entrar pela porta, seguido de perto pelo Zayn que ainda estava a passar pelo seu estágio no hospital. Ele havia sido incluído neste caso por causa da sua experiência com os Hostis, o facto de ele ter ajudado o seu pai nos laboratórios, e era reconfortante ver um rosto familiar amigável quando tudo estava tão inseguro. O médico colocou-se à nossa frente, juntamente o Zayn, e soltou um longo suspiro, balançando a cabeça lentamente.

“Sinto muito, gostaria de vos dar uma notícia melhor do que esta, mas tenho receio que a condição em que o Sr. Payne se encontra seja demasiado má para que o consigamos operar; ele perdeu uma quantidade fatal de sangue. Damos-lhe no máximo mais uma hora de vida… Temos-lhe dado todos os analgésicos para as dores mas não vamos ser capazes de o salvar. Ele está estável o suficiente para o poderem ir ver; ele está consciente e está a chamar pela Blair.”

Senti o Niall a apertar suavemente o meu braço. Olhei para o Nathaniel e ele ainda estava, teimosamente, a olhar para o James, ignorando completamente todas as pessoas que estavam na sala.

“Vai querida, fala com ele. Eu espero aqui por ti, demora o tempo que precisares. Vai e diz-lhe tudo o que precisas.” Niall disse-me, plantando um beijo na minha bochecha.

“Niall…” Eu olhei para ele, perguntando-me como é que ele podia ser perfeito o suficiente para suportar isto.

“Vai. Ele não tem muito tempo; eu estarei aqui.”

“Amo-te. Eu prometo que não sinto nada assim tão poderoso por ele, eu apenas—”

“Eu sei, amor. É por isso que eu te estou a dizer para ires lá e resolvam as coisas antes que ele parta. Eu sei que tu não sentes isso por ele mas sei que te vais arrepender se não o fizeres.”

“És incrível.” Eu disse e beijei-lhe os lábios, antes de seguir o Zayn e o médico para fora da sala de espera.

Eu estava com medo de ir lá. Eu conseguia vê-lo através da porta de vidro; ligaduras e fios por todo o lado. Eu não queria descobrir que a injeção da cura não funcionou porque, se assim fosse, eu nunca teria a hipótese de dizer adeus ao Liam verdadeiro. Eu não me conseguia importar com a versão hostil dele, eu odiava essa versão – eu não queria estar perto dele. Mas se tivesse funcionado, e eu esperava que tivesse funcionado, então esta seria a minha última oportunidade de ver o velho Liam. Respirei fundo antes de abrir a porta do quarto e ele abriu os olhos ao ouvir o sim.