Depois que o João contou a treta dele com o Carlos, eu fiquei ainda sem entender o que diabos eles queriam de mim. Não passava nem pela minha cabeça onde diabos o Carlos poderia ter se metido, então o que eu podia fazer por eles?
- Olha, hilária a história que você contou, João, me diverti à beça, mas, sinceramente, eu tô boiando ainda em relação ao que vocês querem que eu faça... Querem que eu vá atrás do Carlos? Eu não sei onde ele está...
- Te vira, você vai procurar... - quem disse isso foi o João. O padrinho estava atendendo uma ligação em seu celular, até que ele deu uma gargalhada - horrível, a pior que já ouvi na vida, parecia mais um guinchado do que uma risada - e desligou o telefone.
- Não é mais preciso procurar o vagabundo, já sei onde ele está - disse ele, enquanto guardava o celular no bolso do paletó.
- Onde ele está? - perguntou o João, com ódio nos olhos e na voz.
- No inferno, de onde ele nunca deveria saído... - respondeu o padrinho tranquilamente.
- Como assim no inferno? - perguntei, mas já adivinhando a resposta.
- Mataram, com certeza! - comemorou o João.
- Como acharam ele? Quem matou? - perguntei atônito.
- Isso não interessa a você. A única pergunta que você deve fazer é "onde acharam ele?", porque é pra lá que você vai, para buscar a mochila que ele roubou.
- Eu mesmo não! Manda o João, quem fez a merda foi ele, ele que vá buscar!
Marrapaz, era só que estava me faltando mesmo, virar "limpa-cu" do João...
- Embora eu concorde com você nesse ponto, devo dizer que o João já teve o seu castigo pela sua negligência. E outra: chegará outro carregamento nos próximos dias, então ele e os demais estarão ocupados, de modo que você irá buscar essa mochila. E dê graças a Deus que o moleque já está morto, porque, se não estivesse, esse serviço seria seu. Agora vá, que eu ainda tenho algo para tratar com o João. O Machado está lhe esperando lá fora para lhe explicar o que deverá fazer.
- Eu não vou...
- Como assim? - perguntou o homem, já se levantando da cadeira. Eu também me levantei e fui andando para trás.
- Ele vai sim, padrinho... - disse o João, nervosamente - Você vai! - disse, olhando para mim, com rispidez na voz, mas com um olhar de súplica. Provavelmente, ele estaria mais encrencado ainda com o padrinho se eu me recusasse a ir, porque, pelo que eu entendi, o padrinho havia lhe perguntado se ele tinha alguém de confiança, e ele havia me indicado, então... Como assim eu estava me recusando a ir?
- Eu... eu não vou! Já disse: não tenho nada a ver com isso! Faz tempo que não trabalho para o João, não devo nada a vocês! - disse alto, já encostado na porta uma hora dessas, procurando a maçaneta, mas não precisei girá-la, porque a porta foi aberta de supetão por um homem que mais parecia um armário do que um ser humano.
- Algum problema, chefe? - perguntou o armário - O rapazinho não está aceitando o trabalho? Se quiser, eu o convenço para o senhor. Faz mais de uma semana que eu não espanco ninguém...
Não preciso nem dizer que meus olhos se esbugalharam na mesma hora, né?
- Obrigado, Machado. Mas, eu não quero que você o espanque, não...
Graças a Deus!
- Eu mesmo vou matá-lo - disse engatilhando uma pistola, que ele tirou sabe-se lá de onde - Desde que fiquei doente, se tem algo que eu estou valorizando são os prazeres que a vida oferece...
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E agora?
Novela JuvenilFernanda está na expectativa de ter uma vida nova ao começar o 3º ano do Ensino Médio, motivada por uma recém decepção amorosa com um rapaz que conheceu nas férias. Só que ela nem imagina o que está por vir... E se ela soubesse que o rapaz inventou...